Evidências Da Veracidade Do Livro De Mórmon

~ segunda-feira, 8 de março de 2010
por Daniel C. Peterson
Traduzido por Expedito J. Noronha




Gostaria de falar-lhes hoje a respeito das evidências da veracidade do Livro de Mórmon. Creio que a primeira evidência da veracidade do Livro de Mórmon sempre será o testemunho espiritual que as pessoas recebem quando oram sinceramente e com fé a respeito do Livro. Mas há outras coisas que podem ser ditas a respeito dele, e eu gostaria de falar sobre evidências recentes e interessantes desenvolvimentos feitos por estudiosos do Livro de Mórmon. O Livro de Mórmon me parece também, uma das provas principais do chamado profético de Joseph Smith. Há uma grande quantidade de estudos do Livro de Mórmon que está ocorrendo agora mesmo que acredito, são de interesse, ou devia ser de interesse, para os membros e investigadores da Igreja.




Algo que precisa ser dito a respeito do Livro de Mórmon de início está no fato de, desde o princípio de sua existência, o livro é uma coisa assombrosa. A rapidez espantosa com a qual ele foi produzido é em si um milagre. Muitos provavelmente sabem que ele foi produzido em pouco mais de dois meses. Ora, isto talvez não seja tão impressionante para algumas pessoas quanto realidade é. Há alguns anos fui convidado a preparar um livro para uma companhia que desejava um livro sobre o Oriente Próximo. Queriam-no muito rápido, de fato queriam-no mesmo rápido demais. Perguntei-lhes de quanto tempo eu dispunha para escrever o livro caso eu aceitasse a oferta. Eles responderam: "algo em torno de dois meses e pouco". Bem, aceitei a oferta. Uma das razões que me levaram a aceitar foi porque eu queria ver se na verdade seria capaz de fazê-lo. Bem, consegui. Escrevi um livro com cerca de 140.000 palavras em pouco mais de dois meses. Fiquei muito satisfeito comigo mesmo e outras pessoas comentaram que eu escrevi muito rápido.



Em seguida comecei a pensar naquilo. O Livro de Mórmon contém cerca de 250.000 palavras, e foi produzido praticamente no mesmo tempo. Mas lembrem-se, ele foi ditado sem qualquer revisão. Eu dispunha de um processador de palavras e um sofisticado computador que podia transferir as coisas a meu bel prazer. E eu vinha usando-o por um bom tempo, uma vez que este assunto em particular, estudos sobre o Oriente Próximo, é minha especialidade. Joseph Smith ditou o Livro de Mormon, jamais fez sérias modificações, e produziu um livro muito mais longo e, eu diria, muito mais impressionante do que o meu, quase no mesmo período de tempo. Algumas pessoas talvez digam: "Óh, sim, sua imaginação simplesmente transbordou." Desafio-os a produzir um livro como aquele. A pura existência do Livro de Mormon, produzido sob as circunstâncias em que foi é algo notável - principalmente se considerado o fato de que os homens envolvidos não possuíam educação formal. Joseph Smith era apenas alfabetizado. Estava quase sempre doente e pouco à vontade com relação à sua habilidade em escrever. Preferia sempre ditar a um escrevente porque se sentia embaraçado. Alguns de seus escritos estão preservados, e é evidente que ele não era uma pessoa com muito conhecimento escolar. Sua esposa, Emma, que o conhecia extremamente bem, disse estar muito além de sua capacidade escrever o Livro de Mórmon. E entretanto, o livro existe, e aí se encontra um primeiro desafio ao mundo, o de como explicar esse livro. Uma coisa é falar irresponsavelmente do livro como tendo sido inventado por Joseph Smith. Outra é compreender como isso pode ter acontecido.



Bem, não se trata apenas da velocidade com que o livro foi produzido que creio impressionar, mas também da racionalidade do livro como história. Gastei muito de meu tempo lendo história antiga e medieval escrita por autores antigos e medievais, e este livro é racionalmente história. O povo nele descrito se comporta como povos históricos se comportavam. As sociedades e civilizações no Livro de Mórmon se comportam da mesma maneira que as sociedades e civilizações antigas se comportavam. Isso é impressionante. É algo que acredito estava além da capacidade de alguém como Joseph Smith produzir. Tentarei fornecer-lhes alguns exemplos à medida que continuarmos.



Eu também diria que os detalhes do Livro de Mórmon, sua complexidade, também são impressionantes. John Sorenson publicou o que eu considero um livro clássico há alguns anos chamado Um Antigo Cenário Americano para o Livro de Mórmon (An Ancient American Setting for the Book of Mormon) no qual ele faz correlações plausíveis para o Livro com características e localização na Mesoamérica. Isso também, penso, é impressionante, e estou admirado pelas muitas correlações que ele apresenta. Vou além disso e afirmo que o primeiro e principal fato que impressiona a esse respeito é o de que uma geografia plausível e coerente pode ser deduzida do livro que foi produzido tão rapidamente - tão plausível e coerente que uma pequenina cidade mencionada em certa parte do Livro de Mórmon produziria mais tarde duzentas páginas sobre o mesmo lugar. Ora, isso está além da capacidade de meus estudantes realizar. Está além de minha capacidade produzir em dois meses sem que tenha bastante ajuda e assistência de aparelhos eletrônicos e assim por diante.



O único livro que me vem à mente que até possa assemelhar-se a isso, de alguma forma , (algumas pessoas têm-no notado), é algo como o Senhor dos Anéis (Lord of the Rings) de J. R. R. Tolkiens1. É preciso não esquecer que o Senhor dos Anéis foi escrito dentro de um período de cerca de 30 anos por um homem com doutorado e que ensinou nas Universidades de Cambridge e Oxford. É completamente diferente de um livro produzido em apenas dois meses. Assim, a simples existência do livro é algo assombroso. Não foi algo que poderia ser produzido por um rapaz de uma fazenda do interior do estado de Nova York em 1930 ou simplesmente uma criação de sua mente. Há mais coisas que mencionarei a seguir.



Os testemunhos do Livro de Mórmon têm sido sempre extremamente impressionantes para mim. Algumas pessoas parecem lidar com eles simplesmente deixando-os de lado. Assim não deve ser. O trabalho de Richard Anderson a respeito das três e das oito testemunhas demonstra conclusivamente tratar-se de pessoas sinceras, competentes e honradas que acreditavam realmente terem visto aquilo que clamavam terem visto. Mais recentemente, Lindon Cook publicou uma coleção de entrevistas com David Whitmer, que era o último sobrevivente das três testemunhas. Há cerca de noventa entrevistas e o que é mais impressionante a esse respeito é a grande monotonia das entrevistas, a monotonia da história que eles contam - por tratar-se da mesma história sempre e sempre. David Whitmer, você lembrará, deixou a Igreja e nunca mais retornou, e as vezes sentia alguma hostilidade sobre a Igreja e alguma insatisfação com a direção que ela tomou, mas é irrelevante; essas são apenas opiniões suas. Onde ele é importante é como testemunha. Foi-lhe dado muitas oportunidades para negar o seu testemunho e dizer, " Bem, eu devo estar errado" ou " Joseph Smith enganou-me " ou algo parecido. Ele nunca aproveitou a oportunidade para agir assim. Ele se manteve sempre firme em seu testemunho. De fato ele fez mais do que simplesmente mantê-lo - ele insistiu nele. Ele teve seu testemunho do Livro de Mórmon gravado em sua sepultura - isso, eu creio, é extraordinário.

