Compaixão

~ terça-feira, 27 de abril de 2010

À base do Evangelho queremos meditar nas palavras:


Jesus se compadeceu deles .

Em outras palavras, Jesus teve compaixão da multidão. Compaixão! O que vem a ser isto? A palavra Compaixão era conhecida somente na literatura judaica. No Novo Testamento o termo compaixão aparece 12 vezes. Hoje se fala também no mundo em compaixão. São duas palavras: com e paixão, isto é, sofrer junto. Se examinarmos como o mundo pratica a compaixão, veremos que há uma grande diferença entre a compaixão de Jesus e a do mundo. Jesus é o único que teve e tem verdadeira compaixão. Ele a revelou em seu grau máximo, por sua morte na cruz do Gólgota. Dele queremos aprender o que é compaixão, tanto para nosso consolo como para seguir-lhe o exemplo.

Fundo histórico

Vejamos o contexto no qual a história do nosso evangelho se desenrola. Jesus estava trabalhando intensamente, pregando o evangelho de cidade em cidade. E aos lugares que não conseguiu alcançar enviou seus discípulos de dois em dois. Sua fama correu por toda a Galiléia.

Os discípulos voltaram jubilosos de sua missão, mesmo que muito cansados. Ouviram, então, a notícia da morte de João Batista. Isto os entristeceu muito. João Batista foi o primeiro mestre de vários dos discípulos de Jesus, por outro, isto lembrou a Jesus de que mais um ano e seria a sua vez de ser morte, por morte de cruz. Então Jesus lhes propôs, vamos nos retirar um pouco a sós, para um lugar deserto, para descansar.

Eles embarcaram num barco e seguiram para o norte do mar da Galiléia, para a região deserta. O povo observou a direção que o barco tomou e todos seguiram a pé! Mal Jesus e seus discípulos encostaram o barco, lá estava a multidão. O que atraía estas pessoas a Jesus? Era o desejo por salvação? Seria? Provavelmente era a novidade, o sensacional, a busca por milagres. Hoje não é diferente.

Jesus olhou para a multidão e não viu somente a massa humana, mas a situação das almas do povo. E disse: São como ovelhas sem pastor.

Ovelhas sem pastor.

Que impressão esta imagem causa a nós hoje? A nós na cidade talvez nenhuma. Talvez os jovens adolescentes até digam: Que coisa boa! Ótimo! Viva! Este é o pensamento em nossa cultura individualista e egoísta, avessa a qualquer autoridade, no desejo de ser livre. Ninguém manda em mim. Faço o que quero e gosto. Assim filhos dizem muitas vezes a seus pais. Deixa de ser chato! Hoje é diferente! Eu sei o que fazer! Não fica me pegando no pé a toda a hora! Portanto, a condição de “ovelhas sem pastor” pode ser até uma situação desejada por muitos.

Mas na visão pastoril: ovelhas sem pastor é um quadro desesperador para as ovelhas, uma situação calamitosa, de alto perigo. Ovelhas não têm faro. Elas, por si, não acham pastagem verdejante, nem águas frescas. Elas não encontram o caminho certo. Elas não dispõem de defesa própria. São presas fáceis dos animais selvagens, seus inimigos. Elas precisam de um guia, de um orientador, de um protetor. É um quadro como o de um bebê abandonado...

Jesus compara a multidão a ovelhas sem pastor. Pessoas desorientadas, que rumam para a eterna condenação, sem o saberem, sem conseguirem achar um caminho. Presa fácil de enganadores e exploradores, de falsos pastores, mercenários, que os apascentam por seus próprios raciocínios e doutrinas falsas, em seus próprios interesses.

Mas esta multidão não estava buscando Jesus? Sim! Mas com um propósito errado. Eles, como a maioria ainda hoje, não haviam reconhecido seu estado de pecadores perdidos e condenados, que necessitavam sobretudo de um Salvador, e que Jesus era seu único e suficiente Salvador. Corriam atrás da fama dos milagres. Queriam dele somente benefícios materiais. Jesus lamentou isso e teve compaixão deles.

