Ser Valente no Testemunho de Jesus, Bruce R. McConkie




Na conferência geral de outubro de 1974, o Élder Bruce R. McConkie definiu o que significa S E R  V A L E N T E”: O que significa ser valente no testemunho de Jesus? Significa ser corajoso e intrépido; usar de toda a força, energia e capacidade na luta com o mundo, combater o bom combate da fé... A grande pedra angular da coragem, na causa da justiça, é a obediência a toda a lei e a todo o evangelho. Ser valente no testemunho de Jesus é vir ‘a Cristo, sede perfeitos nele’, significa negar-nos a ‘todas as impurezas’ e amarmos a Deus, com todo ‘poder, mente e força’ (Morôni 10:32). Ser valentes no testemunho de Jesus significa crer em Cristo e em seu evangelho, com convicção inabalável. Significa conhecer a veracidade e divindade da obra do Senhor na terra. Mas isso não é tudo, é preciso mais do que crer e conhecer. Precisamos ser praticantes da palavra e não somente ouvintes. Significa mais do que dizer palavras: não é simplesmente confessar com os lábios que o Salvador é o Filho de Deus. É, sim, a obediência, submissão e justiça. ‘Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.’ (Mateus 7:21.) Ser valente no testemunho de Jesus é ‘prosseguir para frente com firmeza em Cristo, tendo uma esperança resplandecente e amor a Deus e a todos os homens.’ Significa ‘perseverar até o fim’. (2 Nefi 31:2.) Significa viver a religião, praticar o que pregamos, guardar os mandamentos. É a manifestação da ‘religião pura’ na vida dos homens; significa ‘visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações’, guardando-nos ‘da corrupção do mundo’. (Tiago 1:27.) Ser valentes no testemunho de Jesus é refrear paixões, controlar os apetites, sobrepujar as coisas carnais e diabólicas. É VENCER O MUNDO ou como fez aquele que é nosso protótipo e que foi o mais valente de todos os filhos de nosso Pai. É ser moralmente limpo, pagar os dízimos e ofertas, guardar o Dia do Senhor, orar com plenos propósitos de coração, sacrificar tudo, se assim nos for pedido. Ser valente no testemunho de Cristo é permanecer ao lado do Senhor em tudo. É votar como ele votaria; é pensar como ele pensaria, acreditar como ele acreditaria, dizer o que ele diria, fazer o que ele faria na mesma situação. É ter a mente de Cristo e ser um com Ele, como Ele é um com o Pai.” (Sejam Valentes na Luta pela Fé”, A Liahona, abril de 1975, pp. 40-41.)


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Os Apóstolos Antigos - Parte 2, Presidente David O. McKay



INFÂNCIA E MEIO

"A mocidade é como as plantas: desde os primeiros frutos que produzem nos fazem saber o que esperar no futuro".

Correndo ao norte do Lago de Utah, através de parte da Grande Bacia, e esvasiando-se no Grande Lago Salgado, o Mar Morto da América, acha-se o Rio Jordão. No Lago Utah a água é doce e há grande abundância de peixes; no Lago Salgado, como o próprio nome indica, a água é salgada; e tão salgada que os peixes nela não podem viver. Ao presidente Brigham Young e aos valorosos pioneiros que o acompanhavam, o Vale do Lago Salgado, com o Mar Morto refletindo os raios gloriosos do sol de Julho, eram sem dúvid.i a "terra prometida".

Muito longe, além do Oceano Atlântico, estendendo- se na parte oriental do Mar Mediterrâneo, encon-tra-se um outro mar salgado, um outro Rio Jordão e um outro lago doce, correndo o rio através da "Terra Prometida" ou a "Terra de Canaan". Contudo, se consultarmos um mapa daquele país, veremos que as posições relativas deste lago, rio e mar, são exatamente opostas às de Utah. Na Terra Santa, o lago, de água doce encontra-se ao norte, o Rio Jordão corre para o Sul, para dentro do Mar Morto.

A terra que contém estes três marcos importantes na história, tem vários nomes. Como mencionamos acima, é chamada a Terra Santa, também a Terra de Canaan, a Terra dos Hebreus, ou, ainda, a Casa de Israel, porque os filhos de Jacob um dia lá se estabeleceram. É 'ainda algumas vezes chamada a Terra de Judá, como se chamava um dos filhos de Jacob na Palestina, provavelmente por causa dos Filisteus que viveram, como sabemos, nos dias do menino pastor David.

Tamanho de Canaan — O Lago Salgado tem cerca de oitenta milhas de comprimento e quarenta de largura. A terra de Canaan tem quasi o dobro do comprimento e da largura, ou cento e setenta milhas de comprimento e oitenta de largura. A cidade de Dan encontrava-se ao Norte e Barsheba ao sul.

O lago de água doce da Terra Santa, também tem vários nomes. É geralmente conhecido como o Mar da
Galiléia, mas algumas vezes é chamado Mar de Tiberiades, Lago de Genezaré, Lago de Tiberíades e Mar de Ceneró. Tem cerca de dezesseis milhas de comprimento e seis de largura. "As (águas deste lago se encontram numa profunda bacia, rodeada de todos os lados por colinas, exceto a estreita entrada e saida do Jordão em cada extremo.

Este mar visto da cidade de Capernaum, que está situada perto da extremidade superior da encosta do lado ocidental, parece extremamente grande; seu maior comprimento vai de norte a sul. O aspecto estéril das montanhas que se vêem em ambos os lados e a completa ausência de madeira, dão contudo, uma aparência de tristeza à paisagem que é aumentada com a melancolia da calma morta de suas águas".

No lado ocidental deste lago encontrava-se unia das mais importantes regiões da Palestina, chamada Galiléia. Um escritor antigo diz que em certa ocasião esta província "continha duzentas e quatro cidades e vilarejos, com pelo menos quinze mil habitantes".

Betsaida — Em algum lugar desta província, próvàvelmente muito perto de Capernaum, achava-se uma cidadezinha chamada Betsaida. Havia uma outra cidade com o mesmo nome na parte noroeste, mas é em
Betsaida, perto de Capernaum, que agora estamos mais interessados. Deve ter sido perto do lago, porque
muitas das pessoas que lá viviam ganhavam a vida pescando, não com anzóis e linhas como os meninos pescam hoje em dia, mas com redes, que lançavam ao mar, e passavam pelo lago até que apanhassem os peixes que eram então arrastados para a praia.

Simão — Na casa de um desses pescadores, provavelmente alguns anos antes do nascimento do Salvador, nasceu um dia uma criança a quem seus pais chamaram Simão ou Simeão. Tinha um irmão chamado André (João 1:42-43). O nome de seu pai era Jonas ou Johanas, mas muito pouco se sabe a seu respeito e nada absolutamente a respeito de sua mãe. Nada definitivo se conhece a respeito da infância ou da mocidade de Simão. Contudo, podemos concluir sem medo de errar, pelo que sabemos dos costumes, crenças e práticas dos judeus de seu tempo, que ele vivia numa casa pequena de telhado chato, contendo pouca ou nenhuma
mobília. Sabemos também que em casa e na escola ele aprendeu tudo sobre os profetas no que hoje é o nosso Velho Testamento; que observou estritamente o dia do Sábado, e, o que é mais importante, aprendeu a esperar pelo dia em que o Salvador do mundo viria a Seu povo.

Em fantasia, podemos imaginar Simão, André e seus companheiros de brinquedos divertindo-se na praia da Galiléia; mas é somente em imaginação que podemos ver quaisquer dos acontecimentos da infância de Simão. "Podemos pensar nele. diz George L. Weed, "como um menino útil, auxiliando sua mãe nos deveres da casa — trazendo cuidadosamente as pequenas lâmpadas de argila vermelha para serem enfeitadas, ou o milho para ser amassado, o peixe que seu pai havia apanhado, o carvão para cozinhá-lo, o pão do forno, óleo e pães de mel para serem comidos por ele, ou água do riacho que corria na colina atrás da sua casa, em direção ao lago, ou enchendo as jarras de água ia porta. Não foi ele um orgulho para sua mãe quando pela primeira vez sacudindo a oliveira trouxe as azeitonas para ela como parte de sua refeição frugal, ou quando esparramava o milho e o cânhamo para secarem no telhado chato de sua casa, ao sol do verão? Não foi ele um orgulho para seu pai quando pela primeira vez tomou o remo e mergulhou-o na onda, ajudou a lançar a rede e contou os peixes que haviam apanhado? Ele admirava o voo das pardais e colhia flores — papoulas, margaridas e anémonas — como aquelas das quais o Grande Mestre, a quem ele ainda não conhecia, ensinaria a ele lições de sabedoria e amor. Infantilmente ele colhia conchinhas à beira-mar e fazia buracos na branca areia da praia com um pedaço de pau com o mesmo prazer que uma criança moderna brinca na praia com sua pàzinha e seu balde.

Nenhum dos pescadores que viram Simão com seus companheiros brincando com redes e barcos, jamais suspeitou que quando ele crescesse estaria entre os maiores homens do mundo!

Alguns escritores nos dizem que os Galileus eram geralmente corajosos, destemidos e amavam a liberdade. Os homens davam bons soldados, pois eram "ousados e intrépidos". O menino Simão, ao se tornar adulto, deve ter admirado os homens corajosos que havia ao seu redor, pois ele também se tornou um homem de caráter forte, como vemos pelo primeiro incidente de sua vida que foi registrado.

O NOME DE SIMÃO É MUDADO

Logo após ter Simão se tornado adulto, veio um homem do deserto do Jordão, vestido somente com pêlo de camelo e uma túnica de couro em seus quadris, mas pregando com tal poder que o povo da "Judéia e de todas as regiões ao redor" vieram ouvi-lo. Este grande pregador era João Batista, o precursor de Cristo.
Entre aqueles que vieram ouvi-lo encontrava-se Simão que, sem dúvida alegrou-se ao ouvir este pregador do Arrependimento declarar que o Filho do Homem deveria em breve se manifestar na terra. Simão, André e alguns de seus amigos, creram no que João Batista pregava.

Um dia, quando juntamente com alguns de seus seguidores, João se encontrava perto de Betabara (uma palavra que significa encruzilhada) vendo Jesus que se dirigia para ele, disse: "Eis aqui o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um varão que já foi antes de mim; porque já era primeiro do que eu".

No dia seguinte, 'italvez pelas proximidades das dez da manhã, João estava falando com dois discípulos, eram eles André, irmão de Simão, e João. Caminhando a curta distância deles se achava o mesmo homem a quem João havia apontado no dia anterior, como o Cordeiro de Deus. "E vendo por ali andar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isto e seguiram a Jesus".

O Irmão de Simão crê em Jesus — Aceitando o convite de Jesus para acompanhá-lo até onde estava morando, estes dois homens permaneceram com Ele, ouvindo Suas palavras durante o resto do dia. Ao partirem, acreditavam que Jesus fosse o Rei de Israel, o Salvador do mundo. Assim foram eles naquele dia, os primeiros, dois, além de João Batista, a crer em Jesus.

Sempre que temos algo que é muito bom, queremos partilhar com os que amamos. Assim aconteceu com estes dois irmãos. Logo que sentiram a influência divina irradiar do Salvador, encheram-se de grande vontade de fazer com que os que amavam ficassem sob a mesma influência. André saiu a procurar seu irmão Simão e João seu irmão Tiago. André encontrou Simão primeiro e disse: "Já achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)".

Simão é chamado Cefas — E ele o trouxe a Jesus quando Este o viu, disse: "Tu és Simão, filho de Jonas; lu -serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)". Naqueles dias os judeus falavam a língua hebraica, mas o Novo Testamento foi escrito em grego. Em hebraico, Cefas significa "pedra", mas em grego a palavra pedra é "Petras" ou Pedro. Assim, daquele momento em diante, Simão foi conhecido como Simão Pedro, ou Simão a Rocha.

Quando pensamentos neste mundo maravilhoso no qual vivemos, em suas grandes divisões de terra chamadas continentes, que no continente ocidental se encontram os países da Europa, Ásia, África; que num cantinho da Ásia, há uma faixa de terra quase só duas vezes maior do que o Lago Salgado; que naquela faixa de terra havia uma divisão como um de nossos estados, chamada Galiléia; que nesta província havia mais de duzentas cidades e que em cada cidade habitavam vários milhares de pessoas, entre as quais um dia nasceu um menino cujos pais eram desconhecidos, e que este menino cresceu para se tornar um homem de tal caráter que Jesus o chamou "A Rocha" e que durante mil e novecentos anos ele foi conhecido e honrado por milhões e milhões de pessoas, precisamos compreender, mesmo em nossa mocidade, que um nascimento humilde não é um impecilho para a grandeza!




Share/Bookmark ~ terça-feira, 28 de dezembro de 2010 0 Comentários

Uma imagem de Cristo não foi queimada pelas chamas


No violento incêndio que destruiu este fim de semana o Tabernáculo Mórmon de Provo, com todo o equipamento de gravação de som e imagem que se encontrava no seu interior para a apresentação do espetáculo “Glória” foi retirado do seu interior um quadro emoldurado, queimado à volta da imagem de Cristo, porém a sua figura manteve-se imune às chamas como a foto documenta.