Parece-me que é muito, muito difícil para os críticos rejeitarem o testemunho de uma testemunha do Livro de Mormon. Lembro-me de algo que B. H. Roberts disse, e que acredito ser verdadeiro. Ele disse que, tomadas em conjunto as declarações das três e das oito testemunhas, são excepcionalmente fortes. Por quê? Porque você poderia dizer que três testemunhas com sua história de um visitante angélico e de um acontecimento sobrenatural, estavam alucinadas. Eu não creio que você diria isso , mas se alguém quiser fazê-lo, essa é uma possibilidade a que podem chegar. Por outro lado, você tem as oito testemunhas que não tiveram nenhuma manifestação sobrenatural. Eles estavam num bosque , numa pequena clareira entre as árvores, numa tarde. E viram as placas verdadeiramente. Aqui você tem duas experiências diferentes que reforçam uma à outra. Você poderia dizer no caso de uma delas, "Bem, há uma espécie de charlatanismo ou fraude acontecendo ali, Joseph Smith ou alguém colocou as placas no lugar em que elas se encontravam naquela clareira". Isso explicaria as oito testemunhas embora eu não veja como. Onde poderia um pobre rapaz como Joseph Smith conseguir sessenta para oitenta libras de ouro para tal propósito? Mas, visto pelo lado dos elementos miraculosos das três testemunhas você tem dois diferentes relatos que reforçam um ao outro porque são tão diferentes. Isso é extraordinário e poderoso.



Desejo falar agora sobre algo mais que foi descoberto mais recentemente. Quero falar da exatidão de coisas no Livro de Mórmon que Joseph Smith não poderia conhecer ou que é muito improvável que ele tenha tido conhecimento. Lembrem-se de tratar-se de um homem (ou um rapaz, na realidade) com pouca educação formal, que viveu não em um grande centro de cultura, mas em Palmyra, Nova York. A maior parte da tradução foi feita em Harmony, na Pennsylvania, que era um lugar tão insignificante de certa forma, que deixou de existir. Não havia grandes bibliotecas lá, nenhuma pessoa sofisticada a quem pudesse pedir conselho. E entretanto ele voltou com um livro, produzido de uma maneira que ele classificou de miraculosa. E ele acertou o alvo. Ele descreve o mundo antigo de uma forma que ele não poderia conhecer, que ninguém conhecia naquele tempo. Nem mesmo a pessoa mais letrada nos primórdios do século dezenove poderia ter tido conhecimento. Ele acertou um alvo que provavelmente nem tivesse idéia de estar mirando.



Uma das coisas que Hugh Nibley falou em seu livro Since Cumorah foi sobre as atividades vulcânicas e dos terremotos descritos em 3 Néfi que é tão detalhado e preciso em tantas maneiras que eu penso que há de se concluir que foi escrito por uma testemunha ocular, ou por alguém que teve acesso a relatos de uma testemunha ocular. Joseph Smith não teve tal acesso. Joseph Smith jamais viu um terremoto ou um vulcão, tanto quanto sabemos.



Há mais coisas a serem consideradas. Muitos de vocês provavelmente têm conhecimento sobre quiasmos, que foram descobertos no Livro de Mórmon por Jack Welch. Acredito que exemplos clássicos incluem a discussão de Alma 41 do termo restauração , ou em Alma 36 com o quiasmo Cristo centralizado enfocando na experiência de Alma no fundo do desespero quando ele se lembrou do nome de Cristo e voltou-se para Cristo e foi redimido. Estes são exemplos expetaculares na escrita arcaica. São exemplos espetaculares da estrutura de quiasmos dos quais Joseph Smith nada sabia, na realidade ninguém conhecia nada a respeito disto naqueles dias. Eles foram descobertos em escritos antigos neste século. Conheço uma pessoa na UCLA, um famoso doutor da Europa Oriental em língua semítica, que leu um livro que Jack Welch colecionou chamado Quiasmos na Antigüidade. Ele falava a esse respeito com seus alunos - ele não sabia que houvesse qualquer SUD na classe - e numa voz inquisidora, disse: "Bem, este é um livro muito interessante. Este capítulo sobre o Livro de Mórmon é notável. Eu não sei o que fazer com ele ." Essa, creio, tem sido a resposta de críticos por muito ,muito tempo. Eles não sabem o que fazer com o livro e isso é algo admirável.



Há mais do que pode ser dito. Meu bom amigo Willian Hamblin nestes últimos meses escreveu um artigo (e continua pesquisando) sobre as placas de metal. Quando Joseph Smith primeiro anunciou que havia encontrado placas de metal, é interessante observar que muita gente em sua vizinhança acreditou nele. Mas os primeiros críticos disseram: " Isso é ridículo, escrita em placas de ouro? Que absurdo . " Agora o argumento parece mover-se em direção diversa. O povo está dizendo que com tanta evidência em placas de ouro na antigüidade , então isso deve ser algo que Joseph Smith apanhou em seu ambiente. O que antes parecia um absurdo e usado contra Joseph Smith agora é visto apenas como algo comum que todo mundo conhecia, e assim isso também é usado contra Joseph Smith. Mas isso não funciona também. Acontece que, como William Hamblin indica, a idéia de placas de ouro parece ser peculiar do território da Síria e Palestina quase que ao mesmo tempo em que Leí e sua família deixaram Jerusalém. Daquela área foi espalhada para outras áreas por exemplo, na Grécia. Isso novamente é extraordinário porque Joseph Smith produziu um livro que reflete de modo específico, formas detalhadas de coisas que nós somente agora estamos tomando conhecimento a respeito do antigo Oriente Próximo, área de onde supõe-se o Livro de Mórmon tenha vindo.



Há mais que pode ser dito. Uma área na qual tenho trabalhado é a respeito dos ladrões de Gadianton. Eles são alguns dos meus povos favoritos no Livro de Mórmon, o que é bastante engraçado, que aprontaram bastante tanto para a história dos nefitas quanto lamanitas. Um de meus hobbies nada recomendável quando jovem na escola secundária, é o de que sempre estive muito interessado nos conflitos de guerrilha. Não sei porque. O fato é que comecei a ler bastante a esse respeito. Os principais teóricos dos movimentos guerrilheiros , foram os Marxistas: Mao Tse-tung na China, Vao Neuin Giap no Vietnã do Norte, Che Guevara em Cuba, que foi associado de Fidel Castro. Certamente não endosso sua visão política, mas no tocante aos conflitos guerrilheiros eles foram autoridades, porque eles a haviam praticado com sucesso e depois escreveram a respeito dela. E assim, gastei bastante tempo lendo seus livros sobre teoria de guerrilha, por nenhum propósito particular. Anos mais tarde ocorreu-me, embora eu estivesse ensinando uma classe de Doutrina do Evangelho em um ramo de Jerusalém, Israel, e estávamos lendo Helaman e 3 Nefi. De repente compreendi que o que eu estava vendo nos ladrões de Gadianton era um exemplo do livro de texto de sucessos e fracassos de acordo com as regras estabelecidas por Giap, Guevara e Mao Tse-tung.



