Confie No Senhor, Élder Richard G. Scott

~ sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

“Existe absoluta garantia de que, no tempo do Senhor, a solução virá, a paz irá prevalecer e o vazio será preenchido.”


É muito difícil quando as orações sinceras sobre algo que desejamos ardentemente não são respondidas da maneira que gostaríamos. É ainda mais difícil quando o Senhor diz “não” a um pedido digno que poderia trazer-nos muita alegria e felicidade, seja para sobrepujar uma doença ou a solidão, recuperar um filho desobediente, lutar contra uma deficiência física ou desejar que a vida de um ente querido que está se esvanecendo seja prolongada. Receber uma resposta positiva nesses casos parece justo e congruente com nossa felicidade. É difícil entender por que, ao nos empenharmos profunda e sinceramente no exercício da fé e vivermos em obediência, não conseguimos os resultados desejados.
Ninguém deseja infortúnios. As provações, decepções, tristeza e pesar são provenientes de duas fontes diferentes. Aqueles que transgridem as leis de Deus sempre enfrentarão esses desafios. A outra razão para a adversidade é o cumprimento dos desígnos de Deus em nossa vida a fim de que nos purifiquemos com a provação. É de importância vital que cada um de nós identifique a fonte dessas provações e desafios, uma vez que a medida corretiva a ser tomada varia muito.
Caso estejamos sofrendo os desalentadores efeitos da transgressão, devemos reconhecer que o único caminho que traz alívio permanente para a tristeza é o arrependimento sincero, com o coração quebrantado e o espírito contrito. Reconheçamos nossa dependência total do Senhor e a necessidade de harmonizar nossa vida com os ensinamentos Dele. Não existe realmente nenhuma outra maneira de conseguir cura e paz duradouras. Adiar o humilde arrependimento atrasará ou impedirá a obtenção de ajuda. Reconheçamos nossos erros e procuremos auxílio imediatamente. Nosso bispo é um amigo com as chaves de autoridade para ajudar-nos a encontrar paz de espírito e conforto. O caminho ser-nos-á aberto para que tenhamos forças para arrepender-nos e sermos perdoados.
Agora gostaria de dar algumas sugestões aos que se deparam com a segunda fonte de adversidade, a provação que um sábio Pai Celestial decida ser necessária, mesmo quando se está vivendo em retidão e se é obediente a Seus mandamentos.
Exatamente quando tudo parece estar indo bem, desafios diferentes freqüentemente aparecem ao mesmo tempo e em doses múltiplas. Quando os problemas não são conseqüência de desobediência, eles evidenciam que o Senhor sente que estamos preparados para crêscer.(Ver Provérbios 3:4-12) Ele proporciona experiências que nos ajudam a crescer, compreender e ter compaixão, e que nos aperfeiçoam para nosso benefício eterno. Tirar-nos de onde estamos e levar-nos para onde Ele deseja que estejamos exige muito esforço causando, geralmente, dor e desconforto.
Ao depararmos com a adversidade, somos levados a fazer muitas perguntas. Algumas têm propósito outras não. Fazer perguntas como “Por que isto tinha de acontecer comigo?”, ou “Por que tenho que passar por isso agora?”, “O que foi que fiz para causar isso?”, não nos levará a lugar algum. Não ajuda nada fazer perguntas que reflitam oposição à vontade de Deus. Em vez disso, pergunte: “O que devo fazer?” “O que devo aprender com essa experiência?” “No que preciso mudar?” “A quem devo ajudar?” Como lembrar das muitas bênçãos em época de provação? É muito difícil abrir mão de nossos desejos pessoais arraigados em favor da vontade de Deus. No entanto, quando suplicamos com real convicção: “Mostra-me a Tua vontade”, e “Seja feita a Tua vontade”, estamos em posição favorável para receber a maior ajuda possível do nosso Pai amoroso.
Esta vida é uma experiência de profunda confiança-confiança em Jesus Cristo, em Seus ensinamentos, em nossa capacidade de, guiados pelo Santo Espírito, obedecer os ensinamentos para termos felicidade agora, e termos uma existência eterna de suprema felicidade. Confiar significa obedecer de boa vontade, mesmo sem conhecer os resultados. A fim de produzir frutos, a confiança no Senhor deve ser mais forte e duradoura que a contiança em nossos sentimentos pessoais e nossa experiência.
Exercer fé significa confiar que o Senhor sabe o que está fazendo conosco e que Ele o faz para nosso eterno bem, mesmo que não compreendamos como Ele conseguirá fazê-lo. Somos como bebês quanto ao entendimento de assuntos eternos e do impacto que nos causam aqui na mortalidade. No entanto, às vezes agimos como se soubéssemos tudo. Ao passarmos por provações pelos Seus propósitos, uma vez que confiamos Nele, e exercitamos fé, Ele nos ajudará. Tal ajuda virá, geralmente passo a passo, um pouco de cada vez. Em cada fase, a dor e a dificuldade causadas pelo crescimento continuarão. Se tudo fosse resolvido quando solicitado da primeira vez, não haveria crescimento. O Pai Celestial e Seu Filho Amado amam-nos com perfeição. Eles jamais exigiriam que passássemos por um momento dificil além do que absolutamente necessário para nosso benefício pessoal ou daqueles que amamos.
Em tudo, o Mestre é o exemplo perfeito. Quem poderia ter pedido com mais fé, maior obediência ou mais completo entendimento do que Ele quando implorou ao Pai no Getsêmani: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”. (Mateus 26:39) Duas vezes mais Ele suplicou: “Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.” (Mateus 26:42; Ver também vers. 44.)