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A Historicidade Do Livro De Mórmon, Elder Dallin H. Oaks



Alguns que se intitulam Santos dos Últimos Dias crentes estão advogando que os Santos deviam "abandonar a afirmação de que [O Livro de Mórmon] é um registro histórico dos povos antigos das Américas" [1] Eles estão promovendo a possibilidade de se ler e usar o Livro de Mórmon como nada mais do que uma ficção piedosa com algum conteúdo valioso. Esses praticantes das chamadas "críticas mais elevadas" levantam a questão de se o Livro de Mórmon, que nossos profetas têm colocado como a escritura preeminente desta dispensação, é um fato ou uma fábula ou apenas estória.
A historicidade - autenticidade histórica - do Livro de Mórmon é uma questão tão fundamental que se coloca em primeiro lugar sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, que é o primeiro princípio em si, como em todos os demais assuntos. De fato, no concernente à historicidade do Livro de Mórmon, existem muitas questões subsidiárias que poderiam cada uma ser assunto de um livro. Não é meu propósito comentar qualquer dessas questões menores, igualmente aquelas que são ditas confirmarem o Livro de Mórmon ou aquelas que dizem, o desaprovam.
Aquelas questões menos importantes merecem atenção. Em discurso anterior a este grupo, Elder Neal A. Maxwell citou explicação de Austin Farrer:
Embora um argumento não crie convicção, a falta dele destrói a crença. O que parece provado pode não ser abraçado; mas aquilo que ninguém demonstra habilidade em defender é rapidamente abandonado. Argumento racional não produz crença, mas mantém um clima através do qual a crença pode florescer. (Austin Farrer, em C. S. Lewis.)
Dessas observações procurarei usar o argumento racional, mas não me fiarei em nenhuma prova. Eu tratarei a questão da historicidade do Livro de Mórmon do ponto de vista da fé e revelação. Sustento que a questão da historicidade do Livro de Mórmon é basicamente a diferença entre aqueles que fiam exclusivamente no conhecimento e aqueles que confiam numa combinação de conhecimento, fé e revelação. Aqueles que confiam exclusivamente no conhecimento rejeitam a revelação cumprem a profecia de Nefi de que nos últimos dias os homens "ensinarão com o seu saber e negarão o Espírito Santo, o qual inspira o que dizer." (2 Néfi 28:4). Os praticantes dessa assertiva focalizam tipicamente um limitado número de questões, tais como a geografia ou "cavalos" ou ministério de anjos ou modelos lingüísticos do século dezenove. Eles ignoram ou acham inacreditável a complexidade do registro do Livro de Mórmon. Aqueles que confiam no conhecimento, fé e revelação procuram olhar para o completo espectro das questões, conteúdo, tanto quanto o vocabulário, revelação igualmente a escavação - ( arqueologia.).
Falando por um instante como alguém cuja profissão é a advocacia, sugiro que, se alguém deseja conhecer a importância da fé e a realidade de um campo além da compreensão humana, o Livro de Mórmon é a hipótese de maior peso a ser debatida. A hipótese contrária à historicidade do Livro de Mórmon tem de provar-se negativa. Não se pode provar uma negativa por ater-se a apenas em um ponto do oponente ou por fundamentar-se em alguns argumentos subsidiários.
Para mim, essa introspecção óbvia leva de volta a mais de quarenta anos atrás, à primeira aula que recebi sobre o Livro de Mórmon, na BYU. A aula intitulava-se, um tanto audaciosamente, a "A Arqueologia do Livro de Mórmon". Em retrospecto acredito que ela deveria denominar-se algo como "Um Antropólogo Examina Alguns Objetos de Interesse para os Leitores do Livro de Mórmon". Aqui sou introduzido à idéia de que o Livro de Mórmon não é uma história de todo o povo que viveu nos continentes Norte e Sul Americanos em todas as idades da terra. Naquele tempo acreditei que assim fosse. Se essa fosse a afirmativa do Livro de Mórmon, qualquer pedaço de prova histórica, arqueológica ou lingüistica ao contrário pesaria contra o Livro de Mórmon, e aqueles que confiam exclusivamente em conhecimento teriam posição promissora com que argumentar.
Ao contrário, se o Livro de Mórmon significa apenas um registro de alguns povos que habitaram uma porção das Américas durante uns poucos milênios no passado, o peso da argumentação muda drasticamente. Não é mais uma questão de todos contra nenhum; é uma questão de alguns contra ninguém. Em outras palavras, nas circunstâncias que descrevo, os oponentes à historicidade têm de provar que o Livro de Mórmon não possui validade histórica para qualquer povo que viveu nas Américas em um dado período de tempo, um exercício notoriamente difícil. Não se pode prevalecer nessa proposição por provar-se que uma cultura esquimó particular representa a migração vinda da Ásia. Os oponentes da historicidade do Livro de Mórmon devem provar que os primeiros povos cuja vida religiosa ele registra não viveram em lugar algum das Américas.
Um outro modo de explicar a força positiva da posição sobre a historicidade do Livro de Mórmon é demonstrar que nós, seus proponentes, estamos satisfeitos com um impasse nessa questão. Investigação honesta concluirá que existem tantas provas de que o Livro de Mórmon é um texto antigo que eles não podem resolver a questão de forma aceitável contra sua autenticidade, a despeito de algumas questões não respondidas que parecem servir de suporte a sua determinação negativa. Nessa circunstância, os proponentes do Livro de Mórmon podem sentar-se para uma ação ou um jure incapaz de chegar a um veredicto sobre a questão da historicidade e manter uma continuidade até que a controvérsia possa ser levada a outro fórum.
De fato, é nossa posição que provas seculares não podem quer provar ou desaprovar a autenticidade do Livro de Mórmon. Sua autenticidade depende, como ele mesmo diz, de um testemunho do Espírito Santo. Nosso lado jogará até para um empate, mas aqueles que negam a historicidade do Livro de Mórmon não podem sentar-se para um empate. Eles podem tentar anular a autenticidade de sua historicidade - ou eles parecem sentir uma necessidade em assim fazer - e nisto não têm sucesso porque mesmo a prova secular, vista em sua totalidade, é muito complexa para tanto.
Hugh Nibley estabeleceu um ponto relacionado quando escreveu:
A primeira regra para a crítica histórica em lidando com o Livro de Mórmon ou qualquer outro texto antigo é, jamais supersimplificar. Devido a todo seu estilo básico e narrativa direta, esta história está repleta, como poucas outras estão, com uma estonteante riqueza de detalhes que escapa completamente ao leitor casual... Somente preguiça e vaidade leva um estudante à precipitada convicção de que ele tem a última palavra sobre o que o Livro de Mormon contém. (2)
Abrindo um parênteses, eu citaria como ilustração desse ponto a língua, a cultura e a matéria descrita em apoio à autenticidade do Livro de Mórmon encontrada na edição persuasiva de Orson Scott Card, "O Livro de Mórmon - Artefato ou Artífice?" (3)
Admiro aqueles estudiosos para quem conhecimento não exclui fé e revelação. Faz parte de minha fé e experiência que o Criador espera que nós usemos o poder do raciocínio como nos concedeu, e que ele também espera que exercitemos nosso dom divino de fé e cultivemos nossa capacidade de ensinar através de revelação divina. Mas essas coisas não vêm sem busca. Aqueles que utilizam o conhecimento e desprezam fé e revelação deveriam ponderar a pergunta do Salvador: Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem de Deus?" (João 5:44).
Deus nos convida a arrazoar com Ele, mas acho significativo que o arrazoar a que Deus nos convida está ligado a realidades espirituais e maturidade mais do que descobertas oriundas do conhecimento ou credenciais. Três vezes nas revelações modernas o Senhor falou a respeito de arrazoar com seu povo. (D&C 45:10, 15; 50:10-12; 61:13; também vejam Isaías 1:18.) É significativo que todas essas revelações foram dirigidas a pessoas que já haviam feito convênio com o Senhor - aos elderes de Israel e aos membros de sua Igreja Restaurada.
Na primeira dessas revelações o Senhor disse que Ele havia enviado seu convênio eterno ao mundo, para ser uma luz para o mundo, um estandarte para seu povo. "Portanto entrai nele; e com aquele que vier eu arrazoarei, como fiz com os homens em dias passados; e mostrar-vos-ei meu forte argumento." (D&C 45:10). Assim, essa oferta divina de arrazoar foi dirigida àqueles que haviam demonstrado fé em Deus, que haviam se arrependido de seus pecados, que haviam feito convênios sagrados com o Senhor nas águas do batismo, e que receberam o Espírito Santo, que testifica do Pai e do Filho e guia-nos à verdade. Esse era o grupo a quem o Senhor ofereceu (e oferece) para ampliar sua compreensão através do raciocínio e da revelação.
Alguns críticos dos santos dos últimos dias que negam a historicidade do Livro de Mórmon procuram tornar suas interpretações propostas persuasivas aos Santos por elogiarem ou afirmarem o valor de parte do conteúdo do livro. Aqueles que aceitam essa interpretação assumem a significativa carga de explicar como eles podem exaltar o conteúdo de um livro que descartam como sendo uma fábula. Jamais consegui compreender interpretação semelhante com referência à divindade do Salvador. Como sabemos, alguns estudiosos e alguns ministros proclamam-No um grande mestre e a seguir têm de explicar como alguém que deu tão sublimes ensinamentos poderia proclamar a si mesmo (falsamente, dizem) ser o Filho de Deus que seria ressuscitado dos mortos.
Os críticos com novo estilo enfrentam o mesmo problema com o Livro de Mórmon. Por exemplo, temos de afirmar o valor dos ensinamentos registrados com o nome de um homem chamado Moroni, mas se esses ensinamentos têm valor, como explicar essas afirmações também atribuídas a esse homem?
E se há falhas (nesse registro) serão falhas de um homem. Mas eis que não conhecemos falha alguma; não obstante, Deus conhece todas as coisas; portanto, aquele que condena, que tenha cuidado para não se expor ao perigo do fogo do inferno. (Mormon 8:17).
E exorto-vos a que recordeis estas coisas; porque se aproxima rapidamente a hora em que sabereis que não minto, pois ver-me-eis no tribunal de Deus; e o Senhor Deus dir-vos-á: não vos anunciei minhas palavras, que foram escritas por este homem como alguém que clamasse dentre os mortos, sim, como alguém que falasse do pó? (Moro.10:27).
Há algo estranho com relação a aceitar-se a moral ou o conteúdo religioso de um livro enquanto se rejeita a veracidade das declarações, predições e afirmações de seu autor. Essa interpretação não apenas rejeita os conceitos de fé e revelação que o Livro de Mórmon explica e advoga. Essa interpretação nem mesmo representa bom conhecimento.
Neste ponto não posso resistir em recordar as palavras de um valoroso colega e amigo, já falecido. Esse famoso Professor de Direito disse a uma classe de primeiro ano de uma Faculdade de Direito da Universidade de Chicago que juntamente com tudo o mais, um advogado deve ser também um estudioso. E continuou:
Que isso tem seu encanto será recordado a vocês pelas palavra de um velho estudioso judeu: "Lixo é lixo; mas a história do lixo - isso é conhecimento". (4)
Essa fascinante ilustração nos relembra que conhecimento pode pegar o que é mundano e torná-lo sublime. Assim como essa história do lixo. Mas conhecimento, assim denominado, pode também pegar o sublime e torná-lo mundano. Dessarte, meu amigo poderia ter ilustrado seu ponto de vista por dizer, "Milagres são apenas fábulas, mas a história dos milagres, isso é conhecimento." Assim também com o Livro de Mórmon. Aqueles que apenas respeitam este livro como um objeto de conhecimento têm uma perspectiva muito diferente daqueles que o acatam como a palavra revelada de Deus.
Conhecimento e provas físicas são valores universais. Compreendo seu valor, e tenho tido alguma experiência com o uso deles. Tais técnicas falam a muitos segundo sua maneira de compreensão. Mas existem outros métodos e valores, também, e não devemos estar comprometidos com conhecimento que nos leve a fechar nossos olhos e ouvidos e corações àquilo que não pode ser demonstrado pelo conhecimento ou defendido de acordo com provas físicas e raciocínio intelectual.
Para citar outra ilustração, história - até mesmo a história da Igreja - não é redutível a economia ou geografia ou sociologia, embora cada uma dessas disciplinas tenham algo a ensinar quanto a este assunto. Sobre o assunto história, o Presidente Gordon B. Hinckley comentou a respeito dos críticos que espalham informação aviltante e depreciativa a respeito de nossos antepassados.
Reconhecemos que nossos antepassados eram humanos. Sem dúvida cometeram erros... Mas os erros eram de somenos importância, quando comparados com o trabalho maravilhoso que realizaram. Para realçar os erros e interpretar além do maior bem é o mesmo que desenhar uma caricatura. Caricaturas são interessantes, mas são freqüentemente feias e desonestas. Um homem pode ter uma mancha em sua face e ainda ter uma face bonita e forte, mas se a mancha for enfatizada indevidamente com relação a suas outras feições, o retrato estará carente de integridade...
Não temo a verdade. Eu a faço bem-vinda. Mas quero todos os meus atos em seu próprio contexto, com ênfase naqueles elementos que explicam o grande crescimento e poder desta organização. (5)
No capítulo 16 de Mateus, lemos como Jesus ensinou a Pedro o importante contraste entre agir-se sobre o testemunho do Espírito e agir sobre raciocínio dependente da maneira do mundo.
E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipo, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?
E eles disseram: Uns João Batista, outros Elias, e outros Jeremias ou um dos Profetas.
Disse-lhes Ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
E Simão Pedro, respondendo disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está no Céu.
Então mandou seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo. (Mateus 16:13-17, 20).
Esse foi o ensinamento do Senhor sobre o valor da revelação pelo Espírito ("Bem-aventurado és tu, Simão Barjona"). Nos três versículos seguintes desse mesmo capítulo 16 de Mateus temos o ensinamento severo do Salvador sobre o contrastante valor do raciocínio desse mesmo apóstolo com relação aos valores mundanos:
Desde então começou Jesus a mostrar a seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.
E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo: Senhor, tem compaixão de Ti; de modo nenhum Te acontecerá isso.
Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, porque me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens. ( versículos 21-23).
Sugiro que fazemos a mesma coisa e merecemos a mesma repreensão como Pedro, sempre que submetemos um testemunho do Espírito ("as coisas que são de Deus") às obras de estudiosos ou ao produto de nosso próprio raciocínio baseado nos valores do mundo (as coisas que "são dos homens").
O raciocínio humano não pode colocar limites a Deus ou diluir a força dos mandamentos e revelações divinos. Pessoas que permitem que isso aconteça identificam-se com os descrentes nefitas que rejeitaram o profeta Samuel. O Livro de Mórmon diz, "Eles começaram a discutir e a discordar entre si, dizendo: Não é razoável que venha alguém como um Cristo"; (Hel.16:17-18). Pessoas que praticam esse tipo de "raciocínio" negam a si mesmos a escolha da experiência que alguém descreveu como nosso coração nos dizendo coisas que nossa mente não conhece. (6)
Tristemente, alguns Santos dos Últimos Dias ridicularizam outros por sua confiança em revelação. Tal ridículo tende a proceder daqueles cujas credenciais acadêmicas são elevadas, mas possuem credenciais espirituais baixas. (7).
O maior significado do Livro de Mórmon é seu testemunho sobre Jesus Cristo como o unigênito de Deus o Pai Eterno que nos redime e salva da morte e pecado. Se um registro ergue-se como preeminente testemunha de Jesus Cristo, como pode não fazer qualquer diferença se o registro é um fato ou uma fábula - se as pessoas realmente viveram e profetizaram de Cristo e foram testemunhas oculares de sua aparição a eles?
Enquanto Jack Welch e eu discutimos o tópico de meu discurso esta manhã, ele observou que essa nova onda de anti-historicidade "pode ser uma nova caçoada na área de Salt Lake City, mas ela tem estado presente em um grande número de outros vizinhanças cristãs por várias décadas."
Em verdade! O argumento de que não faz diferença se o Livro de Mórmon é um fato ou uma fábula é certamente irmão do argumento de que não faz diferença se Jesus Cristo jamais viveu. Com sabemos, existem muitos mestres pseudocristãos que esposam os ensinos e negam o Mestre. Além disso, existem aqueles que até mesmo negam a existência ou o conhecimento de Deus. Sua parte no Mormonismo abraça alguns ensinamentos do Livro de Mórmon mas nega sua historicidade.
Há dois meses, quando eu estava examinando a revista Cronicles, publicada por Rockford Institute (da qual fui diretor por cerca de 15 anos), fui atraído pelo título de uma crítica literária, "Quem precisa de um Jesus Histórico?", (8) e a formidável reputação de seu autor. Jacob Neusner, que é Doutor, Rabi e Professor, fez a crítica de dois livros cujos títulos incluem as palavras "Jesus histórico". Seus comentários são persuasivos quanto ao assunto da historicidade em geral.
Neusner preza esses dois livros, um deles "um livro imensamente poderoso e poético... escrito por um grande escritor que é também um estudioso original e de peso" e o outro "uma obra prima de sabedoria". Não obstante seus tributos à técnica deles, Neusner de forma direta desafia a conveniência do esforço que os autores se impuseram. Seu esforço, típico no mundo dos estudiosos hoje em dia, foi o de usar uma leitura céptica das escrituras mais do que a de um crente, a fim de apresentar um estudo histórico que "distinguiria o fato da ficção, o mito da lenda de acontecimentos autênticos." Em assim procedendo, a leitura céptica dos evangelhos" levou-os a admitir que o Jesus dos Evangelhos não é o Jesus que realmente viveu. Isso ainda lhes causou a suposição de que os historiadores podem conhecer a diferença.
Na descrição seguinte eu tomei a liberdade de parafrasear a crítica de Neusner. Cito, então, suas conclusões:
Nenhum trabalho histórico explica a si mesmo de modo tão sem ingenuidade quanto o trabalho a respeito do Jesus histórico: do começo, meio e fim, a questão é teológica. (9)
Certamente nenhuma questão guarda implicações teológicas mais profundas para os cristãos do que o que a pessoa que acredita ser a incarnação real de Deus, de fato, verdadeiramente falou e realizou aqui na terra. O método histórico, entretanto, que nada conhece do sobrenatural e olha para os milagres com estupefação sem reservas, supõe poder contestá-los. (10)
Demonstrações, entretanto, (históricas ou qualquer outra) a respeito dos fundadores de religião apresentam uma verdade de uma outra espécie. Tais demonstrações não apenas difundem implicações de maior peso, mas elas apelam para fontes distintas da espécie que registram o que George Washington fez certo dia em 1775. Elas são baseadas sobre revelação, não em mera informação; elas clamam, e todos que as valorizam acreditam, que têm sua origem na revelação de Deus ou na inspiração. Esperar que os Evangelhos dêem histórico mais do que verdades evangélicas confunde a verdade teológica com fato histórico, rebaixando-os à medida deste mundo, tratando Jesus precisamente como o oposto do que a cristandade O tem sempre aceitado como sendo, o que é único.
Quando falamos a respeito do "Jesus histórico", todavia, nós dissecamos um assunto sagrado com um bisturi secular, e na confusão das categorias da verdade o paciente morre na mesa de operação; o cirurgião esquece porque fôra feita a incisão; remove o coração e negligencia sua colocação de volta. A afirmação "Um e um são dois", ou "A Convenção Constitucional reuniu-se em 1787", simplesmente não são da mesma ordem que "Moisés recebeu o Torah no Sinai" ou "Jesus Cristo é o Filho de Deus".
O que a evidência histórica pode nos dizer se alguém realmente ressurgiu da morte, ou o que Deus disse ao profeta no Sinai? Não consigo identificar um método histórico igual ao trabalho de examinar o clamor de que o Filho de Deus nasceu de uma virgem. E como os historiadores acostumados a explicar as causas da Guerra Civil falam de milagres, ou os homens ressurgindo da morte, e de outros assuntos relacionados à crença estrangeira? Historiadores trabalhando com casos de milagres produzem algo semelhante ao parafrasear da fé, indiferente a ela, ou meramente simplório. Em seu trabalho nada temos além de teologia mascarada de "história crítica". Se eu fosse um cristão, eu perguntaria porque a coroa da ciência tem agora de ser colocada sobre a cabeça de Jesus reduzido a esta dimensão mundana, acrescentando que aqui está apenas uma outra coroa de espinhos. Em minha visão de Rabi, digo apenas que esses livros são simplesmente monumentalmente irrelevantes. (11)
Desculpem-me por sobrecarregar vocês com esta longa citação, mas espero que concordem com minha conclusão e que o que o Rabi/Professor disse a respeito do Jesus histórico é tão pertinente e persuasivo sobre a questão da historicidade do Livro de Mórmon. (12)
A fim de esclarecer rapidamente, um estudioso expert é um especialista em determinada disciplina. Por definição, ele conhece tudo ou quase tudo a respeito do reduzido campo da experiência humana. Achar que ele nos pode falar algo sobre outra disciplina acadêmica, - esqueça a respeito dos propósitos de Deus e o esquema eterno das coisas, - é no mínimo ingênuo.
Bons estudiosos compreendem as limitações de seus próprios campos, e suas conclusões são cuidadosamente limitadas às áreas de sua experiência. Nesse contexto lembro-me a observação relatada de um velho advogado. À medida que viajavam através de um acampamento pastoril com vacas pastando nos prados verdejantes, um conhecido disse, "Vejam aquelas vacas pintadas". O cauteloso advogado observou cuidadosamente e replicou, "Sim, aquelas vacas estão pintadas, pelo menos deste lado"1. Eu gostaria que todos os críticos do Livro de Mórmon, incluindo aqueles que se sentem compelidos a questionar sua historicidade, fossem pelo menos metade cautelosos a respeito de suas conclusões acadêmicas.
Nesta mensagem ofereci alguns pensamentos a respeito de meia dúzia de assuntos relacionados à historicidade do Livro de Mórmon.
1 - Sobre este assunto, e em muitos outros envolvendo nossa fé e teologia, é importante confiar na fé e revelação tanto quanto no conhecimento.
2 - Estou convencido que a prova secular nada pode provar ou desaprovar a autenticidade do Livro de Mórmon.
3 - Aqueles que negam a historicidade do Livro de Mórmon têm uma difícil tarefa para tentar provar sua negativa. Eles têm também o embaraçoso dever de explicar como eles podem descartar o Livro de Mórmon como sendo uma fábula enquanto prezam algo de seu conteúdo.
4 - Sabemos através da Bíblia que Jesus ensinou seus Apóstolos que, quanto ao importante assunto relativo à sua identidade e missão eles eram "abençoados" por confiar no testemunho da revelação ( "as coisas que são de Deus") e sua ofensa a Ele por agirem de acordo com os valores mundanos de raciocínio ("as cloisas... que são dos homens") (Mat.16:23).
5 - Aqueles estudiosos que confiam na fé e revelação tanto quanto no conhecimento e que aceitam a autenticidade do Livro de Mórmon devem suportar a ridicularização vinda daqueles que desdenham as coisas de Deus.
6 - Também ilustrei que nem todos os estudiosos desdenham o valor da crença religiosa e a legitimidade do sobrenatural quando aplicada à verdade teológica. Alguns até mesmo criticam o "provincialismo intelectual" daqueles que aplicam os métodos de crítica histórica ao Livro de Mórmon.
Encerro com um pensamento sobre diversidade. Diversidade é uma das palavras sonantes de nosso tempo. Apropriadamente usada, é um conceito maravilhoso que encoraja harmonia, amor, e crescimento individual. Mas tal como seu conceito associado de tolerância, ela pode ser mal aplicada para detrimento ou destruição de seus proponentes bem como daqueles à sua volta.
Quanto de tolerância devemos mostrar diante do mal? Toleramos linguagem obscena no púlpito? Que tal doutrina falsa? Deveríamos praticar diversidade em nossos valores pessoais ou associações íntimas?
Se tolerância e diversidade são para ativar seu propósito exaltado, devem ser praticadas inteiramente, em espírito de oração e seletividade, não de forma simples e absoluta. Seria bom se todos que publicamente exaltam a diversidade juntasse uma curta explicação para esclarecer "diversidade em que".
A respeito deste assunto aplaudo as palavras de Patrícia B.Grey de Provo em carta recente enviada ao editor do jornal Deseret News, do dia 20 de outubro de 1993. Sua carta começa por observar que a palavra diversidade, como usada em recentes comunicados públicos, reflete mais "do pensamento político moderno do que revela a verdade." Sua carta continua:
Certamente "Deus estima a diversidade" em quase tudo - exceto na lealdade e crença de Seus seguidores. A Igreja dos Santos do Últimos Dias existe devido à Sua evidente rejeição da diversidade de crenças.
Um rápido exame das escrituras não encontra apoio para tal diversidade dentro da igreja. Ao contrário existe mais de 4~ convites para unificação, incluindo "se vós não sois um vós não são meus."
Amor e compaixão pelo pecador não permite à igreja ignorar premeditadas e repetidas rebeliões (69 referências escriturísticas) ... Rebelião aberta é seguramente um pecado, tanto quanto maldizer alguém pelas costas (15 referências), controvérsias (34 referências) e mais.
Naturalmente a maioria de nós às vezes temos pensamentos rebeldes, dúvidas, tentações, sentimentos de que sabemos melhor do que nossos líderes. A maioria de nós, todavia, resolve isso sem levá-los a público, iniciando controvérsia e desafiando a fé dos outros, ou por convocar uma conferência na mídia....
Não pretendo falar pela Igreja, mas talvez eu represente os milhares de pessoas inteligentes, independentes, cujas almas reagem ao poder espiritual da conferência geral mais do que o exercício mental do Simpósio Sunstone. (13)
Irmãos e irmãs, quão grato somos - todos nós que confiamos no conhecimento, fé e revelação - em busca do que estão fazendo. Que Deus abençoe os fundadores, os que apoiam e trabalham pela Foundation for Ancient Research and Mormon Studies. O trabalho que fazem é importante, é bem conhecido e apreciado.
Testifico de Jesus Cristo, a quem servimos, cuja Igreja é esta. Invoco suas bênçãos sobre vocês, em nome de Jesus Cristo. Amém.
Reconheço as valorosas sugestões a respeito deste assunto, oferecidas pelo Professor John W. Welch.
(1) Anthony A. Hutchinson, "The Word of God is Enough: The Book of Mormon as Nineteenth-Century Scripture", New Approaches to the Book of Mormon (Salt Lake City, Utah: Signature Books, 1993) p.1.
(2) Hugh Nibley, Capítulo 5 de O Mundo dos Jareditas, nas Coletânea das Obras de Hugh Nebley, vol. 5 (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1988) p.237.
(3) Orson Scott Card, Um Contado de Histórias em Sião (Salt Lake City: Bookcraft, 1993), pp.13-15.
(4) Paul M. Bator, "Discurso à Classe de Primeiro Ano", The Law School Record, vol. 35, Primavera de 1989, p. 7.
(5) Em Conference Report, Outubro de 1983, p.68; Ensign, novembro de 1983, p.46.
(6) Veja Harold B. Lee, Stand Ye in Holy Places, (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1974), p.92.
(7) E.g. veja comentários em Dialogue, vol. 26, no.2, Verão de 1993, pp. 211-12.
(8) Crônicas, Julho de 1993, pp. 32-34.
(9) Ibid., p.34.
(10) Ibid., p.32.
(11) Ibid., pp.32-33.
(12) Neusner aparentemente concorda. Veja sua carta ao editor em Sunstone, julho de 1993. Pp. 7-8.
(13) Deseret News, 20 de outubro de 1993, p. A23.
1. - Podia ser que do outro lado as vacas não fossem pintadas. N.T.


