Os Apóstolos Antigos - Parte 2, Presidente David O. McKay

~ terça-feira, 28 de dezembro de 2010


INFÂNCIA E MEIO

"A mocidade é como as plantas: desde os primeiros frutos que produzem nos fazem saber o que esperar no futuro".

Correndo ao norte do Lago de Utah, através de parte da Grande Bacia, e esvasiando-se no Grande Lago Salgado, o Mar Morto da América, acha-se o Rio Jordão. No Lago Utah a água é doce e há grande abundância de peixes; no Lago Salgado, como o próprio nome indica, a água é salgada; e tão salgada que os peixes nela não podem viver. Ao presidente Brigham Young e aos valorosos pioneiros que o acompanhavam, o Vale do Lago Salgado, com o Mar Morto refletindo os raios gloriosos do sol de Julho, eram sem dúvid.i a "terra prometida".

Muito longe, além do Oceano Atlântico, estendendo- se na parte oriental do Mar Mediterrâneo, encon-tra-se um outro mar salgado, um outro Rio Jordão e um outro lago doce, correndo o rio através da "Terra Prometida" ou a "Terra de Canaan". Contudo, se consultarmos um mapa daquele país, veremos que as posições relativas deste lago, rio e mar, são exatamente opostas às de Utah. Na Terra Santa, o lago, de água doce encontra-se ao norte, o Rio Jordão corre para o Sul, para dentro do Mar Morto.

A terra que contém estes três marcos importantes na história, tem vários nomes. Como mencionamos acima, é chamada a Terra Santa, também a Terra de Canaan, a Terra dos Hebreus, ou, ainda, a Casa de Israel, porque os filhos de Jacob um dia lá se estabeleceram. É 'ainda algumas vezes chamada a Terra de Judá, como se chamava um dos filhos de Jacob na Palestina, provavelmente por causa dos Filisteus que viveram, como sabemos, nos dias do menino pastor David.

Tamanho de Canaan — O Lago Salgado tem cerca de oitenta milhas de comprimento e quarenta de largura. A terra de Canaan tem quasi o dobro do comprimento e da largura, ou cento e setenta milhas de comprimento e oitenta de largura. A cidade de Dan encontrava-se ao Norte e Barsheba ao sul.

O lago de água doce da Terra Santa, também tem vários nomes. É geralmente conhecido como o Mar da
Galiléia, mas algumas vezes é chamado Mar de Tiberiades, Lago de Genezaré, Lago de Tiberíades e Mar de Ceneró. Tem cerca de dezesseis milhas de comprimento e seis de largura. "As (águas deste lago se encontram numa profunda bacia, rodeada de todos os lados por colinas, exceto a estreita entrada e saida do Jordão em cada extremo.

Este mar visto da cidade de Capernaum, que está situada perto da extremidade superior da encosta do lado ocidental, parece extremamente grande; seu maior comprimento vai de norte a sul. O aspecto estéril das montanhas que se vêem em ambos os lados e a completa ausência de madeira, dão contudo, uma aparência de tristeza à paisagem que é aumentada com a melancolia da calma morta de suas águas".

No lado ocidental deste lago encontrava-se unia das mais importantes regiões da Palestina, chamada Galiléia. Um escritor antigo diz que em certa ocasião esta província "continha duzentas e quatro cidades e vilarejos, com pelo menos quinze mil habitantes".

Betsaida — Em algum lugar desta província, próvàvelmente muito perto de Capernaum, achava-se uma cidadezinha chamada Betsaida. Havia uma outra cidade com o mesmo nome na parte noroeste, mas é em
Betsaida, perto de Capernaum, que agora estamos mais interessados. Deve ter sido perto do lago, porque
muitas das pessoas que lá viviam ganhavam a vida pescando, não com anzóis e linhas como os meninos pescam hoje em dia, mas com redes, que lançavam ao mar, e passavam pelo lago até que apanhassem os peixes que eram então arrastados para a praia.

Simão — Na casa de um desses pescadores, provavelmente alguns anos antes do nascimento do Salvador, nasceu um dia uma criança a quem seus pais chamaram Simão ou Simeão. Tinha um irmão chamado André (João 1:42-43). O nome de seu pai era Jonas ou Johanas, mas muito pouco se sabe a seu respeito e nada absolutamente a respeito de sua mãe. Nada definitivo se conhece a respeito da infância ou da mocidade de Simão. Contudo, podemos concluir sem medo de errar, pelo que sabemos dos costumes, crenças e práticas dos judeus de seu tempo, que ele vivia numa casa pequena de telhado chato, contendo pouca ou nenhuma
mobília. Sabemos também que em casa e na escola ele aprendeu tudo sobre os profetas no que hoje é o nosso Velho Testamento; que observou estritamente o dia do Sábado, e, o que é mais importante, aprendeu a esperar pelo dia em que o Salvador do mundo viria a Seu povo.