Quão grato sou por ter o Salvador nos ensinado que devemos concluir as orações mais profundas e sinceras pelo que há de mais importante para nós, dizendo: “Faça-se a tua vontade.” Seu desejo de submeter-se à vontade do Pai não irá alterar aquilo que Ele, sabiamente, decidiu fazer. Mas certamente mudará os efeitos dessas decisões sobre nós próprios. O exercício correto do livre-arbítrio permite que as decisões do Pai produzam bênçãos ainda maiores em nossa vida. Descobri que, devido ao desejo do Pai que cresçamos, Ele nos dará inspiração quase imperceptível, e se estivermos dispostos a aceitar sem reclamações, Ele a aumentará até que se torne uma clara indicação de Sua vontade. Compreenderemos isso devido a nossa fé e desejo de fazer o que Ele pede, mesmo que seja contrário a nossa vontade.
Nosso Pai Celestial convida-nos a falar de nossas necessidades, esperanças e desejos a Ele. Isso não deve ser feito em espírito de negociação, mas sim como desejo de obedecer a Sua vontade acima de tudo. O convite “pedi e recebereis” (3 Néfi 27:29) não garante que receberemos o que desejamos, mas sim de que se, formos dignos, receberemos o que precisamos, na opinião de um Pai que nos ama com perfeição e deseja nossa felicidade eterna mais do que nós mesmos.
Testifico que quando o Senhor nos fecha uma porta, Ele demonstra Seu amor e compaixão contínuos ao abrir muitas outras portas em troca, quando demonstramos fé Ele colocará raios de sol espirituais para iluminar-nos o caminho, geralmente logo depois do ápice da provação, como evidência da compaixão e amor do Pai onisciente. Eles indicam o caminho que leva a maior felicidade, mais compreensão e fortalecem nossa determinação de aceitarmos e sermos obedientes à vontade Dele.
É uma bênção maravilhosa ter fé no Salvador e ter um testemunho de Seus ensinamentos. São poucos os que neste mundo possuem essa luz radiante como guia. A plenitude do evangelho restaurado dá-nos visão, propósito e entendimento. Permite-nos enfrentar o que de outro modo pareceria ser um desafio injusto e incoerente. Aprenda essas proveitosas verdades ponderando sobre o Livro de Mórmon e outras escrituras. Procure entender esses ensinamentos não somente com a inteligência mas também com o coração. A verdadeira felicidade duradoura, acompanhada de força, coragem e capacidade de sobrepujar as maiores dificuldades, vem como resultado de uma vida centralizada em Jesus Cristo. A obediência a Seus ensinamentos proporciona uma base sólida sobre a qual edificar. Isto requer grande empenho. Não existe garantia de resultados imediatos, mas existe absoluta garantia de que, no tempo do Senhor, a solução virá, a paz irá prevalecer e o vazio será preenchido.
Recentemente, um grande líder, que estava sofrendo devido aos problemas causados pela idade avançada, disse: “Sou grato por ter o que tenho.” Há sabedoria em abrir as janelas da felicidade, reconhecendo as muitas bênçãos que recebemos.
Não nos deixemos abater pelas adversidades. Tentemos entender o que for possível. Faça o que estiver a seu alcance e deixe a questão nas mãos do Senhor por um tempo enquanto serve outros de maneira digna, antes de voltarmos a nos preocupar com o assunto.
Devemos compreender que, ao lutarmos com um problema e ficarmos tristes, podemos ter paz e júbilo ao mesmo tempo. Sim, a dor, a decepção, a frustração e o sofrimento podem ser cenas temporárias no palco da vida. Por trás delas, pode haver um fundo de paz e segurança de que o Pai amoroso irá cumprir Suas promessas. Somos dignos de tais promessas se estivermos determinados a aceitar a vontade Dele, compreender o plano de felicidade, receber todas as ordenanças e guardar os convênios que asseguram o cumprimento das mesmas.
O plano do Senhor é o de exaltar-nos para que vivamos com Ele e sejamos ricamente abençoados. A rapidez com que isso acontece é geralmente determinada por nossa capacidade de amadurecer, crescer, amar e dedicar-nos ao próximo. Ele está preparando-nos para sermos deuses. Não compreendemos perfeitamente o que isto significa mas Ele sabe. Ao confiar, buscar e seguir a vontade Dele, receberemos bênçãos que nossa mente limitada não compreende aqui na Terra. Nosso Pai Celestial e Seu Santo Filho sabem melhor do que nós mesmos o que nos traz felicidade. Eles nos deram o plano de felicidade. Quando o seguirmos, a felicidade será nosso galardão. Ao obedecermos voluntariamente, recebermos e honrarmos as ordenanças e convênios desse plano sagrado, receberemos a máxima satisfação nesta vida; sim, momentos de imensa felicidade. Preparar-nos-emos para uma eternidade de vida gloriosa com nossos entes queridos que também se qualifiquem para esse reino.
Sei que os princípios dos quais falamos são verdadeiros, pois foram comprovados por penosas experiências pessoais. Reconhecer a mão do Senhor em nossa vida e aceitar a vontade Dele sem reclamar é o início. Esta decisão não elimina de imediato as batalhas que enfrentamos ao crescer. Mas testifico que é a melhor maneira de encontrar força e compreensão. Ela nos libertará dos becos sem saída de nosso próprio raciocínio, e permitirá que nossa vida tenha significado e seja produtiva, em circunstâncias nas quais ficaríamos sem saber como prosseguir. (Ver D&C 24:8.)
Testifico-lhes que temos um Pai Celestial que nos ama. Testifico-lhes que o Salvador deu Sua vida para nossa felicidade. Eu O conheço. Ele compreende cada uma de nossas necessidades. Sei com toda certeza que se aceitarmos Sua vontade sem reclamar, Eles irão abençoar-nos e apoiar-nos. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

(A Liahona, janeiro de 1996, pp. 17-19)

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