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O Druidismo é reconhecido como religião na Grã-Bretanha



O druidismo deve se tornar a primeira prática pagã a receber reconhecimento oficial como religião na Grã-Bretanha, status que lhe garante isenção fiscal.
A comissão britânica que regula instituições de caridade aceitou o argumento de que a adoração a espíritos naturais pode ser vista como uma atividade religiosa de interesse público, milhares de anos após os primeiros druidas terem surgido na Grã-Bretanha.

A organização Druid Network afirma, no entanto, que não se beneficiará da isenção fiscal a que deve ter direito, porque não recebe dinheiro o suficiente para tal.

Prática milenar


O druidismo é uma das primeiras práticas espirituais de que se tem conhecimento na Grã-Bretanha, e os druidas também existiram em sociedades celtas em outros países da Europa.

Phil Ryder, líder da Druid Network, disse apreciar o reconhecimento oficial, ainda que esse não tivesse sido o motivo pelo qual pediu o status de organização de caridade. “Pedimos porque somos obrigados por lei a fazê-lo.”

A Druid Network afirma ter 350 membros, que pagaram 10 libras cada um para se afiliar.
Os druidas não restringem sua adoração a um deus ou criador. Idolatram espíritos que, dizem, habitam a Terra, além de forças da natureza, como trovões, e locais como montanhas e rios.

O correspondente da BBC Robert Pigott, especializado em assuntos religiosos, disse que o druidismo está florescendo no Reino Unido, em meio ao crescimento das preocupações ambientais e à diminuição da influência das religiões tradicionais.