Permita-me falar-lhe algo sobre essas regras. Particularmente se você olhar no final do Livro de Helamã e no princípio de 3 Néfi voce verá claramente as muitas espécies de coisas a respeito das quais os teóricos falavam. Quando os ladrões de Gadianton iniciaram suas façanhas, na verdade eles começavam como um grupo terrorista urbano , envolvido em assassinatos, mas eventualmente tinham que se esconder nas montanhas e isto é típico dos grupos guerrilheiros de nosso século. E eles falam a respeito de como as cidades são os melhores lugares pra se trabalhar, onde você pode se esconder no meio das massas urbanas. E se não funcionar - como não funcionou para os ladrões de Gadianton - eles então fogem para territórios não acessíveis, quase sempre as montanhas. Assim foi, como em todos os três casos (na China, Vietnâ e em Cuba), as montanhas para onde os guerrilheiros fugiram. Então eles faziam ataques relâmpagos para atacar aos assentamentos civilizados. Mas escolhiam apenas os momentos em que poderiam vencer. Eles podem fazer um ataque repentino, causar algum dano, em seguida se retirar. Isso naturalmente, irritava tremendamente as autoridades. Estas então mandavam tropas às montanhas em perseguição aos guerrilheiros, mas as montanhas são o território nativo dos guerrilheiros. Os guerrilheiros escolhem então os lugares em que lutar . E lá fazem emboscada às tropas regulares que vêm a eles. E eles causam-lhes imensa baixa.



Está registrado no Livro de Mórmon que os comandantes voltavam e relatavam um número esmagador de ladrões de Gadianton. Bem, isto provavelmente não é verdade; a verdadeira razão porque estavam se escondendo nas montanhas é porque não tinham um número esmagador de ladrões. Mas eles queriam parecer um número estrondoso, mais ou menos como nossos próprios ancestrais SUD se comportaram durante a guerra de Utah quando eles tentavam retardar o avanço das colunas federais. Eles se escondiam nas montanhas e se disfarçavam para dar a impressão de que eram muito mais pessoas do que realmente eram, de modo a dar às tropas federais algo em que pensar. Isto é uma prática de se ganhar respeito.



Ora, felizmente, os Santos dos Últimos Dias não estavam na verdade atirando em ninguém; eles apenas tentavam retardar as coisas para negociação. Os Gadiantons não eram tão bonzinhos. Eles causavam grandes baixas nas tropas Nefitas. Eventualmente esse objetivo acontece quando as tropas guerrilheiras necessitam de ganhar território por esse meio, e esse é o real tempo sensível em uma luta guerrilheira. Mao Tse-tung chamava isso de realização transformando tropas guerrilheiras em um exército regular, aquele que se apossa de territórios. Guerrilhas não tomam posse de território- eles atacam e depois fogem. O objetivo não é sofrer qualquer baixa mas mantê-la em um número insignificante .Eles querem molestar e desmoralizar, mas não apossar-se do território por enquanto. Quando se sentem fortes o suficiente, então eles decidem ocupar as cidades para apossarem-se do território e dominá-lo. Mas isso, naturalmente, os expõe a um ataque direto. Isso significa que eles não podem dar o toque de recolher e recuar; eles não podem fazer manobras livremente. Eis um problema agora identificado como "premature regularization, " o que acontece quando um comandante rapidamente descobre que ele está pronto para se posicionar diante de um exército regular. Ele faz a transição muito rapidamente. Isso pode ser desastroso e foi o que aconteceu no caso de Gadianton.



A certa altura (você pode ler isso no Livro de Mormon em 3 Nefi), os ladrões de Gadianton descem das montanhas; eles emitem um ultimato aos líderes dos Nefitas e dizem que se rendam, mas os Nefitas não se rendem . O que fazem, sobre a liderança do governador chamado Lachoneus é recuar para suas cidades. Eles declaram um espécie de política de terra queimada. Eles destróem ou carregam todos os suprimentos das áreas de agricultura e estocam nas suas cidades fortificadas.



Isto na verdade reverte a situação, algo que os guerrilheiros não deviam permitir cair-se em tal armadilha . O que acontece agora é que os Nefitas estão em suas fortificações. E são os guerrilheiros, os ladrões de Gadianton nesse caso, que estão expostos no campo de batalha, e não podem conseguir alimento, e a safra foi destruída. Assim eles são forçados, quando nada é favorável a eles, atacar os Nefitas para ver se conseguem alimento ou são forçados a dispersarem-se e procurar alguma caça. Mas cada vez que eles se afastam ou dispersam, os Nefitas fazem rápidas incursões fora das fortalezas do lado de fora da cidade e os atacavam. Os Nefitas agora podiam escolher o momento de atacar. O que eles fizeram foi reverter a situação de modo que os Nefitas se tornaram de fato guerrilheiros enquanto que os ladrões de Gadianton tentam manter o território. Esta situação é um desastre para os ladrões de Gadianton, e eles perdem.



E tudo isto se comporta (tentei mostrar isso detalhadamente num artigo publicado) como um livro de texto ilustrativo. Você não consegue pegar melhor ilustração das virtudes , se você quiser, e o problema de uma tropa guerrilheira- os erros que eles podem cometer e os sucessos que podem conseguir.



Tudo isso escrito por um jovem, supostamente, como os críticos diriam, que nada sabia sobre lutas guerrilheiras e cuja idéia da atividade militar era ,pelo menos mais tarde em sua vida, montar num cavalo preto Charley e sair em parada em um excelente uniforme, romantizando as guerras da história americana: a Guerra Revolucionária, a Guerra de 1912. Isso teria sido típico do período. Creio que muita gente teve essa mesma atitude. O que é extraordinário no Livro de Mórmon é quão absolutamente inexistentes são aquelas atitudes. Do contexto relativo aos ladrões de Gadianton ou mesmo das guerras Nefitas que acontecem no Livro de Mórmon e são registrados lá, não há nenhum uniforme fantasioso, não há paradas, hão há revista de tropas , ou qualquer coisa desse tipo. É uma atmosfera muito diferente. E lutas guerrilheiras, particularmente, não são nada românticas. Isso é algo que Mao e outros contra o que tinham de se defender. Algumas pessoas lutando em suas forças estavam um pouco desapontadas com essa idéia de atacar e correr; isso não era heróico, não era romântico. Mas era extremamente efetivo, e era efetivo também para os ladrões de Gadianton tanto quanto eles obedecessem regras que eles criaram pela primeira vez na realidade nesse século - mas regras que agora conhecemos são encontradas de volta no mundo antigo. Assim me parece extraordinário quão estrangeiro os acontecimentos do Livro de Mórmon seriam daquilo que esperaríamos se Joseph Smith tivesse escrito o livro . É um mundo bem diferente.



Existem outras coisas que Joseph Smith não poderia saber. Uma das coisas mais impressionantes que eu primeiramente me recordo de haver encontrado sobre o Livro de Mórmon aconteceu alguns anos atras, novamente quando eu estava vivendo em Jerusalém. Dei com um documento não publicado na parte em que John Tvedtnes (que agora está vivendo em Salt Lake City, mas que naquela época vivia em Jerusalém) no qual ele identifica uma celebração da festa dos tabernáculos acontecendo numa espécie de pano de fundo do discurso do rei Benjamim no livro de Mosias . Ora, tendo lido aquilo, nunca mais fui capaz de lê-lo novamente sem ver ali a festa dos tabernáculos. É absolutamente claro quando você reconhece isso. Mas até então ninguém tinha reconhecido, tanto quanto me consta. Essa é uma das coisas que Joseph Smith não podia saber. Ele não poderia vangloriar-se de haver colocado uma festa dos tabernáculos no Livro de Mórmon, porque ele não sabia que isso estava lá. No entanto, essa é uma marca autêntica de um documento antigo. Se uma fraude tivesse eliminado isso, se eu tivesse eliminado isso, eu ficaria muito orgulhoso disso. Eu teria me levantado e dito, "Veja como eu sou inteligente olha o que eu coloquei." Mas ninguém reconheceu isso até alguns anos atrás, no entanto está lá - e novamente, um outro autêntico detalhe antigo.