Um quadro muito semelhante a nossos dias. Multidões enchendo igrejas. O que os atrai para ali? A sede pela verdadeira Palavra de Deus ou por benefícios materiais? A olhar pelos testemunhos que ali são dados: Eu estava desesperado. Vim aqui. E meus problemas se resolveram. Eu estava falido, mas orei, e hoje prospero, etc.

Será que este mesmo pensamento não está, muitas vezes, também no nosso coração. Eu cumpro o meu dever: Vou à igreja, dou minha contribuição. Então tudo bem. Jesus vai me abençoar. Um tipo de barganha. Por isso vamos ao culto e procuramos um culto com muita produção própria, um culto do qual podemos dizer: Eu fiz, eu amei, eu ofertei, eu realizei culto, esquecendo que no culto, em primeiro lugar é Deus que nos serve...

Muitas igrejas planejam e aperfeiçoam seus planos e programa de culto, de rádio e televisão, para captarem mais e mais pessoas, em busca do dinheiro. Essas massas são jogadas de um lado para o outro, de uma igreja para a outra: Mas ali há um pregador ainda mais poderoso. O culto naquele lugar é ainda mais sensacional. O culto foi maravilhoso e senti Deus no meu coração.

Nossa missão é proclamar a clara e pura palavra de Deus para arrependimento e fé, para chamar as pessoas ao reino de Deus, sob a cruz de Cristo. Esta pregação, no entanto, continua sendo loucura e escândalo para os que se perdem. Mas bem-aventurados os que não se escandalizam em mim, disse Jesus. E disse mais: Qual dos profetas vossos pais não mataram? (Mt 5.12; At 7.52) Herodes havia acabado de decapitar João Batista, e em breve gritariam contra Jesus: Crucifica-o! Mas, não temais, ó pequenino rebanho.

Vendo Jesus a multidão, compadeceu-se dela. Uma expressão consoladora. Uma dor profunda que afeta o coração, o comoveu. Uma dor, um amor, para com pessoas que na verdade nem mereciam mais este amor, mas precisavam ser alertados e ensinados. Esta compaixão se revela imediatamente em ações.

a) Jesus recebe a multidão. Jesus e seus discípulos estavam cansados. Queriam descansar um pouco, mas ele abriu mão de seu descanso e de seus interesses. Colocou isto em segundo plano e recebeu a multidão, para cuidar dela. Mostrar-lhe como todo o amor e paciência, como o bom pastor, o verdadeiro caminho, a verdadeira pastagem e a fonte de água fresca.

b) Passou a ensiná-los. Ensinou-lhes muitas coisas. Marcos não nos revela o conteúdo do ensino. Mas os outros evangelhos, Mateus e Lucas, nos falam sobre o seu ensino. Jesus falou sobre o Reino de Deus. O caminho para este reino, por arrependimento e fé. O alimento deste reino: A doutrina, a única verdade. De que ele, Cristo é o caminho, a verdade e a vida, o verdadeiro pão da vida. E que ninguém vem ao Pai senão por ele.

Aqui temos uma das principais diferenças entre a compaixão do mundo e a de Cristo. O mundo freqüentemente presta auxílios, até com certos sacrifícios, mas evita falar a verdade. Por exemplo, não falam do pecado, a causa de todo os males. Dizem que isto é normal. A gente não deve dizer não a ninguém. Se alguém desgraçou sua vida e está com AIDS, dizem: Coitado. Que injustiça. Ele não merecia isso. Chamam isto de compaixão.

Para Jesus, a compaixão começa com o falar a verdade. Jesus mostrou que nossos pecados fazem uma divisão entre nós e Deus. Sem fé em Jesus Cristo não há salvação.