BBC


Share/Bookmark ~ quinta-feira, 21 de outubro de 2010 0 Comentários

A Definição de Deus Dita por um Ateu




Kazantzakis e Deus



Durante toda a sua vida, o autor grego Nikos Kazantzakis (Zorba, A Ultima Tentação de Cristo) foi um homem absolutamente coerente. Embora abordasse temas religiosos em muitos de seus livros – como uma excelente biografia de São Francisco de Assis – sempre considerou a si mesmo como um ateu convicto. Pois é deste ateu convicto, uma das mais belas definições de Deus que eu conheço:




“Nos olhamos com perplexidade a parte mais alta da espiral de força que governa o Universo. E a chamamos de Deus. Poderíamos dar qualquer outro nome: Abismo, Mistério, Escuridão Absoluta, Luz Total, Matéria, Espírito, Suprema Esperança, Supremo Desespero, Silêncio. Mas nós a chamamos de Deus, porque só este nome – por razões misteriosas – é capaz de sacudir com vigor o nosso coração. E, não resta dúvida, esta sacudida é absolutamente indispensável para permitir o contacto com as emoções básicas do ser humano, que sempre estão além de qualquer explicação ou lógica.”


Paulo Coelho
G1


Share/Bookmark ~ terça-feira, 19 de outubro de 2010 12 Comentários

Os Apóstolos Antigos, Presidente David O. Mckay - Parte 1





PRIMEIRA PARTE
PEDRO



LIÇÃO I FONTES DE LUZ


Todos gostam de ler e ouvir falar sobre grandes homens. As crianças e os adultos têm satisfação em saber como os líderes dos homens no passado fizeram o mundo melhor e mais feliz com seus atos nobres. Após
passarem-se muitos e muitos anos, ainda se vê o bem que esses líderes fizeram ao mundo, despertando
grandes e admiráveis aspirações nos meninos e meninas que hoje em dia desejam imitar esses heróis do
passado.

Todos os meninos têm alguém que representa o seu ideal. Talvez haja mais de uma pessoa representando esse ideal — um menino, por exemplo, pode desejar ser como um bom atleta, como um bom violinista,
e também como um músico algum dia. Podem também desejarem ser como um bom orador. Mas, algumas
vezes, as crianças escolhem maus exemplos para seus ideais. Isto acontece quando lêem maus livros ou
se associam com homens de má índole. Como é infeliz o menino que lê sobre um salteador de estradas ou ladrão e vê despertar em sua jovem mente o desejo de ser como aquele homem mau! Como é infeliz o menino que escolhe para seu ideal um homem que fuma, bebe e passa a vida toda despreocupado e sem trabalhar!

Assim as vidas dos homens são como sinais que nos indicam os caminhos que levam a existências úteis e felizes ou a vidas de egoísmo e miséria. É importante, então, que procuremos, tanto na vida como nos livros,
a companhia dos melhores e mais nobres homens e mulheres.

Carlyle, um grande escritor inglês, diz: "Os grandes homens são sempre boas companhias, não importa sob que ponto de vista sejam considerados. Não podemos olhar, ainda que ligeiramente um grande homem, sem dele ganhar algo. É a fonte de luz perto da qual é útil e agradável estar."

Se você estudar a vida dessas grandes fontes de luz do mundo, aprenderá pelo menos uma coisa, que fez
seus nomes imortais. É o seguinte: cada um deu alguma coisa de sua vida para fazer o mundo melhor. Não passaram seu tempo procurando prazer, ou diversão para si mesmo, mas encontraram sua maior alegria em fazer os outras felizes e mais confortados.

Todos esses bons atos vivem para sempre, mesmo que o mundo jamais tenha conhecimento deles. Há uma história muito antiga que diz que um homem de um outro planeta visitou a terra. Do alto de uma montanha ele olhou para as movimentadas cidades do mundo. Milhares de homens, como formigas, estavam ocupados construindo palácios de prazer e outras coisas que não duram muito. Ao partir de volta, disse: "Toda essa gente está gastando seu tempo para construir frágeis ninhos. Não é de se admirar que fracassem e se envergonhem".

Todos os homens verdadeiramente grandes no mundo construíram algo além de frágeis ninhos. Do fundo de suas mentes e de seus corações, saíram preciosidades que fizeram o mundo mais rico. Realizaram feitos de amor e de sacrifício que inspiraram milhões. Ao assim fazerem, podem ter sofrido; muitos, realmente, tiveram morte prematura, mas todos que assim deram suas vidas, as salvaram. O que fazemos por Deus e nosso próximo, vive para sempre; aquilo que fazemos só para nós não pode durar.

Quando ouvimos qualquer coisa sobre um grande homem, logo queremos saber tudo a seu respeito — onde nasceu, quem eram seus pais, onde viveu, como brincava, com quem brincava, em que espécie de casa
morava, onde ia nadar, onde pescava, etc. Estas coisas ditas a respeito de George Washington e Abraão Lincoln são sempre interessantes. Qual é o menino que não gosta de ouvir a história do pequeno Lincoln que vivia na cabana de troncos no sertão de Indiana? Imaginá- lo entre os ursos e outros animais selvagens? Imaginá-lo sentado ao pé do fogo aprendendo a fazer contas com auxílio de um pedaço de carvão e uma pá
porque não tinha lousa, nem papel e nem lápis? Abraão Lincoln foi um homem grande e bom, e queremos saber tudo a seu respeito, mesmo quando era menino, em parte para que isto nos ajude a ser mais ou menos como ele, pois, como Lincoln escreveu, "os meninos que se dedicam aos livros, aos poucos se tornarão grandes homens".

Infelizmente, muito pouco sabemos a respeito da infância dos apóstolos antigos, sobre quem leremos neste pequeno livro. Naturalmente, podemos imaginar que espécie de meninos eram, se considerarmos a espécie
de homens que se tornaram mas, os pequenos incidentes de sua infância e mocidade, que tenderam a modificar seu caráter e que poderiam nos interessar tanto, apesar de se terem passado mil e novecentos anos, nunca foram escritos e talvez jamais sejam conhecidos. Cresceram e se tornaram adultos antes de terem a oportunidade de prestar ao mundo o trabalho que os imortalizou.

Sob um aspecto, contudo, eram os homens mais favorecidos que o mundo conheceu, porque tiveram o privilégio de estar em contacto diário durante cerca de dois anos e meio, com o Salvador do mundo. Não é de se admirar, portanto, que tenham se tornado grandes, tendo um exemplo de verdadeira grandeza constantemente diante de si. Assim que aprenderam a amar Jesus, quizeram ser como Ele e guardaram os seus ensinamentos e procuraram agir como Ele havia agido. Sem dúvida, será proveitoso para nós se nos familiarizarmos com tais homens.

Pensem bem: o único motivo pelo qual o mundo ouviu falar deles foi por terem encontrado o Salvador e feito
Dele o Guia de suas vidas. Se eles não o tivessem feito, ninguém saberia hoje que tais homens existiram um
dia. Teriam vivido, morrido, e sido esquecidos da mesma forma que milhares de outros homens que em seus dias morreram sem que ninguém tomasse conhecimento de sua existência, da mesma forma como milhares e milhares vivem hoje, desperdiçando sua vida e energias numa vida inútil, escolhendo a espécie errada de homens para seus ideais, dirigindo seus passos à estrada do prazer e indolência, em vez de dirigi-los à
estrada do trabalho. Logo chegarão ao fim de sua jornada na vida e ninguém poderá dizer que o mundo se tornou um pouco melhor por eles terem nele vivido.

Ao fim de cada dia, tais homens deixam o caminho que palmilharam, tão estéril como o encontraram -— não plantam árvores para dar sombra a outros nem roseiras para fazer o mundo mais doce e belo para aqueles que virão — nenhum ato nobre e nenhuma realização qualquer — apenas um caminho infrutífero, estéril, árido, entremeado, talvez, com espinhos e cardos. Mas o mesmo não aconteceu com os discípulos que escolheram Jesus para seu guia. Suas vidas são como jardins de rosas do qual o mundo pode colher belas
flores para sempre.



Share/Bookmark ~ segunda-feira, 18 de outubro de 2010 0 Comentários

Música Sobre a Vida dos Apóstolos



Share/Bookmark ~ terça-feira, 12 de outubro de 2010 0 Comentários

Destes Farei Meus Líderes, Presidente James E. Faust - Excelente!!!




Conferencia Geral, outubro de 1980


É com humildade que aproveito a ocasião para falar ao sacerdócio hoje à noite. Gostaria de dirigir-me aos líderes da Igreja, e principalmente aos futuros líderes, os jovens do Sacerdócio Aarônico. Muitos de vocês receberão responsabilidades muito antes do que esperam. Não parece ter passado muito tempo desde que fui presidente de um quórum de diáconos. No que diz respeito ao crescimento rápido e mundial da Igreja, a liderança é um de seus maiores desafios.

Os líderes recebem e dão designações 

Há mais ou menos um ano, assisti a uma reunião de um quórum de élderes. Os membros da presidência eram jovens bons e capazes, mas quando chegou a hora de partilhar as
responsabilidades do quórum e fazer com que o trabalho fosse feito, limitaram-se a escolher os que estavam presentes e se voluntariavam. Nenhuma designação foi feita.

Um dos primeiros princípios que devemos ter em mente é que o trabalho do Senhor progride por meio de designações. Os líderes recebem e dão designações. Esta é uma parte básica do importante princípio de delegação. Ninguém aprecia um voluntário bem disposto mais do que eu, mas o trabalho total não pode ser feito como o Senhor deseja que seja meramente por aqueles que se apresentam nas reuniões. Muitas vezes fico imaginando como seria a Terra, se o Senhor, durante a Criação, tivesse deixado que o trabalho fosse feito somente por voluntários.

Se considerarmos o cumprimento de designações assim como a honra de edificarmos o reino de Deus, uma oportunidade e privilégio, certamente daremos a cada membro do quórum, designações e desafios. Tal envolvimento deve incluir, com discrição e sabedoria, aqueles que talvez mais necessitem disso—os irmãos inativos ou parcialmente ativos. As designações sempre devem ser feitas com o maior amor, consideração e bondade. As pessoas chamadas devem ser tratadas com respeito e apreço.

As Autoridades Gerais regularmente recebem designações da Primeira Presidência e do Presidente do Conselho dos Doze. Quer sejam elas feitas por escrito, como acontece na maioria dos casos, ou pessoalmente, vêm sempre acompanhadas de frases como: “se for do seu agrado” ou “se lhe for conveniente” ou “será que o irmão poderia fazer isto ou aquilo?” Elas nunca são apresentadas como se fossem uma ordem ou mandamento.


Seguir o exemplo do Salvador

Desde que estive no Egito, durante a Segunda Guerra Mundial, tenho-me interessado por ruínas antigas. É fascinante observar a razão por que algumas colunas ainda estão em pé, enquanto outras já caíram. As que ainda não caíram, geralmente permaneceram porque têm que agüentar um peso em cima. Acredito que existe um princípio paralelo na liderança. Aqueles que permanecem fiéis ao seu sacerdócio são,
freqüentemente, os que têm de agüentar o peso da responsabilidade. Os que se envolvem são aqueles que se mostram mais prontos a se comprometer. Portanto, o líder de quórum bemsucedido sentirá o desejo de ter e dar aos membros do seu quórum a oportunidade de servir em algum tipo de chamado adequado às circunstâncias.

O curso de liderança mais completo foi dado pelo próprio Salvador: “E disse-lhes: Vinde após mim (…)”. (Mateus 4:19) O líder não pode pedir a outros que façam o que ele não está disposto a fazer. O curso mais certo é seguir o exemplo do Salvador, e estamos seguros quando escutamos e seguimos as instruções de Seu profeta, o Presidente da Igreja.

O bom líder “muito espera, muito inspira”

Há alguns anos, eu estava viajando na Missão Rosario Argentina, na parte norte daquele país. Quando viajávamos pela estrada, passamos por uma grande boiada. O gado se movimentava pacificamente e sem dificuldade. Os animais estavam quietos. Não havia cachorro. Na frente, conduzindo a boiada, estavam três vaqueiros a cavalo, cada um deles uns quinze ou vinte metros de distância um do outro. Os três vaqueiros
estavam afundados na sela, completamente à vontade, certos de que o gado haveria de segui-los. Na parte de trás da boiada, via-se um único vaqueiro. Ele também estava afundado na sela, como se estivesse dormindo. A boiada toda se movimentava calma e pacificamente, completamente dominada. Essa experiência me mostrou ser óbvio que a liderança consiste três quartos em mostrar o caminho, e um quarto em seguir.

O líder em si, quando dirigir, não tem que ser bombástico e barulhento. Aqueles que são chamados para dirigir no ministério do Mestre, não são chamados para ser chefes ou ditadores. São chamados para serem pastores. Devem estar constantemente treinando outros para tomar oseu lugar e se tornarem maiores líderes que seus mestres. O bom líder muito espera, muito inspira e muito incentiva aqueles que lidera.

O líder tem que fazer com que as coisas aconteçam e que as vidas sejam afetadas. Algo deve movimentar-se e mudar. Ele deve ver que aqueles que estão abaixo de si não falhem. Mas isto deve ser feito à maneira do Senhor. Ele deve ser o instrumento nas mãos do Altíssimo para modificar vidas. Precisa saber onde está agora. Aonde está indo e como vai chegar lá.

Escutar

O líder deve ser um bom ouvinte. Deve estar disposto a ouvir conselhos. Precisa mostrar um interesse e amor genuínos por aqueles que estão sob sua mordomia. Nenhum líder do sacerdócio jamais pode ser eficiente, a menos que tenha sempre em mente as insuperáveis chaves de liderança encontradas na seção 121 de Doutrina e Convênios:

“Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido em virtude do sacerdócio, a não ser com persuasão, com longanimidade, com brandura e mansidão e com amor não fingido;

Com bondade e conhecimento puro, que grandemente expandirão a alma, sem hipocrisia e sem dolo—

Reprovando prontamente com firmeza, quando movido pelo Espírito Santo; e depois, mostrando então um amor maior por aquele que repreendeste, para que ele não te julgue seu inimigo.” (D&C 121:41–43)

De acordo com minha experiência, o Espírito Santo raramente reprova com firmeza. Toda a reprovação deve ser feita gentilmente, no esforço de convencer a pessoa reprovada de que aquilo é feito em seu próprio interesse. (…)

Auxílio Divino

Tendo fé no Senhor e humildade, o líder do sacerdócio pode esperar confiante a assistência divina na solução de seus problemas. Esforço e meditação podem ser necessários, mas a recompensa é certa. A resposta pode vir como veio a Enos: “(…) A voz do Senhor me veio outra vez à mente (…)”, disse ele. (Enos 1:10) Ou, pode ser por meio de um sentimento no peito, de acordo com a seção 9 de Doutrina e Convênios.