Há algo mais que particularmente me interessa como um Árabe (esse é meu campo particular). Trabalho com estudos árabes medievais. Em 1975 Lynn and Hope Hilton de Salt Lake City estavam morando no Oriente Médio, fizeram uma viagem à costa da Arábia naquilo que conhecemos como sendo uma trilha frankincense, o que nós acreditamos também, muitos de nós , foi a trilha seguida por Leí. Eles foram capazes de confirmar muitos dos detalhes registrados em I Néfi, seguindo a liderança de Hugh Nibley alguns anos mais cedo em seu clássico livro Leí no Deserto, no qual o irmão Nibley propõe um curso, um caminho, para aquela jornada de Nefi e Leí de Jerusalém para o mar Arábico. Isso é o que tem estabelecido os autores e exploradores posteriores.



Estou particularmente satisfeito e em débito com o Warren e Michael Aston da Australia que têm, penso, prestado um serviço dos mais interessantes de conhecimento do Livro de Mórmon em anos recentes. Eles conseguiram identificar dois sítios possíveis do Livro de Mórmon , muito além da capacidade de Joseph Smith ter conhecido qualquer coisa a respeito. De fato , Eugene England alguns anos atrás em 1982 publicou um artigo no qual ele demonstra que ninguém conhecia nada sobre a Arabia nos dias de Joseph Smith. Mesmo que Joseph Smith tivesse vivido em um local com uma biblioteca pública fabulosa ou um biblioteca universitária, ele não poderia ter aprendido muito a respeito da geografia da Arábia. O que é mais interessante, aquilo que ele poderia ter aprendido a esse respeito estaria errado em sua grande maioria. Mas de fato, I Néfi dá uma descrição muito precisa, diretamente para detalhes de onde a trilha se volta e assim por diante, numa viagem através da antiga Arábia.



Os Astons têm em verdade estado em alguns desses lugares e levado algumas pessoas lá, culminando com uma dupla expedição em 1993 . Eles encontraram um lugar ou locaram um lugar no moderno país do Yemen, bem a sudeste da Arábia, que é chamado de Nahem. E Nahem assemelha-se muito a antiga palavra Nahom que aparece no Livro de Mórmon como sendo o lugar onde Ismael foi enterrado. Ora este é um nome muito importante por várias razões. Em primeiro lugar, o registro do Livro de Mórmon freqüentemente fala de Leí dar nome aos lugares, dar um certo nome a um certo lugar; ele os nomeava ele mesmo. Neste caso o nome ainda está lá. Ismael foi enterrado num lugar chamado Nahem. Ora Nahom e Nahem são virtualmente a mesma palavra. Qualquer pessoa que conheça alguma coisa do árabe ou do hebreu ou das línguas semíticas antigas sabe que são as consoantes é que são importantes. As vogais podem substituir ou mudar. Assim esses nomes são virtualmente indistinguíveis. E o que significa a rota NHM? Pode significar algo como chorar de tristeza, suspirar, lamentar, consolar; é um nome perfeito para uma sepultura. E acontece que neste lugar Nahem, está exatamente no local correto, e há uma sepultura que não sabemos que idade tem, porque escavações arqueológicas ainda não foram permitidas lá e talvez nunca sejam. Mas de qualquer modo existe uma antiga sepultura lá, e o local está exatamente em posição na trilha em que deveria estar.



Mas Nahem não está sozinha e isto, eu acho, é uma das coisas mais impressionantes a esse respeito. O que você tem aqui é um complexo não de um sítio apenas, mas de dois sítios que reforçam um ao outro. No registro do Livro de Mórmon, Leí e seu grupo viajou justamente para leste do lugar onde eles enterraram Ismael e seguiram para o lugar que eles denominaram Abundância, na costa da Arábia. Ora, os críticos por cento e sessenta anos têm feito pilhéria disso, porque todos sabem que não existe um lugar "abundância" na Arábia. Não há nenhum lugar que tenha essa espécie de madeira ou essa espécie de vegetação. Arábia é um vasto deserto vazio. Um lugar que faz com que o deserto Mojave pareça uma floresta tropical. E é verdade, inteiramente. Mas de fato existem uns poucos lugares na costa da Arábia " a maioria deles desconhecida até recentemente," onde você tem madeira e formosas áreas verdes muito viçosas. Ora, de fato muito recentemente, um crítico da igreja escreveu-me dizendo : "tenho como fato que não existe tal lugar chamado 'Abundância' na costa da Arábia e eu pude responder-lhe: " eu sei que tal lugar existe; de fato, como estou a lhe escrever agora, logo acima do meu computador eu tenho um pôster daquele lugar, ou de um lugar muito parecido com aquele ". Ele não pode refutar a isto , porque naturalmente, uma foto ou uma fotografia vale por milhares de palavras, e eu tenho uma foto daquele lugar. É verdade que tal lugar existe.



Ora, se você seguir de Nahem em direção leste, do lugar que está identificado experimentalmente como Nahom no Livro de Mormon, você chega a um lugar denominado Wadi Sayq. É muito difícil chegar lá, exceto provavelmente através de uma caravana de camelos, descendo um estreito "wadi", até um vale de abundância intermitente. Mas quando você chega a esse local, você encontra árvores grossas o bastante para produzir madeira para um barco. Há também uma praia, arvoredos e encontra água fresca. É algo memorável, e encontra-se exatamente no lugar que o Livro de Mórmon diz que deveria estar. E está exatamente em relação com Nahem ou Nahom que o Livro de Mórmon afirma deveria estar. E novamente, pensava-se nos dias de Joseph Smith que lugares como esse não existiam. Qualquer pessoa poderia ter dito a Joseph Smith, caso ele pedisse conselho a respeito enquanto estava forjando alguma narrativa sobre a Arábia e a América antigas," não perca seu tempo, não existe tal lugar". No entanto ele está lá. Foi visto examinado e ainda está sob investigação. Isto, creio, é algo memorável, um tiro no escuro que acerta o alvo, um alvo que Joseph Smith nem sabia estar mirando. Novamente ele é defendido pelo progresso que aconteceu depois que sua carreira terminou, muito depois que sua vida terminou.



Eu creio que talvez uma das maneiras mais intrigantes para se olhar para Joseph Smith será olhar para alguns dos erros que ele cometeu e como ele tem sido defendido por eles. Existem dois que eu acredito em conexão com o Livro de Mórmon. Um dos que eu particularmente sou fã é o nome pessoal alma. Ora, nós conhecemos o nome Alma. Tem sido um nome de uma mulher no oeste por um longo tempo. Você o encontra em frases como alma mãe. Esse é um nome de mulher baseado em um nome latino não dado a homens. Críticos da igreja por um longo tempo têm mofado dos Santos dos Últimos Dias que é somente entre os mórmons que se encontram homens com o nome Alma. Que ridículo. Este não é um nome semítico arcaico, de homens.; este é relativamente um nome latino moderno de mulher. Assim Joseph Smith claramente cometeu um erro. Ora, é aqui que eu penso que o desempenho dele é o mais impressionante, porque se Joseph Smith tivesse antes ouvido o nome alma, esta seria exatamente como ele o teria ouvido, ou seja, como um nome de mulher.