Ele continua compassivo com a multidão até hoje através de muitos pregadores fiéis, que não pregam filosofias e sentimentos, mas a palavra de Deus, para arrependimento, fé e vida santificada e salvação eterna e não apenas lenitivo temporal. Mas muitas vezes o resultado é o que aconteceu a Jesus: após uma pregação sobre o grande amor de Deus, revelado em Jesus, a multidão deu as costas a Jesus dizendo: Duro é este discurso, quem o pode ouvir? (Jo 6.60)

c) Este é o ponto essencial da compaixão: Falar a verdade. Nisto consiste também a verdadeira tarefa dos pais, especialmente do chefe da família, o pai, na condução da família e educação dos filhos, ser ele o verdadeiro sacerdote do lar. Manter a família no verdadeiro fundamento do lar. No ensino da verdade bíblica, em sua correta exposição no Catecismo Menor e no Hinário, na admoestação e consolo. A isso se somam todos os outros frutos do verdadeiro amor cristão, o sacrificar-se pelo próximo também nos assuntos materiais. Sabendo que por mais amor e compaixão, a graça é rejeitável. E há filhos que, apesar de todo o amor e esmero dos pais, rejeitam a verdade e o amor de Cristo, o que causa muita tristeza aos pais.

Que a compaixão que Cristo revelou e continua a nos revelar em sua palavra, seja nosso consolo no dia a dia. Para recebermos também com gratidão as muitas bênçãos materiais que Jesus nos concedeu e concede, e assim seguirmos, guiados pelo Espírito Santo, o exemplo da compaixão de Jesus, não medindo esforços no testemunhar e difundir sua palavra. Amém.

Paixão e Compaixão



Por que confiamos em Deus? Porque sabemos que Ele é um Deus excelente. Tudo o que faz é bem feito, perfeito, excelente. Efésios 3.20 “Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pensamos ou pedimos, segundo o seu poder que opera em nós”. Mais do que falar sobre a excelência, o apóstolo diz que irá nos mostrar o caminho para a excelência, o caminho para que o amor se manifeste. E o amor se manifesta, na prática, em forma de paixão, na vertical – na relação ‘eu e Deus’; e em forma de compaixão, na horizontal – na relação ‘eu e o próximo’.



O primeiro amor



No início da carta de Paulo aos Efésios, ficamos entusiasmados com os elogios que ele faz à igreja: “conheço as tuas obras e que não podes suportar homens maus..” – dá vontade de fazer parte de uma igreja com esse currículo! Mas, de repente, uma virada leva Paulo a dizer “mas uma coisa tenho contra vós, que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te de onde caíste, arrepende-te, volta à prática anterior; se não, venho contra ti e tiro o teu candeeiro” – serás qualquer coisa, menos luz do mundo, menos igreja, porque a igreja existe para brilhar a luz de Deus! É preciso retornar às obras do primeiro amor. Como é o namoro, nos primeiros dias? Renunciamos a tudo para ficar com a pessoa amada. A paixão é assim, se manifesta no desejo de conhecer mais a Deus, e de renunciar, como Paulo: “para mim, o que era ganho reputei por perda, por amor a Cristo” – paixão. Paixão que gera conhecimento e também obediência, e adoração. Não precisamos aprender a adorar quando aprendemos a amar, porque adorar é elogiar, e elogiamos quando amamos. O caminho do amor e da excelência é a paixão. E a relação ‘horizontal’ é conseqüência da relação ‘vertical’: a relação com Deus nos leva à compaixão com o próximo. “Filho de Davi, tem misericórdia de mim”. A palavra misericórdia se aproxima da palavra compaixão. A misericórdia liberta da cegueira, a compaixão cura as pessoas. Nós não adoramos um pacote doutrinário, mas a Cristo Vivo, que está presente aqui nesta tarde. Nossas reuniões de oração e vigílias terminam sempre com a busca de mais poder. Não precisamos de mais poder do que já temos, precisamos é de mais amor no coração! Temos muito poder e pouca compaixão. O milagre é muito mais conseqüência da misericórdia e da compaixão pela dor do próximo. Os discípulos tinham poder e não curavam. Devemos sentir com o outro a dor que ele sente – olhe ao redor, todos passamos por lutas, tribulações. O ‘grupo’ do qual você não gosta muito tem dificuldades e problemas também. É preciso espelhar a vida de Jesus em nós e lidar com as pessoas com compaixão, baseado no amor de Cristo. Quero fazer parte de uma igreja assim, onde haja fervor no relacionamento com Deus e compaixão no relacionamento com o próximo – e o milagre da ressurreição de pessoas que estão mortas mesmo dentro da igreja por falta de compaixão! Que Deus nos abençoe.