Depois de receber essa certeza divina e por meio do poder do Espírito Santo, o líder humilde pode então prosseguir num curso inabalável, com a convicção absoluta em mente e no coração de que aquilo que está sendo feito está certo e é aquilo que o próprio Salvador haveria de fazer. (…)

A maioria das pessoas chamadas para liderar a Igreja sentem-se inadequadas, por falta de experiência, de habilidade, de aprendizado e educação. Eis uma das muitas descrições de Moisés: “E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. (Números 12:3)

Lembro de que anos atrás, o Presidente John Kelly, que presidia a Estaca de Fort Worth Texas, chamou o Irmão Felix Velasquez para ser o presidente do ramo espanhol. Este bom homem trabalhava, se me recordo bem, como inspetor da estrada de ferro. Quando o Presidente Kelly o chamou para o trabalho, ele respondeu: “Irmão, eu não posso ser presidente do ramo espanhol. Eu não sei ler”. O Presidente Kelly então lhe prometeu que, se aceitasse o chamado e trabalhasse diligentemente para magnificá-lo, seria apoiado e abençoado. Com a ajuda do Senhor, esse homem humilde, por meio de seus esforços diligentes, conseguiu aprender a ler. Serviu bem como presidente de ramo e durante muitos anos subseqüentes e até a época atual, está trabalhando no sumo conselho daquela estaca. O Senhor abençoa Seus servos de muitas formas. (…)

Conselhos: “Uma característica marcante”


Quero referir-me agora a uma característica marcante da liderança por meio do sacerdócio, no governo da Igreja. Quero citar o Presidente Stephen L. Richards, que disse:

“De acordo com meu entendimento, uma característica marcante do governo da Igreja são os conselhos. (…) Dificilmente se passa um dia em que eu não veja a sabedoria de Deus na criação de conselhos para governar o Seu Reino. No espírito em que trabalhamos, os homens podem reunir-se com pontos de vista aparentemente divergentes e antecedentes completamente diversos, e, sob a operação daquele espírito, aconselhando-se juntos, podem chegar a um acordo.” (Conference Report, outubro de 1953, p. 86; grifo do autor.)


Aconselharem-se uns aos outros como líderes é a chave para o funcionamento bem-sucedido de uma presidência ou bispado. Mas, o que acontece, se for difícil ou não houver união ao se decidir algo? O Presidente Joseph F. Smith deu o seguinte conselho:

“Quando os bispos e seus conselheiros não concordam entre si, ou quando os presidentes e
seus conselheiros têm alguma dificuldade quanto a sentimentos ou medidas que devem tomar, é seu dever reunir-se e em humildade orar ao Senhor até que Ele lhes revele o que deve ser feito, e possam enxergar a verdade de uma mesma forma, a fim de poderem dirigir-se unidos ao povo.” (Doutrina do Evangelho, p. 140)

Ser um exemplo de retidão pessoal

As pessoas que lideram nesta Igreja precisam dar um bom exemplo de retidão pessoal. Devem buscar a orientação constante do Santo Espírito. Devem ter a sua vida e sua casa em ordem. Devem ser honestos e rápidos no pagamento de suas contas. Devem ser exemplares em toda a sua conduta. Devem ser homens de honra e integridade. Quando procuramos a direção constante do Espírito Santo, o Senhor nos responde.

Ao servir como supervisor de área na América do Sul, uma experiência inesquecível aconteceu em Montevidéu, Uruguai. Eu queria trocar algum dinheiro porque morava no Brasil na época; portanto, o Irmão Carlos Pratt me levou a uma casa de câmbio no centro de Montevidéu. Apresentou-me a um dos empregados, que me disse que poderiam trocar mil dólares para mim. Eu não possuía mil dólares em mão, mas sim um cheque emitido por um banco de Salt Lake City. A casa de câmbio nunca havia feito qualquer
negócio comigo antes. Aliás, eles nunca me haviam visto antes e não podiam esperar ver-me novamente. Não tinham meios de verificar se eu possuía mil dólares em depósito no banco que havia emitido o cheque, mas aceitaram o meu cheque sem hesitação, baseados tão somente no fato de eu ser mórmon e terem feito negócios anteriores com outros mórmons. Mostrei-me agradecido e feliz por merecer sua confiança. (…)

“Confirma teus irmãos”

Ao dar a Pedro algum treinamento como líder, o Salvador lhe disse: “(…) Quando te converteres, confirma teus irmãos”. (Lucas 22:32)


É interessante o fato de Ele ter usado a palavraconfirma. É muito difícil confirmar sem ser bom em comunicação. Os problemas surgem, muitas vezes, não porque o plano seja falho, mas porque a comunicação é inadequada. (…)

Os líderes do sacerdócio recebem a rara oportunidade de fazer entrevistas. Especificamente, por meio de contatos pessoais e entrevistas, o líder pode realizar o seguinte:

1. Inspirar e motivar.
2. Delegar e confiar.
3. Cobrar relatos e dar acompanhamento.
4. Ensinar por meio do exemplo e de preceitos.
5. Mostrar sua apreciação com generosidade.

Às vezes os líderes seguram muito forte as rédeas, limitando, freqüentemente, os talentos naturais e dons daqueles que foram chamados para trabalhar ao seu lado.

A liderança nem sempre produz uma sinfonia harmoniosa de fé, habilidade e talento em grupo, produzindo o máximo de eficiência e poder. Às vezes, ela se torna um solo bastante audível. O Presidente Lee ensinou um significado mais amplo da escritura “Portanto agora todo homem aprenda seu dever e a agir no ofício para o qual for designado com toda diligência”. (D&C 107:99) Além de fazer com que todos nós aprendamos
nossos deveres, os líderes devem deixar, ou permitir, que seus associados sejam inteiramente eficientes em seus próprios ofícios e chamados, e que seus assistentes sejam completamente investidos da devida autoridade. (…)

Oro para que, ao trabalharem diligentemente, sob a direção do Espírito Santo, aqueles que foram e serão chamados como líderes possam ter uma visão mais clara do seu dever, que possam estabelecer metas mais objetivas e seguir um curso mais reto.

Meu testemunho é que esta Igreja cresce e é bem-sucedida, porque estamos sob a influência guiadora do santo sacerdócio de Deus. Acredito que nossos líderes podem gerar o grande poder espiritual necessário para guiar o trabalho de Deus por meio de revelação pessoal à qual fazem jus devido à sua retidão. O conselho do Senhor a Josué é inestimável: “Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não pasmes nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares”. (Josué 1:9)

Que possa ser assim é o que eu oro humildemente em nome de Jesus Cristo. Amém.







Share/Bookmark ~ segunda-feira, 11 de outubro de 2010 1 Comentários

Já se perguntou por que tantas pessoas sofrem?

O Plano de Salvação












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O Problema não é meu

Excelente vídeo para treinamento de liderança e para treinar os jovens também.






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A Bíblia Sagrada



Há mais ou menos quatro mil anos, vários povos viviam às margens do Mediterrâneo, na Ásia e na África. Havia duas grandes potências: Caldéia e Egito. Diversas tribos viviam aí da cultura agrícola e de produtos de seus rebanhos, entre as quais se achava a dos hebreus , que provinham do patriarca Abraão. Este homem e sua família eram oriundos de Ur, da Caldéia, de onde tinham emigrado para a Palestina.
Com a vinda de Abraão e de seus descendentes, começa a História Santa que a Bíblia nos conservou.

PENTATEUCO

Pentateuco é uma palavra derivada do grego e significa «cinco livros» Essa palavra é usada para indicar os cinco primeiros livros da Bíblia, isto é: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Os judeus chamam essa parte da Bíblia com o nome de Torá, que significa Lei.

Nesses cinco livros encontramos histórias e leis que foram postas por escrito durante seis séculos, reformulando, adaptando e atualizando tradições antigas e criando novas. Tanto as histórias como as leis giram em torno de um centro: o ato libertador de Deus no êxodo, que é o ato fundante do povo de Israel.

As histórias aí contidas, na sua maioria, nasceram no meio do povo e, primeiramente, eram histórias de famílias, de clãs e de tribos que procuravam transmitir oralmente, de geração em geração, ensinamentos e fatos. Mais tarde essas histórias foram reunidas, modificadas e interpretadas para que todo o povo de Israel pudesse se espelhar nelas e para que elas expressassem a fé em Javé, o Deus que liberta.

As leis pertencem a várias épocas e são diretivas para o povo nas diversas etapas da sua história. Todas elas, porém, procuram, em circunstâncias diferentes, conduzir a uma prática que reflita o ideal proposto pelas normas básicas do projeto de Deus: a libertação do povo e a formação de uma sociedade onde haja liberdade e vida para todos. Essas leis, portanto, não são perenes e intocáveis, mas expressam um momento determinado da vida, com os conflitos que existiam dentro do povo de Deus; mais do que serem aplicadas diretamente à nossa realidade, elas servem de exemplo e modelo para que aprendamos a discernir as situações e criar uma legislação que responda às necessidades do povo, conforme o projeto de Deus. Não podemos esquecer, porém, que a lei deve servir ao povo e não ser instrumento de opressão contra o povo: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2,27). Jesus, que veio trazer a libertação e a vida em plenitude, não aboliu, mas mostrou o verdadeiro espírito dessas leis (cf. Mt 5,17). Ele próprio apresentou um resumo de toda a Lei: «Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas» (Mt 7,12).


LIVROS HISTÓRICOS

Os assim chamados livros históricos ocupam a maior parte do Antigo Testamento. Neles encontramos a história de Israel e do judaísmo, desde a conquista da terra prometida até quase a época do Novo Testamento. É interessante notar que não se trata apenas de registro cronístico de fatos, mas de uma interpretação de acontecimentos a partir da fé, e a serviço dos problemas e interesses de situações bem determinadas. Poderemos dividir esse conjunto em quatro grupos:

1. Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Formam um relato mais ou menos contínuo, apresentando a história do povo desde a conquista da terra até o exílio na Babilônia. Tais livros mostram que a história de Israel depende da atitude que o povo toma na aliança com Deus. Se o povo é fiel à aliança, Deus lhe concede a bênção, que se concretiza no dom da terra e na prosperidade. Se o povo é infiel, atrai para si mesmo a maldição, que se traduz em fracasso histórico e perda da terra.

2. 1 e 2 Crônicas, Esdras e Neemias. Abarcam o tempo do pós-exílio babilônico até meados do séc. III a.C. A preocupação básica é fundamentar e organiz:ar a comunidade depois do exílio na Babilônia (Esdras e Neemias). Para isso, seus autores repensam toda a história do povo, a fim de fundamentar a vida da comunidade judaica e sua forma de governo, polarizada pelo culto no Templo de Jerusalém (1 e 2 Crônicas).

3. Rute, Tobias, Judite, Ester. Mais do que história propriamente dita, esses livros são narrativas. Sua intenção é apresentar modelos particulares de vivência e aplicação da fé dentro de situações difíceis, principalmente as enfrentadas pelos judeus fora de sua terra.

4. 1 e 2 Macabeus. Relatam a resistência heróica de um grupo de judeus diante da dominação estrangeira que ameaça destruir a identidade cultural e religiosa da comunidade judaica.

 A HISTÓRIA DESDE A CONQUISTA DA TERRA ATÉ O EXÍLIO NA BABILÔNIA

Os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis formam um conjunto coerente, relatando a história do povo desde a conquista da Terra (séc. XIII) até o exílio na Babilônia (586-538 a.C.). A comparação com os temas e o estilo do livro do Deuteronômio mostram que esse relato histórico foi não só influenciado, mas determinado a partir da visão econômica, política, social e religiosa do Deuterônomio. Em outras palavras, o livro do Deuteronômio fornece a chave de leitura para a interpretação dos acontecimentos relatados nessa história.

Essa literatura teve duas redações. A primeira foi feita no tempo do rei Josias, entre 622 e 609 a.C. Nessa época, foi descoberto no Templo o núcleo antigo do livro do Deuteronômio (2Rs 22,8ss). A partir disso, Josias organiza uma grande reforma político-religiosa (2Rs 22-23). Para fundamentar e justificar essa reforma foi escrita uma versão da história, desde o tempo de Salomão até o reinado de Josias. A segunda redação foi feita durante o exílio na Babilônia, provavelmente pouco depois de 561 a.C. (cf. 2Rs 25,27-30 e nota). Foi no contexto do exílio que se redigiu a grande história que vai da conquista até a perda da terra. O que o autor pretendia era não só explicar por que o povo foi exilado, mas, e principalmente, o que o povo deve fazer a partir dessa situação.

O autor se serviu de tradições antigas, talvez já parcialmente escritas, que ele reuniu e interpretou a partir da ideologia do Deuteronômio. Nesse livro se diz que a história depende da fidelidade ou infidelidade do povo à aliança com Javé. Se o povo for fiel, Javé lhe dará a bênção, isto é, uma história marcada pela prosperidade e harmonia em todos os sentidos. Se o povo for infiel, Deus o castigará com a maldição, isto é, com o fracasso histórico, acarretado pela deterioração da vida social em todos os níveis, culminando com a perda da Terra. Tudo isso, de fato, acabou acontecendo.

E agora, tudo perdido? Não! O autor quer mostrar que Javé continua fiel, e que Israel tem pela frente uma grande tarefa: rever a história e descobrir onde estão os erros e por que eles foram cometidos. O sentido dessa história, portanto, não está no seu final, mas dentro do relato, na própria articulação da narrativa. É em Jz 2,6-3,6 que vamos encontrar a articulação dialética com que o autor interpretou a história: pecado e castigo, conversão e graça (cf. Introdução ao livro dos Juízes). Aplicando esse esquema à história, o autor mostra para os exilados que Deus foi fiel à aliança: deu a Terra para que Israel nela construísse uma sociedade e uma história novas. Israel, porém, não foi fiel: esqueceu-se de Javé para servir aos ídolos (pecado). Esse pecado foi cometido durante o regime monárquico, em que os reis traíram o projeto de Javé, servindo a outros projetos. A conseqüência foi uma decadência progressiva da vida social, que acabou acarretando o desastre nacional (castigo). Faltam, agora, os dois momentos finais do esquema dialético: a conversão e a graça.