Assim, como pode ele ser aplicado a homens no Livro de Mórmon? Bem, trata-se, pelo menos de duas pessoas proeminentes no Livro de Mórmon. E só recentemente descobertas trazidas à luz justificaram que o nome é um nome semítico antigo de homem . A descoberta foi feita não por um SUD , mas por Yigael Yadin, provavelmente um dos mais proeminentes arqueologistas de toda Israel nesse século, um homem que se tornou deputado primeiro ministro de Israel. Foi chefe militar de Israel na Guerra de Independência de 1948 . Ele é um homem impressionante, um grande sábio. Enquanto investigava uma escavação no Mar Morto, ele encontrou um documento que trazia um nome Alma filho de Judá. Inequivocamente escrito A-L-M-A em tudo que Yadin publicou sobre a escavação. Isso é extraordinário. Novamente, Joseph Smith provavelmente, tivesse ele pedido auxílio as pessoas do seu círculo sobre descobrir um nome masculino para o seu personagem do Livro de Mórmon, teria cometido um erro. Concluímos assim que um erro aparente não é de modo algum um erro, mas uma poderosa justificativa do clamor de Joseph Smith como profeta. E ainda você poderá ver artigos escritos ridicularizando seu nome por pessoas que deviam conhecer melhor. De fato, por um lado as pessoas que eu conheço sabem que é melhor continuar clamando, repetindo o velho e cansativo argumento como se ele fosse verdadeiro, o que ele não é. Alma é um defensor do Livro de Mórmon.



Existe um outro que está em moda corrente entre os críticos do Livro de Mórmon. E isso é o clamor de Alma 7: 10 de que Jesus Cristo nasceria (e ainda é futuro para Alma) em Jerusalém, que é a terra de nossos pais. Agora críticos do Livro de Mórmon têm até mesmo produzido um grande embaraço que diz " Mormonismo ou Cristianismo, Jerusalém ou Belém ." E muito freqüentemente eles exclamam em descrédito escarnecedor, " Ora vamos, qualquer criança de escola sabe que Jesus nasceu em Belém ", mas esse é precisamente o ponto. Toda criança sabe que Jesus nasceu em Belém. Joseph Smith certamente também sabia que Jesus nasceu em Belém. Imagine a situação agora - você tem um homem que, se você acreditar nos críticos, era um homem inteligente o bastante pra produzir este livro, o qual prenuncia muitas coisas que somente agora estamos conhecendo a respeito do Oriente Médio, que cita a Bíblia de muitas maneira complexas, que joga com temas bíblicos e assim por diante de forma sofisticada. E ainda não consegue saber o local correto do nascimento de Jesus, algo que absolutamente os mais simples dos estudantes da Bíblia conhece. Mas de fato, descobrimos que o Livro de Mórmon está certo e os críticos errados.



Não foi há muito tempo atrás que descobrimos as assim chamadas cartas de Amarna e nelas num lugar que W. F. Albright, provavelmente o maior arqueologista americano do século vinte identificou como Belém. E se referem como estando onde ? - Na terra de Jerusalém. Eis aqui uma referência de Belém como estando nas terras de Jerusalém , tal como o Livro de Mórmon descreve. Ora as cartas Amarna datam de 1400 A . C. e algumas pessoas disseram, " Ora, isso é muito primitivo." Bem, ok, vamos conceder-lhes isso embora eu não ache isso um contra-argumento . Podemos olhar pra outras evidências. A Bíblia repetidamente fala de outras cidades cujas terras circunvizinhas são nomeadas por essas cidades . É verdade que não existe referência na Bíblia à terra de Jerusalém embora se aproximem um punhado de vezes. Mas sabemos das terras de Damasco, sabemos das terras de Samaria, conhecemos provavelmente vinte terras denominadas por suas cidades. É provavelmente a única probabilidade que a frase na verdade, terra de Jerusalém não ocorra na Bíblia. Mas ocorre no Livro de Mórmon. O lugar real prá se usar para o uso dessa frase é no Livro de Mórmon, que rotineiramente fala da cidade de Zaraenla e da terra de Zaraenla, a cidade de Abundância e a terra de Abundância. Isso é uma espécie de modelo linguístico ou padrão linguístico que aparece no Livro de Mórmon, e Alma, naturalmente, está escrevendo muitos séculos depois de seu povo ter deixado Jerusalém. Assim, é realmente o estilo do Livro de Mórmon que devia servir de medida para como a frase é usada. E Belém, que se situa a cinco ou seis milhas de Jesusalém, está perfeitamente dentro das terras de Jesusalém, que é uma cidade muito maior e que sempre foi a capital, o trono do rei e assim por diante.



Mas, muito mais interessante é que, muito recentemente um novo documento foi publicado a partir dos pergaminhos do Mar Morto, que levou muito tempo pra ser publicado. É algo denominado 4Q385 ou Pseudo-Jeremias, ele clama pertencer precisamente à época de Leí . E o que ele faz ? Ele fala sobre a terra de Jerusalém. Enquanto falamos sobre os pergaminhos do Mar Morto, eu gostaria de falar algo no geral sobre eles. Quando o Livro de Mórmon foi descoberto toda idéia de uma civilização antiga que deliberadamente enterravam seus registros para vir à luz mais tarde parecia simplório. Agora sabemos que havia um grupo no velho oriente próximo que fazia precisamente isso naquela comunidade dos pergaminhos do Mar Morto, provavelmente situado em Qumran. Nós sabemos que os seus pergaminhos foram escondidos provavelmente no tempo do ataque Romano à Judéia durante a primeira revolta Judia, algo em torno do ano 70 D.C. Assim você pode imaginar a situação: Como as tropas Romanas, logo após conquistar Jerusalém, dirigem-se ao Vale do Mar Morto, eles descem mais ou menos para os lados de Jericó e depois seguem para o sul último lugar da resistência judia em Massada. Ora, de modo a chegar em Massada, eles tinham que seguir direto para a comunidade de Qumran, que acredita estar em seus dias contados, e começam a fazer preparativos para abandonar o lugar - que continuou abandonado até que foi descoberto naturalmente muito recentemente. E o que eles fazem , eles colocam em cavernas os documentos mais importantes. E na verdade você pode ver o processo pelo qual eles estavam fazendo isso. Primeiramente o fizeram cuidadosamente. De fato um de seus documentos em verdade prescreve instruções de como enterrar esses documentos para preserva-los. Os documentos são colocados cuidadosamente na caverna , e para o fim você pode ver que eles estão em curso no tempo. Talvez os Romanos estivessem à vista descendo o vale. E começam a atirar as coisas na caverna. Ficam mais apressados.



Mas o que você percebe aqui é uma comunidade fugindo de Jerusalém, porque Jerusalém não estava justa o bastante para eles, e estavam clamando julgamento sobre Jerusalém - da mesma forma como Leí deixou Jerusalém. Então , quando a destruição lhes sobrevem eles a temem. Eles pegam seus documentos e os selam para serem descobertos mais tarde, algum outro tempo em que as coisas estiverem melhores, quando houver mais retidão, quaisquer que sejam as circunstâncias. E esses documentos eventualmente são encontrados, e se tornam testemunhas de muitas coisas das quais fala o Livro de Mórmon. Ora, esse é um modelo que ocorre no Livro de Mórmon e que parecia improvável às pessoas por um longo tempo, mas que agora sabemos que ocorreu verdadeiramente no antigo oriente próximo. Um desses documentos naturalmente é o chamado Rolo de Cobre escrito em metal tal como descrito no Livro de Mórmon . Assim eis um extraordinário paralelo ali encontrado.