Em fantasia, podemos imaginar Simão, André e seus companheiros de brinquedos divertindo-se na praia da Galiléia; mas é somente em imaginação que podemos ver quaisquer dos acontecimentos da infância de Simão. "Podemos pensar nele. diz George L. Weed, "como um menino útil, auxiliando sua mãe nos deveres da casa — trazendo cuidadosamente as pequenas lâmpadas de argila vermelha para serem enfeitadas, ou o milho para ser amassado, o peixe que seu pai havia apanhado, o carvão para cozinhá-lo, o pão do forno, óleo e pães de mel para serem comidos por ele, ou água do riacho que corria na colina atrás da sua casa, em direção ao lago, ou enchendo as jarras de água ia porta. Não foi ele um orgulho para sua mãe quando pela primeira vez sacudindo a oliveira trouxe as azeitonas para ela como parte de sua refeição frugal, ou quando esparramava o milho e o cânhamo para secarem no telhado chato de sua casa, ao sol do verão? Não foi ele um orgulho para seu pai quando pela primeira vez tomou o remo e mergulhou-o na onda, ajudou a lançar a rede e contou os peixes que haviam apanhado? Ele admirava o voo das pardais e colhia flores — papoulas, margaridas e anémonas — como aquelas das quais o Grande Mestre, a quem ele ainda não conhecia, ensinaria a ele lições de sabedoria e amor. Infantilmente ele colhia conchinhas à beira-mar e fazia buracos na branca areia da praia com um pedaço de pau com o mesmo prazer que uma criança moderna brinca na praia com sua pàzinha e seu balde.

Nenhum dos pescadores que viram Simão com seus companheiros brincando com redes e barcos, jamais suspeitou que quando ele crescesse estaria entre os maiores homens do mundo!

Alguns escritores nos dizem que os Galileus eram geralmente corajosos, destemidos e amavam a liberdade. Os homens davam bons soldados, pois eram "ousados e intrépidos". O menino Simão, ao se tornar adulto, deve ter admirado os homens corajosos que havia ao seu redor, pois ele também se tornou um homem de caráter forte, como vemos pelo primeiro incidente de sua vida que foi registrado.

O NOME DE SIMÃO É MUDADO

Logo após ter Simão se tornado adulto, veio um homem do deserto do Jordão, vestido somente com pêlo de camelo e uma túnica de couro em seus quadris, mas pregando com tal poder que o povo da "Judéia e de todas as regiões ao redor" vieram ouvi-lo. Este grande pregador era João Batista, o precursor de Cristo.
Entre aqueles que vieram ouvi-lo encontrava-se Simão que, sem dúvida alegrou-se ao ouvir este pregador do Arrependimento declarar que o Filho do Homem deveria em breve se manifestar na terra. Simão, André e alguns de seus amigos, creram no que João Batista pregava.

Um dia, quando juntamente com alguns de seus seguidores, João se encontrava perto de Betabara (uma palavra que significa encruzilhada) vendo Jesus que se dirigia para ele, disse: "Eis aqui o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um varão que já foi antes de mim; porque já era primeiro do que eu".

No dia seguinte, 'italvez pelas proximidades das dez da manhã, João estava falando com dois discípulos, eram eles André, irmão de Simão, e João. Caminhando a curta distância deles se achava o mesmo homem a quem João havia apontado no dia anterior, como o Cordeiro de Deus. "E vendo por ali andar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isto e seguiram a Jesus".

O Irmão de Simão crê em Jesus — Aceitando o convite de Jesus para acompanhá-lo até onde estava morando, estes dois homens permaneceram com Ele, ouvindo Suas palavras durante o resto do dia. Ao partirem, acreditavam que Jesus fosse o Rei de Israel, o Salvador do mundo. Assim foram eles naquele dia, os primeiros, dois, além de João Batista, a crer em Jesus.

Sempre que temos algo que é muito bom, queremos partilhar com os que amamos. Assim aconteceu com estes dois irmãos. Logo que sentiram a influência divina irradiar do Salvador, encheram-se de grande vontade de fazer com que os que amavam ficassem sob a mesma influência. André saiu a procurar seu irmão Simão e João seu irmão Tiago. André encontrou Simão primeiro e disse: "Já achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)".

Simão é chamado Cefas — E ele o trouxe a Jesus quando Este o viu, disse: "Tu és Simão, filho de Jonas; lu -serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)". Naqueles dias os judeus falavam a língua hebraica, mas o Novo Testamento foi escrito em grego. Em hebraico, Cefas significa "pedra", mas em grego a palavra pedra é "Petras" ou Pedro. Assim, daquele momento em diante, Simão foi conhecido como Simão Pedro, ou Simão a Rocha.

Quando pensamentos neste mundo maravilhoso no qual vivemos, em suas grandes divisões de terra chamadas continentes, que no continente ocidental se encontram os países da Europa, Ásia, África; que num cantinho da Ásia, há uma faixa de terra quase só duas vezes maior do que o Lago Salgado; que naquela faixa de terra havia uma divisão como um de nossos estados, chamada Galiléia; que nesta província havia mais de duzentas cidades e que em cada cidade habitavam vários milhares de pessoas, entre as quais um dia nasceu um menino cujos pais eram desconhecidos, e que este menino cresceu para se tornar um homem de tal caráter que Jesus o chamou "A Rocha" e que durante mil e novecentos anos ele foi conhecido e honrado por milhões e milhões de pessoas, precisamos compreender, mesmo em nossa mocidade, que um nascimento humilde não é um impecilho para a grandeza!


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