Podemos dizer que toda essa história foi escrita para produzir esses dois momentos finais. E o autor deixa isso bem claro em passagens importantes de sua narrativa, tais como 1Sm 7,3; 2Rs 17,13; 2Rs 23,25 e, principalmente, 1Rs 8,46-53: se Israel tomar consciência de seus pecados, se se arrepender e sinceramente suplicar a Javé, este lhe concederá a libertação e uma nova situação de graça. Essa mesma exortação ecoa nos acréscimos exílicos ao Deuteronômio (cf. Dt 4,29-31 e 30,1-10).

O conjunto histórico formado por Josué, Juízes, Samuel e Reis, portanto, é um grande «evangelho», um anúncio que procura suscitar conversão e esperança. Para nós ele se torna um convite a também lermos a nossa história através da bênção e da maldição, da fidelidade e da infidelidade ao projeto de Deus. Também nós podemos utilizar o esquema dialético de Jz 2,6-3,6 para rever a nossa história, descobrir os erros que a paralisam e projetar a ação que abre o futuro da esperança.

PRIMEIRO E SEGUNDO SAMUEL

Os livros de Samuel relatam acontecimentos que se situam entre 1040 e 971 a.C. Temos aí uma análise crítica do aparecimento da realeza em Israel, análise que pode ajudar a avaliar nossos sistemas e homens políticos, bem como qualquer outra autoridade.

Em 1Sm temos duas versões do surgimento da autoridade política central: a primeira é contrária e hostil à monarquia (1Sm 8; 10,17-27), representando a visão mais democrática das tribos do Norte, que viviam em terras mais produtivas. A segunda versão é favorável à monarquia (1Sm 9,1-10,16; 11) e representa a visão da tribo de Judá, que vivia em terras menos produtivas. Unindo as duas versões, vemos que a autoridade é um mal necessário (embora justificável, ela pode se absolutizar, explorar e oprimir o povo) e, ao mesmo tempo, um dom de Deus (uma instituição mediadora, que deve re-presentar, isto é, tornar presente o próprio Deus, único rei que liberta e governa o seu povo).

1Sm oferece, portanto, uma visão crítica da autoridade política. Mostra que Deus é o único rei sobre o seu povo. Para ser legítimo, o rei humano (e seus equivalentes) deve ser representante de Deus, isto é, servir a Deus através do serviço ao povo. E isso compreende duas funções:

- função externa: reunir e liderar o povo, auxiliando-o a proteger-se e a libertar-se dos seus inimigos (1Sm 9,16; Sl 110,2);

- função interna: organizar o povo e promover a vida social conforme a justiça e o direito (Sl 72; Dt 17,14-20; Pr 16,12; 29,14).

As duas funções se resumem, portanto, numa dupla relação: obedecer a Deus e servir ao povo. Qualquer autoridade que não obedece a Deus e não serve ao povo é ilegítima e má, pois acaba ocupando o lugar de Deus para explorar e oprimir o povo.

2 Sm está centrado na figura de Davi, cuja história começa propriamente em 1Sm 16, e nas lutas dos pretendentes ao trono de Jerusalém. Podemos dizer que 2 Sm continua a avaliação do sentido e da função da autoridade política.

Davi é apresentado como o rei ideal, que obedece a Deus e serve ao povo. Graças à sua habilidade política, ele consegue aos poucos captar a simpatia das tribos, sendo primeiro aclamado rei de Judá, sua tribo, e depois rei também das tribos do Norte. Após ter conseguido reunir todo o povo, Davi conquista Jerusalém e a torna, ao mesmo tempo, o centro do poder político e da religião de Israel. O ponto mais alto da sua história é a profecia de Natã (2Sm 7), em que o profeta anuncia que o trono de Jerusalém sempre será ocupado por um messias (= rei ungido) da família de Davi. É a criação da ideologia messiânica: o povo será sempre governado por um messias descendente de Davi. Logo depois começa a competição pelo poder e pela sucessão e, finalmente, o trono é ocupado por Salomão que, por si, não era o herdeiro direto (2Sm 9-1Rs 2).

Davi passou para a história como o modelo da autoridade política justa. Por isso, mesmo com o fim da realeza, os judeus permaneceram confiantes no ideal messiânico e ficaram à espera do messias que iria reunir o povo, defendê-lo dos inimigos e organizá-lo numa sociedade justa e fraterna. Dizendo que Jesus é descendente de Davi, os Evangelhos mostram que ele é o Messias esperado (daí o nome grego Cristo = Messias). Ele veio para reunir todos os homens e levá-los à vida plena, na justiça e fraternidade do Reino de Deus.

PRIMEIRO E SEGUNDO REIS

DA GLÓRIA À RUÍNA

Os livros dos Reis relatam acontecimentos que vão de 971 a 561 a.C., continuando a história da monarquia iniciada com Saul e Davi. Depois de Salomão, o império se divide (931 a.C.) em dois reinos: o reino de Israel, com sede em Samaria, que caiu em poder da Assíria em 722 a.C., e o reino de Judá, com sede em Jerusalém, que caiu em poder da Babilônia em 586 a.C. Mais do que uma relação pormenorizada de acontecimentos, estes livros fornecem uma reflexão crítica sobre a história do povo e dos reis que o governaram: a fidelidade a Deus leva à bênção e à prosperidade; a infidelidade leva à maldição, à ruína e ao exílio (cf. 2Rs 17,7-23).

No início, encontramos de novo uma teologia da autoridade política: o rei deve ser fiel a Deus (1Rs 2,3) e governar com sabedoria e justiça, servindo o povo (1Rs 12,7), que pertence unicamente a Deus (1Rs 3,8-9). Mas os reis são sempre infiéis, pois fazem «o que Javé reprova»: praticam a idolatria; «vendem» a nação para os estrangeiros; perseguem os profetas; dividem, exploram e oprimem o povo. Como conseqüência, Israel e Judá são levados à ruína.

O Templo e o profetismo têm um papel importante nessa história. O Templo é o lugar da reunião de todo o povo para o encontro com Deus, em todas as circunstâncias da vida nacional (1Rs 8). A reforma de Josias procura reunir novamente todo o povo a partir do culto no Templo (2Rs 22-23). Os profetas são aqueles que mantêm viva a consciência do povo, os vigias das relações sociais e os grandes críticos da ação política dos reis. Sua intenção de fazer respeitar a justiça e o direito está sempre em primeiro plano, e eles se ocupam tanto de religião como de moral e política, pois tudo deve estar submetido a Deus, o único rei sobre o povo (cf. Is 6,5; 44,6; Zc 14,16).

As decepções com a monarquia se multiplicaram e, com a queda dos reinos de Israel e de Judá, volta o antigo ideal igualitário das tribos, formulado agora por Jeremias como Nova Aliança: uma sociedade sem mediações, na qual o próprio povo governa a si mesmo, graças ao conhecimento de Deus (Jr 31,31-34). De fato o poder pertence à essência de Deus, e não à essência da humanidade. A humanidade é formada de pessoas relativas, isto é, de seres que se descobrem, se desenvolvem e se realizam dentro de relações que, para serem verdadeiramente humanas, devem ser de partilha e fraternidade.

A Bíblia mostra que o Reino de Deus, sempre vindono horizonte da história, é o advento da humanidade unida e democrática, onde não há mais pobres e ricos, nem fracos e poderosos, e sim a partilha e a fraternidade. O sentido último da existência de qualquer autoridade é servir ao advento do Reino de Deus, o que significa também ter a vocação de diminuir-se a si mesma, até tornar-se desnecessária e desaparecer. A marcha da história caminha para a comunhão e a partilha entre os homens, e todas as formas de absolutismo significam uma regressão no processo histórico. Regressão voltada para o fracasso, pois a história caminha para a meta que Deus fixou: o Reino.


A HISTÓRIA DESDE ADÃO ATÉ A FUNDAÇÃO DO JUDAÍSMO

Os dois livros das Crônicas, juntamente com os livros de Esdras e Neemias, formam um conjunto coerente elaborado provavelmente nos inícios do séc. IV a.C. Temos aqui um grande conjunto narrativo, que vai desde Adão até a organização da comunidade judaica depois do exílio na Babilônia (por volta de 400 a.C.). Essa história pode ser dividida em três grandes partes:

- 1Cr 1-9: História de Adão até Saul, cuja seqüência é construída graças a árvores genealógicas, elaboradas a partir de tradições antigas, de palavras de profetas e material acrescentado pelo próprio autor.

- 1Cr 10-2Cr 36: História da monarquia, desde Davi até Sedecias. O autor parece repetir as narrativas dos livros de Samuel e Reis. A leitura atenta, porém, mostra que ele recorre a outras fontes.

- Esdras e Neemias: História dos repatriados, desde o retorno do exílio até o ano 400 a.C. O autor se preocupa em mostrar os problemas dos judeus repatriados e a ação de Neemias e Esdras para organizar a comunidade judaica.

O conjunto dessa história procura mostrar o estatuto da comunidade judaica, reunida em Jerusalém e centrada no culto e na lei. Sob o domínio persa, os judeus agarram a única possibilidade que lhes resta para recuperar e preservar a sua identidade como povo: a tradição religiosa dos antepassados, que agora se transforma em lei. No contexto pós-exílico, o Templo passa a ser o centro da vida da comunidade, como lugar de culto e da transmissão da lei, que fornecem a estrutura social da comunidade.

O autor, porém, não pretende apenas narrar a história dos judeus. Ele quer discutir e abrir perspectivas sobre a estrutura da própria comunidade judaica. Questão central é o problema da liderança que vai governar. Como os judeus só podem se estruturar a partir da religião, é natural que os sacerdotes detenham a liderança. Resta, porém, uma pergunta: Qual é o sacerdócio legítimo? Os descendentes do levita Aarão ou os descendentes de Sadoc? No exílio, os sacerdotes tinham elaborado complicadas genealogias para ligar Sadoc a Aarão, resolvendo assim a questão da legitimidade em favor dos descendentes de Sadoc. Diante disso, fica outra pergunta: E os levitas, descendentes diretos de Aarão? Desde o tempo de Salomão, eles tinham sido expulsos de Judá e passaram a exercer suas atividades entre as tribos do Norte, que formaram o reino de Israel. Ligados aos profetas, eles preservaram e produziram tradições que formaram o livro do Deuteronômio, o qual influenciou grandes reformas no reino de Judá. Depois do exílio, esses levitas se viram reduzidos a meros empregados dos sacerdotes.

O autor, muito provavelmente levita, produz toda essa literatura para reabilitar historicamente a figura do levita e, assim, reivindicar sua importância ao lado do sacerdócio para o governo da comunidade. É nesse sentido que podemos interpretar a expressão «aliança dos sacerdotes e levitas» em Ne 13,29 e a insistência contínua do autor em mostrar a importância do levitismo em toda a sua versão da história.

É claro que o autor não quer apenas arrumar emprego para os levitas. O que ele pretende é preservar a tradição profética, conservada pelos levitas, a fim de que a comunidade judaica não fique reduzida ao culto formal, mas seja capaz de se organizar socialmente, segundo o projeto de Javé, dentro da legítima tradição do Êxodo. É inegável que essa tradição foi transmitida pelos levitas, que procuravam atualizá-la e aplicá-la às situações concretas, visando sempre em primeiro lugar à causa do povo e à defesa de uma sociedade justa e igualitária. Podemos, portanto, dizer que essa obra histórica é uma grande reivindicação para a reabilitação daqueles que se colocam como defensores dos interesses do povo, protegendo-o de possíveis arbitrariedades, tanto internas como externas.




PRIMEIRO E SEGUNDO CRÔNICAS

REVISÃO DA HISTÓRIA DO POVO

Quando o autor escreveu os livros das Crônicas, já existia a grande história, formada pelos livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis. Bastaria acrescentar alguns capítulos sobre a volta do exílio e a vida da comunidade até o início do séc. IV a.C. O autor, porém, tinha sérios motivos para apresentar outra versão de toda a história do seu povo (cf. «A história desde Adão até a fundação do judaísmo»).

À primeira vista, sua história parece repetição de narrações já existentes. A leitura atenta, porém, perceberá muitas diferenças, devidas à exclusão de materiais, ao acréscimo de outros e, muitas vezes, manipulações sutis dos relatos. O que o autor pretende é reconsiderar o passado, a partir da situação da comunidade judaica do seu tempo. Assim, a personagem principal dessa história é o Templo e os sacerdotes e levitas que nele exercem suas funções; os sacerdotes com o culto e os levitas com a transmissão das legítimas tradições do povo. É fácil perceber que toda a história precedente atinge seu ápice no Templo e que dele dependem todas as reformas político-religiosas posteriores; os reis são julgados a partir de suas relações com o Templo e o culto de Javé. Além disso, toda a história do reino do Norte é omitida, pois no tempo do autor os samaritanos eram inimigos acirrados da organização da comunidade judaica centrada em Jerusalém.

Ponto importante é a atenção especial que se reserva aos levitas, nas listas genealógicas e na narrativa propriamente dita. Os levitas pontilham essa história com sua presença, palavra e ideologia. É a maneira que o autor, certamente um levita, encontra para recuperar as tradições das tribos do Norte, que haviam mais bem conservado os ideais democráticos e igualitários. Como os levitas eram muito ligados aos círculos proféticos do Norte, encontramos muitas menções de profetas e o título de profeta é dado até mesmo ao levita (cf. 1Cr 25,1-5). Essa é uma diferença essencial com a história narrada nos livros dos Reis, onde o levita Abiatar e com ele certamente o levitismo foi expulso de Jerusalém por Salomão (cf. 1Rs 2,26-27, passagem que o autor de Crônicas omite).

Os livros das Crônicas, portanto, oferecem uma versão da história que reivindica e justifica a função do levita na liderança da comunidade judaica. Graças a ele, os ideais do êxodo e de uma sociedade igualitária permanecem vivos, à espera de uma ocasião histórica propícia que torne possível a sua concretização.