Creio existirem outros paralelos que poderiam ser encontrados, embora algumas pessoas tenham ido muito longe com eles. Mas creio que é correto dizer que o povo do Livro de Mórmon se comportam, de certa forma, muito parecido com o povo de Qumran e dos Pergaminhos do Mar Morto. Há, de fato, um escritor austríaco que disse há alguns anos na Alemanha que um bom nome para o povo dos Papiros do Mar Morto, uma vez que eles previram a vinda do Messias e os últimos tempos (dias), seria chamá-los Santos dos Últimos Dias, mas infelizmente esse nome já era usado por uma seita na América. Bem, existem alguns paralelos interessantes aqui.



Outras coisas existem que poderiam ser ditas a respeito de como o mundo antigo tem agora produzido provas para o Livro de Mormon de modo memorável. Uma das mais marcantes, no meu modo de ver, é a visão de Lehi do Conselho dos Céus. Está registrado no primeiro capítulo de 1 Nefi. Nessa visão é dito que Lehi "pensou ter visto Deus assentado em seu trono, rodeado por inumerável ajuntamento de anjos". (1Nefi 1:8). Lehi é encarregado de uma mensagem de julgamento e destruição que deverá declarar à cidade de Jerusalém. Ora, essa idéia de um Profeta tendo acesso ao Conselho no Céu é bem antiga. È certamente bíblica. Pode ser encontrada em Isaías 6, em Jeremias, em Zacarias, e em vários lugares na Bíblica e além da Bíblica. Mas isso é uma idéia muito importante, e a importância disso somente começou a ser reconhecida provavelmente na parte final deste século. Basicamente, a idéia é a de que o Conselho dos Deuses (dependendo da religião) ou o Conselho de Deus e seus anjos (como está registrado em Jó, for exemplo, na Bíblia) está fechado para o público, obviamente. É algo que nem todo mundo tem acesso, mas um profeta tem. Ele ouve os segredos e decretos do Conselho, e por causa disso, ele está apto a trazer esse conhecimento aos seus concidadãos da terra. Isso constitui grande parte de sua autoridade. Isso é uma poderosa idéia que estamos agora começando a reconhecer através de muitos escritos antigos e até primitivo Oriente Próximo medieval.



Lembro-me de que há alguns anos atrás um meu colega e eu apresentamos um documento a respeito da idéia de visão do trono, ou da visão do Conselho no Céu, em Boston. Incluímos toda uma lista de cerca de vinte e cinco casos desse acontecimento particular. Um deles encontra-se em 1 Nefi. Ora, de todos esse casos, 1 Nefi é provavelmente, ou possivelmente, um dos melhores. Há cerca de vinte ou mais elementos específicos do motivo que pode ser isolado e tem sido isolado por estudiosos. Sequer um desses exemplos particulares tem todas as vinte características, mas aquele, em minha experiência, que vem aproximar-se da hipótese de um livro de texto é precisamente do primeiro capítulo de 1 Néfi. È algo extraordinário, é algo que duvido muito que Joseph Smith poderia produzir de suas leituras claramente limitadas na Bíblia.



Ora, a idéia relatada para aquilo é a idéia do livro divino. A idéia de um anjo entregando um livro a um jovem rapaz tem sido motivo de mofa por parte de muita gente. Um crítico do Livro de Mórmon disse: "Não se consegue livros de anjos. É simplesmente isso." Bem, não é tão simples. Acontece que isso é uma extraordinária opinião comum através do antigo Oriente Próximo. Geo Widengren, que é um importante historiador sueco de religião e especialista em história do Iram e da história do Oriente Médio antigos, disse: "Poucas idéias religiosas no antigo Leste têm exercido influência mais importante do que a idéia de placas celestiais, ou os livros celestes, que foram entregues a um mortal através de uma entrevista com um ser celestial." Ora, a idéia é certamente bíblica. Você pode encontrá-la em Êxodos, em Jeremias, em Ezequiel, no Livro do Apocalipse de João, que em bom e particular exemplo, e também, eu diria, em mais detalhes em livros não bíblicos. Pense em 1 Enoque, por exemplo. Creio que um dos muitos casos excelentes a esse respeito encontra-se no livro Muçulmano conhecido como o Qur'na, o livro sagrado do Islam, o qual foi trazido pelo anjo Gabriel para o Profeta Maomé. Ora, o que quer que você pense das origens do Qur'na, esse é um exemplo marcante de uma velha opinião do antigo Oriente Próximo. E é, de modo algum, o último exemplo. Esse é dos primórdios do século sétimo do A.D. Esse é um caso claro de um livro sendo trazido por um anjo.



Ora, o modelo que tem sido isolado por estudiosos tinham basicamente quatro feições. A primeira de todas, um ser divino entrega um livro a um mortal. O mortal recebe então a ordem de ler o livro, é o de número dois. No modelo de número três ele é ordenado copiar o livro ou fazer algo semelhante com o livro. Às vezes é-lhe dito, na verdade, para ingerir o livro, comê-lo, para mostrar que ele digeriu totalmente seu conteúdo. Número quadro, ele é mandado pregar a mensagem do livro aos mortais. Há um grande exemplo disso no Livro de Mórmon. Observe o caso de Lehi novamente, desde o primeiro capítulo do Livro de Mórmon, a quem é dada uma visão divina do livro. É-lhe revelado os julgamentos que sobrevirão a Israel. Ele é ordenado a levar a mensagem ao povo em Jerusalém, os quais o submetem a grande perigo e risco. Há ainda o caso de Joseph Smith em pessoa. Assim aqui vemos uma vez mais não apenas no Livro de Mórmon, mas na história do Livro de Mórmon - os acontecimentos do século dezenove cercando-o - o exemplo de um livro texto dessa idéia arcaica de um livro celestial, uma cópia de registros celestiais que é trazido à terra e entregue a homens mortais, ou seres humanos mortais, e depois distribuído entre eles. Esse é um ótimo exemplo.



De fato, em um caso recente de que me lembro, um recente livro Cristão conhecido como as Visões de Hermas, um anjo - um anjo feminino no caso, ou um personagem feminino - oferece um livro a Hermas, e Hermas ao final deseja levar o livro consigo. Mas o mensageiro diz-lhe que ele tem de devolver o livro a ela, ele simplesmente não pode levá-lo com ele. Isso é bem semelhante à tão zombada história de Joseph Smith, que após receber o livro e faz com o livro o que dele é requerido - transcrevê-lo e traduzi-lo - ele então recebe ordem de devolver o livro ao mensageiro celestial.



Existe ainda outros aspectos do antigo Oriente Próximo que acredito ser muito improvável que Joseph Smith tivesse conhecimento. Um desses aspectos extraordinários descoberto muito recentemente é a idéia da figura de Moshiah (Não se deve confundir com Messiah; isso é provavelmente de outra raiz). Ora, recentemente estudiosos têm identificado esse termo- que ocorre em Hebreu do Velho Testamento mas nunca aparece na Bíblia em Inglês, Versão do Rei James, assim Joseph Smith não poderia ter descoberto esse nome por simplesmente ler essa versão da Bíblia - eles identificaram esse nome Moshiah como se referindo a um campeão de justiça numa situação controversa, uma batalha, ou opressão. Ele é uma espécie de figura salvadora. E ainda existem quatro fatores, ou quatro aspectos, desse personagem chamado Moshiah que vale a pena conservamos na lembrança. (1) ele foi designado por Deus; (2) ele liberta um povo escolhido da opressão, de uma contenda, da injustiça depois de clamarem por ajuda; (3) sua libertação - e creio que isso é fabuloso - sua libertação é usualmente procedida por meios não violentos, quase sempre por fuga ou negociação e, (4) o povo volta a viver num estado de justiça onde cada pessoa tem acesso e controle sobre sua propriedade de direito, as coisas que pertencem àquela pessoa.