Doar amor é uma das práticas mais importantes para que alcancemos equilíbrio e harmonia interior. Ela nos ajuda a ampliar nossa percepção acerca da vida e da estreita ligação que existe entre todos os seres.



Para muitas pessoas, a vida se resume em cobrar do mundo tudo aquilo de que se acham merecedoras. Fazer parte, ser incluído na abundância do Universo é um direito de todos nós. Mas apenas receber faz com que permaneçamos incompletos e não experimentemos a totalidade do ser.



A compaixão, a capacidade de doar amor sem condicioná-lo à retribuição é o meio mais eficaz de fazer com que o sentimento de plenitude esteja sempre presente em nós. E quando nos doamos, nossos problemas acabam se tornando menores e, muitas vezes, sendo até mesmo esquecidos.



O Mestre Osho revela mais uma vez sua preciosa sabedoria, quando nos fala sobre o poder terapêutico da compaixão.



“Somente a compaixão é terapêutica



...Tudo o que é doença no homem é causado pela falta de amor. Tudo o que está errado com o homem, está de alguma forma associado ao amor. Ele não tem sido capaz de amar ou ele não tem sido capaz de receber amor. Ele não tem sido capaz de compartilhar o seu ser. Essa é a miséria. Isso cria toda sorte de complexos internamente.



...Aquelas feridas internas podem vir à superfície de várias maneiras: elas podem se tornar doenças do físico e doenças mentais, mas no fundo o que o homem sofre é de falta de amor. Assim como o alimento é necessário para o corpo, o amor é necessário para a alma. O corpo não consegue sobreviver sem alimento e a alma não consegue sobreviver sem o amor. Somente no amor a pessoa vem a sentir que ela é mais do que o corpo, mais do que a mente.



...Compaixão é a forma mais pura de amor. Você também pode chamar a compaixão de prece. Você também pode chamar a compaixão de meditação. A forma mais elevada de energia é a compaixão. A palavra 'compaixão' é bela. Metade dela é 'paixão'. De alguma forma a paixão se tornou tão refinada que ela não é mais como uma paixão. Ela se tornou compaixão.



No amor existe gratidão, existe uma profunda gratidão. Você sabe que a outra pessoa não é uma coisa. Você sabe que o outro tem uma grandeza, uma personalidade, uma alma, uma individualidade. No amor você dá liberdade total ao outro. Na verdade você dá e você recebe, é uma relação de dar e receber, mas com respeito.



A compaixão é a mais elevada forma de amor. Muita coisa vem em troca, mil desdobramentos eu digo, mas esse não é o ponto, você não fica esperando por isto. Se não vier, não há qualquer reclamação. Se vier, você simplesmente fica surpreso. Se vier, isso será inacreditável. Se não vier, não há qualquer problema, você nunca dá o seu coração a alguém por qualquer barganha. Você simplesmente distribui porque você tem.



...O homem de compaixão é o homem mais rico, ele está no topo do mundo. Ele não tem qualquer confinamento, qualquer limitação. Ele simplesmente dá e segue o seu caminho. Ele nem mesmo espera você lhe dizer um muito obrigado. Com tremendo amor ele compartilha a sua energia.

É isso que eu chamo terapêutico. (...)

Para ser compassivo é preciso que se tenha, em primeiro lugar, compaixão por si mesmo. Se você não amar a si mesmo, você nunca será capaz de amar um outro alguém. Se você não for amável consigo mesmo, você não conseguirá ser amável com ninguém mais.



...Nós sempre pensamos que, para amar, nós precisamos de uma outra pessoa. Mas se você não aprender consigo mesmo, você não será capaz de praticar com os outros.

...A não ser que a compaixão tenha acontecido para você, não pense que você viveu corretamente, ou que você viveu de alguma maneira. Compaixão é o florescimento. E quando a compaixão acontece para uma pessoa, milhões são curadas. Qualquer um que chegue ao seu redor será curado. A compaixão é terapêutica."

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