ESDRAS E NEEMIAS

 ORGANIZAÇÃO DA COMUNIDADE

Os livros de Esdras e Neemias continuam a história de Israel, relatando os acontecimentos entre 538 e 400 a.C. O tema central é a organização da comunidade, que se formou a partir da volta dos judeus exilados na Babilônia.

No início, tratava-se de um livro único, mais tarde separado em duas partes, denominadas 1° e 2° de Esdras. Depois, o segundo recebeu o nome de Neemias. Em conjunto, os vinte e três capítulos não se encontram na ordem cronológica e literária original. Em vista dessa dificuldade, é interessante ler todo o texto conforme a seguinte cronologia:

586: Exílio na Babilônia

539: Ciro, rei da Pérsia, conquista a Babilônia

538: Edito de Ciro, permitindo a repatriação dos exilados (2Cr 36; Esd 1)

537: Primeiro grupo de repatriados com Sasabassar; recomeça o culto (Esd 2-3)

536: Preparativos para a reconstrução do Templo; obstáculos internos e externos (Esd 4-5)

520: Atividade dos profetas Ageu e Zacarias

518: Obras do Templo interrompidas e retomadas (Esd 5-6)

515: Dedicação do Templo (Esd 6)

448: Uma colônia de judeus muda para Jerusalém (Esd 4,8-22)

445: Neemias vai para Jerusalém; construção da muralha (Ne 1-2). Neemias é nomeado governador (Ne 5,14)

433: Neemias volta para Susa (Ne 13). Atividade do profeta Malaquias

430: Neemias e Esdras em Jerusalém; leitura da lei; reformas (Ne 8-10; 13)

429: Artaxerxes autoriza Esdras a promulgar a Lei (Esd 7-8)

428: Reformas de Esdras (Esd 9-10).

423-404: Os samaritanos constroem um templo no monte Garizim.

Embora sua leitura implique dificuldades, os livros de Esdras e Neemias mostram como um grupo se reúne e se organiza para formar comunidade. Certamente, o grupo deverá enfrentar dificuldades econômicas para sobreviver, políticas para constituir o seu espaço e ideológicas para manter a própria identidade original. Na confluência dessas três dificuldades está a espinhosa questão da liderança, para que a comunidade não fique entregue ao arbítrio dos poderosos internos ou externos, mas tenha meios de resolver seus conflitos, defender seus direitos e abrir perspectivas para o futuro.

OUTROS LIVROS HISTÓRICOS

Os livros de Tobias, Judite, Ester e 1-2 Macabeus formam um conjunto que não se encaixa na história antes do exílio nem imediatamente após. A rigor, só poderíamos considerar histórico o primeiro livro dos Macabeus.

Tobias, Judite e Ester são novelas ou romances. Não refletem acontecimentos históricos. Querem mostrar situações típicas dos judeus na Palestina (Judite) ou fora (Tobias e Ester). No entanto, por trás da ficção, apresentam profunda análise da situação histórica e das possibilidades que os judeus encontraram em determinado contexto. Embora não sejam história propriamente dita, servem de modelo para analisar em profundidade certas situações reais.

Os dois livros dos Macabeus apresentam os acontecimentos que se desenvolveram entre 175 e 134 a.C. O primeiro, mais sóbrio e abrangente, relata os fatos a partir do ponto de vista mais objetivo e segue uma cronologia ordenada. O segundo se limita a poucos fatos entre 175 e 161 a.C., com a intenção de mostrar o significado religioso da resistência judaica. Seu estilo é de crônica elogiosa sobre os heróis da fé, mostrando as bases para uma reflexão sobre o martírio.

LIVROS SAPIENCIAIS

 «Sapienciais» é o nome dado a cinco livros do Antigo Testamento: Provérbios, Jó, Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria. A esses são acrescentados dois livros poéticos: Salmos e Cântico dos Cânticos. Esses livros apresentam a sabedoria e a espiritualidade de Israel.

Em Israel, a sabedoria não é a cultura conseguida graças à acumulação de conhecimentos, mas o bom senso e o discernimento das situações, adquiridos através da meditação e reflexão sobre a experiência concreta da vida. Trata-se de algo que se aprende na prática e que leva à arte de viver bem. Assim, nos livros sapienciais encontramos reflexões que brotam dos muitos problemas que povoam o dia-a-dia da vida de qualquer pessoa que busca o caminho da realização e felicidade.

A sabedoria de cunho mais popular que encontramos no livro dos Provérbios e no Eclesiástico apresenta-se em forma de coleção de frases curtas, sentenças que ajudam a compreender e a encontrar uma saída nas diversas situações enfrentadas pelo homem comum. Já os livros de Jó, Eclesiastes e Sabedoria são estudos sobre problemas mais profundos e globais, como o sentido da vida, a morte, a justiça, a vida social, o mal, a natureza da sabedoria etc. O Cântico dos Cânticos trata da experiência mais fundamental da vida: o amor humano, símbolo do amor de Deus para com o seu povo.

A espiritualidade de Israel é apresentada no livro dos Salmos, uma coleção de 150 orações que refletem as mais diversas situações da vida do indivíduo e do povo. São verdadeiros modelos para aprendermos a fazer a nossa oração.

Os livros sapienciais mostram que a experiência comum do povo também é lugar da manifestação de Deus e da revelação do seu projeto: Deus fala através da experiência do povo. Estes livros, portanto, trazem o convite para também hoje darmos atenção a nossa vida cotidiana, a fim de aprendermos a articular nossa experiência da vida e da história.


LIVROS PROFÉTICOS

 Pela sua coragem de questionar a situação presente e vislumbrar um futuro diferente para o seu povo, os profetas sempre exerceram atração fascinante. Muitos chegam até a confundir profeta com adivinhador do futuro. Outros chegam a pensar que eles ensinavam coisas absolutamente novas. O verdadeiro profeta, no entanto, é aquele que preserva a tradição autêntica do seu povo, perdida ou deformada em meio a tantas «tradições» criadas para defender interesses, legitimar poderes e sustentar sistemas. O núcleo central da tradição autêntica é a fé exodal, ou seja, o reencontro com o verdadeiro Deus revelado a Moisés: «Eu sou Javé seu Deus, que fiz você sair da terra do Egito, da casa da escravidão» (Ex 20,2; Dt 5,6). Portanto, profeta é aquele que se inspira na ação libertadora do Deus do êxodo e, a partir daí, analisa a situação presente e mostra o projeto de Deus para o futuro do seu povo.

As atividades do profeta variam de acordo com seus ouvintes e com o momento histórico em que ele vive. Cada profeta tem o seu estilo próprio, e pronuncia anúncios e denúncias diante de situações bem determinadas. No entanto, podemos perceber duas grandes vertentes na atividade dos profetas:

- Exigência de conversão, para mudar o sistema social, a fim de que o julgamento de Deus não recaia sobre o povo. Esse tema é predominante nos profetas que exerceram sua atividade antes do exílio na Babilônia.

- Anúncio de esperança, para encorajar e estimular o povo, que tinha perdido sua terra e corria o perigo de perder a própria identidade. Esse anúncio fazia retomar a caminhada da reconstrução, recuperando a fé em Javé e os valores históricos alcançados em nome dessa mesma fé.

Os livros proféticos testemunham a vida e atividade de homens que possuem fé profunda e vigorosa; homens que procuram levar o povo a um relacionamento sempre renovado e responsável com o Deus que julga e salva.

A literatura profética pode ser dividida de várias maneiras. A mais tradicional e comum é a divisão em profetas maiores e profetas menores. Não porque uns sejam mais importantes que outros, mas simplesmente pela extensão de seus escritos. Os profetas maiores são quatro: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Os menores são treze: Baruc, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento ou Nova Aliança é a parte da Bíblia onde encontramos o anúncio da pessoa de Jesus Cristo. Sua mensagem central é o próprio Filho de Deus, que veio ao mundo para estabelecer a aliança definitiva entre Deus e os homens. Sendo Deus-e-Homem, o próprio Jesus é a expressão total dessa aliança: ele mostra que Deus é Pai para os homens, e como os homens devem viver para se tornarem filhos de Deus.

Através de sua palavra e ação, Jesus inaugurou a nova aliança ou, em outras palavras, o Reino de Deus. Esse Reino não é mais aliança com um povo só. É aberto a todos os homens, todos os povos de todos os tempos e lugares. Em Jesus, Deus quer reunir toda a humanidade como uma família em que todos são chamados a viver como irmãos, repartindo entre si todas as coisas. Essa grande reunião, onde tudo é partilha e fraternidade no amor, é o Reino de Deus que, semeado na história, vai crescendo até que se torne realidade para todos.

Jesus não deixou nada escrito. Ele pregou, ensinou e praticou o projeto de Deus. Isso fez com que ele entrasse em conflito com a estrutura da sociedade, que o perseguiu, prendeu e matou. Mas Jesus ressuscitou, enviou o Espírito aos seus seguidores, chamados apóstolos e discípulos, e eles continuaram sua missão pregando, ensinando e fazendo como Jesus fazia. Foram eles que escreveram o que encontramos no Novo Testamento. Não pretenderam fazer uma biografia de Jesus, nem história ou crônica da ação dos seguidores dele. Quiseram, em primeiro lugar, anunciar Jesus para que os homens tivessem fé e se comprometessem com Jesus. Fé e compromisso que significam continuar sua palavra e ação, constituindo o Reino.

O Novo Testamento agrupa vinte e sete livros, conforme temas e estilos diferentes: Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Cartas e Apocalipse.

Os evangelhos são quatro formas de anunciar Jesus, escritas no ambiente de comunidades diferentes. Por isso tratam da pessoa, das palavras e das ações de Jesus de modo ao mesmo tempo semelhante e diferente. Não são biografia ou história, e sim um anúncio para levar à fé em Jesus, isto é, ao compromisso de continuar sua obra, pela palavra e ação.

Os Atos dos Apóstolos são a segunda parte do evangelho de são Lucas. Mostram como o anúncio de Jesus e a formação das comunidades cristãs se expandiram, chegando a Roma, centro do mundo naquela época. Aí vemos o sentido da missão cristã: levar a boa nova do Evangelho a todos os homens, para que todos possam tomar conhecimento de Jesus e pertencer ao povo de Deus.

As cartas ou epístolas são escritos dirigidos às primeiras comunidades cristãs. Elas não só nos dão uma idéia dos problemas dessas comunidades, mas nos ajudam também a ver e superar os problemas em nossas comunidades atuais.

O Apocalipse de são João é livro escrito em linguagem figurada, porque se dirige aos cristãos em tempo de perseguição. Apresenta Jesus Ressuscitado como Senhor da história, e mostra como os cristãos devem anunciá-lo e testemunhá-lo sem medo, enfrentando até mesmo a própria morte.



A PALESTINA NO TEMPO DE JESUS

É difícil tirar todo o proveito da leitura dos Evangelhos, se não conhecermos alguma coisa da terra, ambiente e mecanismos da sociedade em que Jesus viveu, há dois mil anos. Isso porque a encarnação do Filho de Deus aconteceu em tempo e lugar determinados, dentro de circunstâncias precisas e bem concretas. Assim, conhecer o contexto em que Jesus viveu não é apenas questão de cultura, mas também, e principalmente, dado necessário para conhecer e avaliar com mais objetividade o que significou a vida, palavra e ação de Jesus. Só assim poderemos perceber melhor o que sua vida, palavra e ação podem significar hoje, no contexto em que vivemos.



A. A TERRA DE JESUS

Jesus viveu na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil km2 , com 240 km de comprimento e máximo de 85 km de largura. Corresponderia aproximadamente à área do Estado de Sergipe. Do lado oeste, temos o mar Mediterrâneo. A leste, o rio Jordão.

A Palestina é dividida de alto a baixo por uma cadeia de montanhas que muito influi no seu clima. Com efeito, na parte oeste, o vento frio do mar, ao chocar-se com a parte montanhosa, provoca chuvas freqüentes, beneficiando toda a faixa costeira. O lado leste das montanhas, porém, não recebe o vento do mar e, conseqüentemente, apresenta clima quente e região mais árida. As terras cultiváveis estão na parte norte, na região da Galiléia e no vale do rio Jordão. A região da Judéia é montanhosa e se presta mais como pasto de rebanhos e cultivo de oliveira.

A cidade de Jerusalém conta com +/-- 50 mil habitantes, e está situada no extremo de um planalto, a 760 m acima do nível do mar Mediterrâneo e 1.145 m acima do nível do mar Morto. Por ocasião das grandes festas, chega a receber 180 mil peregrinos.



B. A SOCIEDADE DO TEMPO DE JESUS

Toda sociedade humana é formada por pessoas e grupos de pessoas unidas entre si por uma rede complexa de relações econômicas, políticas e ideológicas. Para situarmos a pessoa e a ação de Jesus, é necessário examinar as relações sociais que existiam na sociedade daquele tempo.


I. Economia

As atividades que formam a base da economia no tempo de Jesus são duas: a agricultura e a pecuária (junto com a pesca) de um lado, e o artesanato, de outro.

A agricultura é desenvolvida principalmente na Galiléia. Cultivam-se trigo, cevada, legumes, hortaliças, frutas (figo, uva), oliveiras. Das árvores de Jericó, na Judéia, extrai-se bálsamo para perfumes. A pecuária efetua-se principalmente na Judéia: criação de camelos, vacas, ovelhas e cabras. A pesca é intensa no mar Mediterrâneo, no lago de Genesaré e no rio Jordão.

Na agricultura, a maior parte da população é formada por pequenos proprietários. Ao lado desses, existem os grandes proprietários (anciãos) que geralmente vivem na cidade, deixando a direção de suas propriedades a cargo de administrador, e empregando a força de trabalho de diaristas e escravos. Muitas vezes, sucede que os pequenos proprietários em apuros financeiros tomam dinheiro emprestado dos grandes, e vêem seus bens hipotecados. Isso favorece cada vez mais o acúmulo de terras nas mãos de algumas famílias ricas. Por fim, existem os camponeses sem propriedades, que arrendam terras e trabalham como meeiros.