Ora, se você der uma alhada no livro de Mosias - e o nome é perfeitamente similar a Moshiah ( da maneira que os Hebreus costumam traduzi-lo, isto é, Mosiah ou Moshiah) - se você der uma olhada no livro de Mosias o que encontrará? Você encontra toda uma série de libertações, a maioria delas não violentas (isto é, por fuga), sob um líder escolhido. Alma, o pai, é um exemplo clássico disso, mas eu penso que talvez o exemplo mais impressionante, de fato, é a figura denominada Mosiah. Esse pode na verdade ser o nome Moshiah. No livro de Omni no Livro de Mórmon, esse livro tão resumido, você encontra um registro a respeito desse povo. A começar do versículo 12 do livro de Omni:



" Eis que vos direi algo sobre Mosias, que foi proclamado rei da terra de Zaraenla; pois eis que, tendo ele sido avisado pelo Senhor de que deveria fugir da terra de Néfi para o deserto, levando consigo todos os que quisessem ouvir a voz do senhor -



E aconteceu que ele fez como o Senhor lhe havia ordenado. E todos os que deram ouvidos à voz do Senhor partiram da terra para o deserto; e foram guiados por muitas prédicas e profecias. E foram continuamente admoestados pela palavra de Deus; e foram conduzidos pelo poder de seu braço através do deserto, até descerem à terra que é chamada terra de Zaraenla. (Omni 1:12-13)



O que você tem aqui ? Você tem a libertação de um povo por meios não violentos, por uma figura cujo nome pode ser associado a idéia do antigo libertador Hebreu da opressão. Assim, Mosias então encontra uma linha de reis , incluindo um denominado Mosias, cuja história inteira é caracterizada por essa idéia de libertação de povos da opressão. Isso é algo extraordinário.



Há um outro aspecto muito forte no antigo oriente próximo que eu gostaria de pensar a respeito, e esse trata-se de um livro inteiro que está disponível. Esse é a famosa alegoria da oliveira que se encontra em Jacó 5. Jacó 5 é uma história longa tirada de um profeta chamado Zenos que não é conhecido na Bíblia; provavelmente ele tenha vindo do reino de Israel há algum tempo, obviamente, procedente do tempo de Leí. Zenos conta uma longa parábola sobre um senhor de uma vinha e seu servo ou servos e seus cuidados com uma oliveira. Agora , recentemente, um simpósio realizado na BYU sobre Jacó 5, e é extraordinário o quanto você pode obter de um único capítulo do Livro de Mórmon. O livro é infinitamente rico. Um grosso livro só a respeito desse capítulo foi escrito, e há um grande número de aspectos fascinantes a esse respeito. Um deles é o de um grupo de horticultores ( especialista na cultura de árvores ) examinaram o registro da cultura da oliveira e da produção de azeitona no Livro de Mórmon em Jacó 5 e encontraram virtualmente cada detalhe, isso está em conformidade dom o que nós atualmente conhecemos de como as oliveiras são tratadas, como elas crescem, são cultivadas e cultivadas.



Ora, é sabido que oliveira não crescem no estado de Nova York. Provavelmente Joseph Smith nunca tenha vista uma. Ele certamente não teve condição de conhecer muito a respeito de oliveiras, de seu cultivo e o cultivo dela é muito, muito diferente das espécies de árvores que ele tinha conhecimento. Assim, de onde foi que ele tirou a informação? Acredito que a idéia mais conservadora, a melhor explicação, que quem quer que tenha escrito a parábola da oliveira em Jacó 5 conhecia o cultivo da oliveira em primeira mão . Ele sabia como isso era feito. Esse é um registro muito detalhado, muito rico, porque naturalmente esse é um registro da história do mundo ( no passado e no futuro) usando a árvore da oliveira como uma metáfora para a casa de Israel. Você tem enxertos e podas e o recolhimento dos galhos da árvore que eram colocados na parte mais distante da vinha. E isso está correto até o último detalho - com uma notável exceção. E isso é o que está registrado em Jacó 5. Ele diz que enxertos de oliveiras bravas - ou pequenas partes da oliveira brava - eram enxertados na oliveira principal uma árvore doméstica, então elas produziam bons frutos. Ora, isso não acontece. Um galho de oliveira brava mesmo enxertado em uma oliveira boa, continuará produzindo maus frutos. Ela sobreviverá, mas não produzirá fruto bom simplesmente porque está enxertado em uma oliveira boa. Assim , será isso um erro do Livro de Mórmon ? Não realmente não é.



Um dos artigos - artigo com o qual estive envolvido - nesse livro a respeito de Jacó 5 não cobriu uma prova de que no antigo mundo mediterrâneo, eles estavam cientes da possibilidade de que miraculosamente, um galho de oliveira brava enxertado em uma oliveira boa podia produzir bom fruto. Isso não acontece naturalmente, mas pode acontecer miraculosamente. E uma profética figura do Mediterrâneo antigo, especificamente pensadores gregos e assim por diante , viram nisso um sinal de Deus. Isso era uma intervenção milagrosa de Deus, algo que contrariava as leis normais do cultivo da oliveira e sua produção.



Ora, o que isso quer dizer a favor do registro do Livro de Mórmon ? Isso significa a conversão dos gentios para a casa de Israel. Isso é uma transformação miraculosa, tal como o Livro de Mórmon afirma que deve ser. Isso é algo extraordinário. Essa parábola é muito longa, ela tem setena e sete versículos descrevendo a cultura da oliveira. Isso certamente é corda bastante para Joseph Smith enforcar-se se ele a estivesse inventando, mas ele não o fez. Ele a recebeu correta, inclusive com o detalhe que parece torná-la falsa, isso também tem precedentes no antigo oriente próximo e no antigo leste mediterrâneo. É algo extraordinário, e eu desafio os críticos do Livro de Mórmon a virem com qualquer contra explicação dessa idéia de que ela foi produzida por alguém que verdadeiramente veio da área onde as oliveiras eram cultivadas. E essa é precisamente a área de onde Zenos e Leí vieram originalmente - do leste do mediterrâneo em geral.



Novamente, algo que acredito ser de grande interesse com relação ao Livro de Mórmon é o seguinte: em nosso uso hoje, não distinguimos muito rigorosamente entre ladrões e salteadores. Nós praticamente usamos indistintamente, e a Versão da Bíblica do Rei James faz o mesmo - ela fala a respeito de ladrõres, e fala de salteadores, mas não os distingue. Mas o antigo Oriente Próximo distinguia entre um e outro muito rigidamente, e particularmente, a antiga lei israelita também fazia distinção entre uma e a outra contravenção. Ladrões eram tidos como locais. Eles furtavam de seus vizinhos, eram comuns; eram um estorvo, mas não eram uma ameaça à sociedade. Assim, quando apanhados, eram tratados judiciosamente, civilizadamente, normalmente por seus vizinhos, seus conterrâneos, e não eram um grande problema.



Ladrões, por outro lado, eram um grande problema. Eram uma ameaça à sociedade. Eram vistos como foras-da-lei, como bandidos, como vagabundos. Eles se organizavam em quadrilhas, se comprometiam com juramentos; eles extorquiam, pediam resgate às pessoas a seu redor. E quando eram apanhados não eram tratados com civilidade, mas militarmente, e estavam sujeitos a execução sumária. Eram algo completamente diferente de ladrões. Ora, é notório no Livro de Mórmon, ladrões e salteadores nunca eram confundidos, e salteadores - especificamente os de Gadianton - eram tratados como um problema militar, tal como teriam sido sob a lei israelita antiga, mas não necessariamente da mesma maneira em que pensamos a respeito deles hoje em dia porque não fazemos clara distinção entre um e outro. Assim o Livro de Mórmon se encontra de acordo com o antigo Oriente Próximo - e especificamente, com os conceitos israelitas e seus costumes.



Há ainda algo mais que gostaria de falar, e isso é a respeito da presença de "simile curses", ou ações simbólicas. Isto é, novamente, somente neste século que as pessoas estão começando a r3econhecer este aspecto tão importante do comportamento antigo. Agora, eu gostaria de ler uma passagem de Alma 46, começando com o versículo 21 (você certamente se lembra da história do Capitão Moroni com seu título de liberdade, que em si é algo muito interessante):



"E aconteceu que quando Moroni disse estas palavras, eis que o povo se aproximou com os lombos cingidos por suas armaduras, rasgando as vestes como símbolo , ou melhor, como convênio de que não abandonariam o Senhor seu Deus; ou, em outras palavras, se eles

transgredissem os mandamentos de Deus, ou melhor, se caíssem cem transgressão e se envergonhassem de tomar sobre si o nome de Cristo, o Senhor os destroçaria da mesma forma que haviam rasgado as suas vestes."



E a seguir ele diz no versículo 22:



"Ora, este foi o convênio que fizeram; e atiraram suas vestes aos pés de Moroni, dizendo: Fazemos convênio com nosso Deus de que seremos destruídos, assim como o foram nossos irmãos da terra do norte, se cairmos em transgressão; sim, ele pode atirar-nos aos pés de nossos inimigos, assim como atiramos nossas vestes a teus pés para serem pisadas, se cairmos em transgressão."



Ora, o que deve ser salientado desse contexto sobre essa escritura particular é que neste século, o povo, estudiosos, começaram a perceber que essa idéia a que eles denominam "juramento representativo", ou "convênio representativo", é muito comum entre os antigos hebreus, entre os antigos Hititas - a idéia de se usar algum objeto físico para demonstrar o que aconteceria a você se violasse seu juramento. Um amigo meu, por exemplo, que é especialista no antigo Oriente Médio e que é um crítico em muitos aspectos do Livro de Mórmon (ele não o conhece muito bem, talvez) leu essas passagens e ficou muito impressionado com elas. Ele admitiu a mim que realmente não sabe o que fazer com elas porque elas são uma vindima do velho Oriente Próximo.



Ensino árabe cerca de metade de meu tempo na Universidade de Brigham Young, e uma das formas lingüisticas no árabe que é comum a outra língua semítica é algo denominado "cognate accusative" - onde você usa um substantivo que se refere a um verbo na sentença. Você diz: "Eu bati-lhe com uma forte batida" ou "Eu sonhei um sonho". E o exemplo que uso freqüentemente para ilustrar essa ocorrência - que não é propriamente inglês - é aquele constante de 1 Nefi onde Lehi informa a seus filhos, "Eis que sonhei um sonho, ou em outras palavras, eu vi uma visão". Ora, "Eu sonhei um sonho" é um perfeito cognate accusative, e quando os estudantes ouvem a esse respeito - aqueles que conhecem o Livro de Mormon - eles dizem: "Ah sim, agora compreendemos". Porque esse é um exemplo autêntico de uma construção arábica ou semítica.



Mesmo a segunda parte da sentença (embora percamos algo em inglês) quando Lehi diz "Eis que sonhei um sonho"; ou "em outras palavras, eu vi uma visão" (1 Nefi 8:2) demonstra isso. Você deve se lembrar de que o inglês é baseado em duas línguas básicas. O inglês é uma espécie híbrida do Latim ou Francês com a língua Germânica - naturalmente. Assim sendo você usa duas diferentes palavras para muitas coisas, uma espécie de palavra do alemão vulgar e uma palavra do clássico estilo latino. Por exemplo, a palavra "handbook" - manual: temos também a palavra "manual" do latim derivada da palavra "Manis" = hand = mão. Elas significam a mesma coisa. O mesmo acontece com as palavras "Eu vi uma visão". A palavra latina relativa a "seeing" é visão, e você tem uma palavra germânica "sehen", = ver, enxergar - ou "Eu vi uma visão" usando a palavra latina. No original, entretanto, era provavelmente assim: "Eis que sonhei um sonho, ou em outras palavras, eu tenho visto uma visão" (seeing). Assim eu uso esse versículo do Livro de Mórmon em minha classe de gramática árabe, para dar aos estudantes uma evidência. Ora, eu lhes pergunto, como um garoto rural do século dezenove poderia ter trazido à luz algo semelhante, que é uma perfeita ilustração de um ponto gramatical árabe ? Provavelmente ele deve ter feito grande parte de seu trabalho na Universidade de Palmira, em cuja escola se graduou. (!) - Naturalmente não existia tal escola ! E não havia tal Joseph Smith. Isso veio a ele por outro meio, não por estudos acadêmicos.



Há algo mais que poderia ser dito linguisticamente, algo com que trabalho exaustivamente. Uma de minhas especialidades é com a filosofia árabe, e um dos textos que lemos muito freqüentemente a esse respeito está em um livro escrito por um famoso Rabi da Idade Média, provavelmente o mais famoso Rabi Judeu da Idade Média, Moisés Maimônides, cujo grandioso trabalho filosófico é um texto denominado "Guia dos Perplexos". Esse Guia foi escrito em algo chamado Judeu-Arábico. Permita me explicar-lhe isso: Judeu-Arábico é simplesmente árabe, mas escrito nas cartas hebréias. O que temos aqui é uma espécie de árabe reformado, ou hebreu reformado se preferir. E isso leva-me a um ponto importante:



Algumas pessoas pensavam por um longo tempo que a idéia de escrever uma língua usando a escrita de outra é loucura. Isso é o que parece temos no Livro de Mórmon, um texto em hebreu escrito numa espécie de caracteres egípcios. Mas na verdade isso não tem nada de louco, isso ocorre o tempo todo. Era usado no mundo antigo. Agora temos um exemplo de um dos salmos que foi escrito dessa forma, usando caracteres egípcios. Maimônides fez uso disso em seu excelente livro, escrevendo um texto árabe usando letras hebréias. Fazemos isso o tempo todo hoje em dia. Se você tomar o chinês, usualmente você não inicia lendo os caracteres chineses. Você começa aprendendo-o em "romanization". O que é isso ? Trata-se de chinês reformado. É chinês escrito com letras romanas. Destarte, nada de anormal aqui. Mas Joseph Smith era pouco sofisticado em lingüística. Ele mal escrevia o inglês. Ele jamais poderia ter criado algo dessa forma, ou tido conhecimento disso. Isso simplesmente estava além e sua capacidade.



Presto-lhes meu testemunho de que há muito mais ainda a ser dito a esse respeito, muito mais provas de estudiosos do Livro de Mórmon. A prova mais importante que pode ser recebida sobre o Livro de Mórmon, entretanto, é o testemunho do Espírito Santo. Presto-lhes meu testemunho de que o Livro de Mórmon é aquilo que proclama ser. É verdadeiramente um livro antigo revelado através de um profeta por um anjo de Deus nestes últimos dias para nos guiar, um outro testemunho de Jesus Cristo.



1. Escritor inglês especialista em literatura medieval. ( 1892 - 1973)

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