O artesanato desenvolve-se nas aldeias e nas cidades, principalmente em Jerusalém. Os ramos principais dessa atividade são: cerâmica (vasilhames e artigos de luxo), trabalho de couro (sapatos, peles curtidas), trabalho de madeira (carpintaria), fiação e tecelagem, aproveitando a lã de carneiros, abundantes na Judéia. O artesanato de luxo se concentra em Jerusalém, e serve para ser vendido como lembrança aos peregrinos.

Esse trabalho é feito por autônomos, estruturados em torno de produção familiar, em que o ofício passa de pai para filho. Há também pequenas unidades artesanais, que reúnem número significativo de operários. Junto com os trabalhadores do campo, esses artesãos formam a mais importante classe trabalhadora da Palestina.

Além desses artesãos, há também padeiros, barbeiros, açougueiros, carregadores de água e escravos que trabalham tanto em atividades produtivas como em outros ofícios.

A circulação de toda mercadoria produzida, tanto na agricultura como no artesanato, forma outra grande atividade econômica: o comércio. Este se desenvolve mais nas cidades e está na mão dos grandes proprietários de terras. Nos povoados, o comércio é reduzido e o sistema é mais de troca.

Toda a atividade comercial é controlada por um sistema de impostos. Essa política fiscal faz com que tanto o Estado judaico como o Estado romano se tornem monopolizadores da circulação das mercadorias, o que proporciona vultosas arrecadações. Esses impostos são cobrados pelos publicanos (cobradores de impostos). Há também taxas para transportar mercadorias de uma cidade para outra e de um país para outro. Esses impostos e taxas se tornam insuportáveis no tempo de Jesus.

Por essa visão geral da economia da Palestina já podemos perceber: Jesus é artesão (carpinteiro), vários discípulos são pescadores e um deles é cobrador de impostos.

O aparelho de Estado em Jerusalém exerce forte controle sobre a economia de todo o país. Além de pólo de atração da capital nacional, o Estado é o maior empregador (restauração do Templo, construção de palácios, monumentos, aquedutos, muralhas etc.). Nisso tudo, o Templo tem papel central:

- Coleta de impostos, através da qual boa parte da produção do país volta para o Estado.

- Comércio: para atender à necessidade dos peregrinos e, principalmente, para manter o sistema de sacrifícios e ofertas do próprio Templo.

- O Tesouro do Templo, administrado pelos sacerdotes, é o tesouro do Estado.

Além de toda essa centralização econômica, o Templo emprega mão-de-obra qualificada, principalmente artesãos.

Assim, o Templo se torna o grande centro de exploração e dominação do povo.

Mas a exploração e dominação não se restringem à economia interna, pois a Palestina é colônia do império romano. Este também cobra uma série de impostos: o tributo (imposto pessoal e sobre as terras), uma contribuição anual para o sustento dos soldados romanos que ocupam a Palestina, e um imposto sobre a compra e venda de todos os produtos.

II. Política

O poder efetivo sobre a Palestina está nas mãos dos romanos. Mas, em geral, estes respeitam a autonomia interna das suas colônias. A Judéia e a Samaria são dirigidas por um procurador romano, mas o sumo sacerdote tem poder de gerir as questões internas, através da lei judaica. Este, porém, é nomeado e destituído pelo procurador romano.

O centro do poder político interno da Judéia e Samaria é a cidade de Jerusalém e o Templo. Com efeito, é do Templo que o sumo sacerdote governa, assessorado por um Sinédrio de 71 membros, composto de sacerdotes, anciãos e escribas ou doutores da Lei. O Sinédrio é o Tribunal Supremo (criminal, político e religioso) e sua influência se estende sobre todos os judeus, mesmo os que vivem fora da Palestina.

Nas cidades também existe pequeno aparato político (conselhos locais), dominado de início pelos grandes proprietários de terras e, mais tarde, pelos escribas ou doutores da Lei. Da mesma forma, nos povoados encontramos um conselho de anciãos, que se reúne tanto para decidir sobre questões comunitárias, como para casos de litígio ou transgressão de lei, funcionando como tribunal. Além disso, no campo, as relações de autoridade permanente são as relações familiares.

 III. Grupos político-religiosos

Na sociedade do tempo de Jesus podemos distinguir vários grupos, que se diferenciam no modo de se relacionar com a política, economia e religião, e que têm grande importância no quadro social da época.

1. Saduceus

O grupo dos saduceus é formado pelos grandes proprietários de terras (anciãos) e pelos membros da elite sacerdotal. Têm o poder na mão, e controlam a administração da justiça no Tribunal Supremo (Sinédrio). Embora não se relacionem diretamente com o povo, são intransigentes em relação a ele, e vivem preocupados com a ordem pública. São os principais responsáveis pela morte de Jesus.

Os saduceus são os maiores colaboradores do império romano, e tendem para uma política de conciliação, com medo de perder seus cargos e privilégios. No que se refere à religião, são conservadores: aceitam apenas a lei escrita e rejeitam as novas concepções defendidas pelos doutores da Lei e fariseus (crença nos anjos, demônios, messianismo, ressurreição).



2. Doutores da Lei (escribas)

O grupo dos doutores da Lei vai adquirindo cada vez maior prestígio na sociedade do tempo. Seu grande poder reside no saber. Com efeito, são os intérpretes abalizados das Escrituras, e daí serem especialistas em direito, administração e educação. A influência deles é exercida principalmente em três lugares: Sinédrio, sinagoga e escola. No Sinédrio, eles se apresentam como juristas para aplicar a Lei em assuntos governamentais e em questões judiciárias. Na sinagoga, eles são os grandes intérpretes das Escrituras, criando a tradição através da releitura, explicação e aplicação da Lei para os novos tempos. Abrem escolas e fazem novos discípulos.

Embora não pertençam economicamente à classe mais abastada, os doutores da Lei gozam de posição estratégica sem igual. Monopolizando a interpretação das Escrituras, tornam-se guias espirituais do povo, determinando até mesmo as regras que dirigem o culto. Sua grande autoridade repousa sobre uma tradição esotérica: não ensinam tudo o que sabem, e escondem ao máximo a maneira como chegam a determinadas conclusões.

3. Fariseus

Fariseu quer dizer separado. Inicialmente aliados à elite sacerdotal e aos grandes proprietários de terras, os fariseus deles se afastam para dirigir o povo, embora mantenham distância do povo mais simples (que não conhece a Lei). São nacionalistas e hostis ao império romano, mas sua resistência é do tipo passivo. O grupo dos fariseus é formado por leigos provindos de todas as camadas da sociedade, principalmente artesãos e pequenos comerciantes. A maioria do clero pobre, que se opõe à elite sacerdotal, também começa a pertencer a esse grupo.

No terreno religioso, os fariseus se caracterizam pelo rigoroso cumprimento da Lei em todos os campos e situações da vida diária. São conservadores zelosos e também criadores de novas tradições, através da interpretação da Lei para o momento histórico em que vivem. A maior expressão do farisaísmo é a criação da sinagoga, opondo-se ao Templo, dominado pelos saduceus. Desse modo a sinagoga, com a leitura, interpretação dos textos bíblicos e oração, torna-se expressão religiosa oposta ao sistema cultual e sacrifical do Templo.

Os fariseus acreditam na predestinação, na ressurreição e no messianismo. Esperam um messias político-espiritual, cuja função será precipitar o fim dos tempos e a libertação de Israel. Esse messias será alguém da descendência de Davi. E, para os fariseus, a estrita observância da Lei, a oração e o jejum provocarão a vinda do Messias. Os fariseus e os doutores da Lei simpatizam-se, a ponto de muitos doutores da Lei serem também fariseus.

4. Zelotas

Os zelotas se constituíram a partir dos fariseus. Provêm especialmente da classe dos pequenos camponeses e das camadas mais pobres da sociedade, massacrados por um sistema fiscal impiedoso. São muito religiosos e nacionalistas. Desejam expulsar os dominadores pagãos (romanos), e também são contrários ao governo de Herodes na Galiléia. Querem restaurar um Estado onde Deus é o único rei, representado por um descendente de Davi (messianismo). Nesse sentido, os zelotas são reformistas, isto é, pretendem restabelecer uma situação passada.

Enquanto os fariseus se mantêm numa atitude de resistência passiva, os zelotas partem para a luta armada. Por isso, as autoridades os consideram criminosos e terroristas, e são perseguidos pelo poder romano.

Entre os apóstolos de Jesus, provavelmente dois eram zelotas: Simão (Mc 3,19) e Judas Iscariotes. Simão Pedro parece adotar certos métodos dos zelotas.

 5. Herodianos (partidários de Herodes)

Os herodianos são os funcionários da corte de Herodes. Embora não formem um grupo social, concretizam a dependência dos judeus aos romanos. Conservadores por excelência, têm o poder civil da Galiléia nas mãos. Fortes opositores dos zelotas, vivem preocupados em capturar agitadores políticos na Galiléia. São os responsáveis pela morte de João Batista.

6. Essênios

Os essênios se tornaram mais conhecidos a partir da descoberta de documentos em grutas perto do mar Morto, em 1947. O grupo é resultado de fusão entre sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém e de leigos exilados. Na época de Jesus, vivem em comunidades com estilo de vida bastante severo, caracterizado pelo sacerdócio e hierarquia, legalismo rigoroso, espiritualidade apocalíptica e a pretensão de ser o verdadeiro povo de Deus. Em muitos pontos assemelham-se aos fariseus, mas estão em ruptura radical com o judaísmo oficial. Tendo deixado Jerusalém, dirigem-se para regiões de grutas, para aí viverem ideal «monástico». Levam vida em comum, onde os bens são divididos entre todos, há obrigação de trabalhar com as próprias mãos, o comércio é proibido, assim como o derramamento de sangue, mesmo em forma de sacrifícios. A organização da comunidade lembra muito a das ordens religiosas cristãs: condições severas para a admissão, tempo de noviciado, governo hierárquico, disciplina severa, rituais de purificação, ceias sagradas comunitárias. Esperam um messias chamado Mestre da Justiça, que organizará a guerra santa para exterminar os ímpios e estabelecer o reino eterno dos justos.

7. Samaritanos

Apesar de não pertencerem ao judaísmo propriamente dito, os samaritanos são um grupo característico do ambiente palestinense. Mais ainda que os judeus, observam escrupulosamente as prescrições do Pentateuco. Mas eles não aceitam os outros escritos do Antigo Testamento, nem freqüentam o Templo de Jerusalém. Para eles, o único lugar legítimo de culto é o monte Garizim, que fica perto de Siquém, na Samaria. Esperam o messias chamado Taeb (= aquele que volta). Esse messias não é descendente de Davi, e sim novo Moisés, que vai revelar a verdade e colocar tudo em ordem no final dos tempos.

Os samaritanos são considerados pelos judeus como raça impura por serem descendentes de população misturada com estrangeiros.

IV. Religião


A religião dos judeus no tempo de Jesus está centrada em dois pólos fundamentais: o Templo e a sinagoga.

1. O Templo

O Templo é sem dúvida o centro de Israel. É nele que todos os judeus, também os da Dispersão, devem se reunir para prestar culto a Deus. No Templo habita o Deus único, santo, puro, separado, perfeito. Por natureza, os seres humanos e as coisas são profanos, impuros, banais, imperfeitos. A única forma de se purificar é aproximar-se de Deus. O homem se torna mais puro quanto mais perto estiver de Deus; quanto mais distante, mais impuro. Percebe-se, então, o poder dos sacerdotes na sociedade judaica: são eles que estão mais perto de Deus e, conseqüentemente, cabe a eles decidir sobre o que é puro e impuro e também o que fazer para se purificar. Essa autoridade dos sacerdotes sobre o povo acaba legitimando e reforçando o Templo, que se torna não só o centro religioso, mas também o centro econômico e político. É por isso que no tempo de Jesus o Templo possui imensas riquezas (o Tesouro) e toda a cúpula governamental age a partir daí (o Sinédrio). Desse modo, a casa de oração e ofertas a Deus se torna um imenso banco e lugar de poder político. Em outras palavras, a religião se torna instrumento de exploração e opressão do povo.

 2. A sinagoga

O Templo é o centro de toda a vida de Israel. É o lugar de culto e o povo o freqüenta principalmente por ocasião das grandes festas. Na vida comum, o centro religioso é constituído pela sinagoga, presente até mesmo nos menores povoados. Sinagoga é lugar onde o povo se reune para a oração, para ouvir a palavra de Deus e para a pregação.

Qualquer israelita adulto pode fazer a leitura do texto bíblico na sinagoga, e pode escolher o texto que quiser. Depois da leitura, também qualquer adulto pode fazer a pregação, explicando o texto e relacionando-o com outros textos. Em geral, exalta-se a Deus e procura-se dar uma formação para a fé do povo, convidando-o o viver segundo a Lei.

O sacerdote não tem função especial na sinagoga, porque esta não é lugar de culto litúrgico. Embora qualquer adulto possa presidir a uma reunião, nem todos o fazem, por serem analfabetos, ou por não se julgarem preparados para o comentário. As reuniões acabam sendo então sempre animadas pelos doutores da Lei e fariseus, que cada vez mais propagam suas idéias e aumentam sua influência sobre o povo, adquirindo prestígio cada vez maior.

Em geral, a sinagoga pertence à comunidade local. Nos povoados menores, ela serve também como escola para jovens e crianças. Nos centros maiores, constroem-se salas de aula ao lado da sala de reunião. Em Jerusalém, algumas sinagogas tinham até hospedaria e instalações sanitárias para os peregrinos.

*

Jesus nasceu, viveu e morreu dentro do contexto histórico do séc. I. Quando lemos o texto dos Evangelhos, devemos estar atentos para avaliar corretamente a sua atividade dentro da formação social, econômica, política e religiosa do seu tempo. Só assim a palavra e a ação de Jesus adquirem o relevo concreto para que nós as entendamos melhor e possamos transpor toda a significação que há na pessoa de Jesus para os nossos dias. Não se trata de reduzir toda a mensagem de Jesus ao nível sociopolítico. Mas nem de cair no oposto, reduzindo a mensagem de Jesus ao nível individual e intimista.


Trabalho de Pesquisa do Irmão
Carlos Gabriel Rachid Lacerda.

Fonte Bibliográfica
Bíblia Católica Editora Paulus.





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